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Banco Central europeu “indica” que é hora de comprar Bitcoin

O Banco Central europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira, 12 de setembro, que retomará em novembro o programa de quantitative easing (QE), nome dado ao programa de impressão de dinheiro e compra de títulos.

Em seu relatório, o BCE estabeleceu que fará compras mensais de €20 bilhões em títulos. O programa acontecerá “pelo tempo que for necessário”, pelo menos até que se veja um aumento em suas principais taxas de juros. O programa QE foi interrompido em dezembro de 2018, após a compra de €2,6 trilhões em títulos durante sua duração.

Além disso, as taxas de juros da Zona do Euro, que já estavam negativas, caíram ainda mais. O BCE cortou a taxa de depósito (principal taxa de juros do bloco) de -0,4% para -0,5%, primeiro corte desde março de 2016. Nenhuma alteração foi feita na principal taxa de refinanciamento, atualmente em 0%.

Repercussão

Naturalmente, o novo corte gerou repercussões por todo o mundo. A começar pela queda do euro, que recuou 0,8% logo após o corte. Afinal, uma taxa de juros ainda mais negativa indica um euro ainda mais fraco.

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Quem não gostou nem um pouco da medida foi o presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Após o anúncio do BCE, ele postou o seguinte tuíte:

“[O BCE] está tentando, e conseguiu, depreciar o euro contra o dólar MUITO forte, prejudicando as exportações dos EUA.”

Ao mesmo tempo em que trava uma guerra comercial contra a China, Trump também resolveu combater o que chama de “competição desleal” da União Europeia. Por conta disso, o presidente tem pressionado ainda mais o banco central norte-americano (Fed) para cortar a taxa de juros do país, atualmente em 2% a.a.

Ainda na quarta-feira, 11 de setembro, Trump disparou mais um tuíte, desta vez contra o presidente do Fed Jerome Powell, insistindo na redução de juros.

“Os EUA devem sempre pagar a taxa mais baixa. Sem inflação! É apenas a ingenuidade de Jay Powell e do Federal Reserve que não nos permite fazer o que outros países já estão fazendo. Uma oportunidade única na vida que estamos perdendo por causa de “cabeças de vento”, afirmou Donald Trump.

O risco de novos cortes de juros é tamanho que o executivo-chefe do JP Morgan James Dimon afirmou em conferência na última terça-feira, 10 de setembro, que o banco começou a discutir de que formas poderia compensar a queda do juro dos EUA. A possibilidade seria a inclusão de taxas e encargos aos clientes.

Juros negativos e mercados no topo

Com novos cortes de juros, a perspectiva para os investidores que buscam rendimentos ao investir nas maiores economias do mundo se torna cada vez menor. Atualmente, US$15 trilhões em bônus – aproximadamente 25% dos títulos emitidos por governos e empresas do mundo inteiro – estão sendo negociados com rendimentos negativos.

Os cortes de juros do BCE e a taxa negativa geraram  países como a Dinamarca, a curva de juros de todos os títulos está negativa. Já na Áustria, o governo chegou ao ápice de lançar um título de dívida com vencimento de 100 anos. E o produto obteve uma demanda tal que chegou a se valorizar 70%.

Embora pareça um atentado a lógica, os juros negativos são fruto de dois fatores: a alta demanda pelos títulos desses países (cujas economias são consideradas altamente seguras pelo mercado ou até “livre de risco”), e os programas de emissão de dinheiro, que aumentam a liquidez na economia e, com isso, permitem que investidores tenham maior acesso a esses produtos.

Esse fator também explica o fato da maioria das bolsas de valores mundiais estarem em suas máximas históricas – inclusive a bolsa brasileira. Como os governos imprimem cada vez mais dinheiro e os juros dos títulos de dívida está cada vez menor, os investidores tendem a buscar ativos com potencial de maior retorno, ainda que tenham que se expor a mais risco. Entre esses ativos, está o Bitcoin.

A mensagem indireta do BCE e do Fed

Com bolsas nas máximas e risco de renda variável cada vez maior – por temores de recessão global e aprofundamento da guerra comercial – o ouro e o Bitcoin emergem como alternativas cada vez mais atraentes ao portfólio do investidor. Isso explica a forte valorização apresentada por ambos em 2019, principalmente pelo criptoativo.

Com mais programas de impressão de moeda, os bancos centrais acabam passando uma mensagem indireta ao mercado: será cada vez mais difícil encontrar retornos reais no mercado financeiro tradicional. Resta ao investidor arriscar parte de seu portfólio em um ativo que possui todas as características anticíclicas: não é controlado pelo governo, possui uma oferta definida, uma política monetária conhecida por todos e que não está sujeita ao humor da classe política, e não possui qualquer risco de fronteiras.

Com o Bitcoin, qualquer pessoa pode mover bilhões de dólares em questão de minutos, pagando taxas irrisórias e economizando tempo com burocracias. As qualidades de proteção o criptoativo já possui, falta apenas o grande teste: uma crise financeira de grande porte. Em nível local, o Bitcoin já mostrou seu valor na Argentina, na Venezuela, no Irã e em outros países em crise. E no que depender dos bancos centrais, veremos o teste a nível global em breve. Portanto, escute o aviso indireto do BCE e do Fed: tenha Bitcoin.

Leia também: Banco Central da Europa alerta que stablecoins podem sofrer com incertezas regulatórias

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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