A Weiss Ratings, principal agência de classificação de ativos independente de instituições financeiras norte-americana, lançou nesta segunda-feira, 12 de fevereiro, mais um relatório referente às criptomoedas. Dessa vez, o alerta foi para a Tether (USDT).
Em um relatório intitulado The Danger of Tether (O Perigo da Tether), a agência alerta para os riscos envolvendo a terceira maior criptomoeda em volume de transações, que surgiu para ser uma espécie de dólar digital. Dentre os principais riscos estão a falta de uma auditoria clara e a possibilidade de não existirem dólares suficientes para cobrir todos os Tethers já emitidos.
Criptotoken fiduciário
A USDT surgiu com o intuito de fornecer uma maior estabilidade e segurança ao mercado de criptomoedas. O objetivo era estabelecer a paridade de 1:1 com o dólar, ou seja, para cada USDT emitido, deveria existir um dólar como lastro.
O grande problema, segundo o relatório, é o fato de que nunca houve uma auditoria clara do sistema que mostrasse que a Tether Limited, empresa que emite os tokens USDT, tem os dólares equivalentes aos tokens emitidos – hoje existem cerca de 2,2 bilhões de USDT no mercado. Embora a Tether tenha contratado uma empresa para auditar suas contas, ela foi demitida pouco tempo depois – o que contribuiu para o aumento dos rumores sobre a insegurança do sistema.
O relatório da Weiss aponta que existe um grande risco com essa prática, conforme mostra o trecho abaixo:
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“O grande problema: nunca houve uma auditoria, e as pessoas que estão por trás da Tether têm sido bastante evasivas quando questionadas. Eles reivindicaram continuamente que seus tokens são apoiados 100% em dólares, mas eles não apresentaram qualquer evidência para apoiar essa reivindicação.”
A principal preocupação é de que a Tether Limited esteja criando um sistema de reservas fracionadas. Ou seja, a empresa teria apenas uma fração dos dólares que lastreiam os tokens USDT. Portanto, se todos os detentores dos tokens decidissem trocá-los por dólares, a empresa poderia ter dificuldades para ressarcir os investidores, podendo até mesmo ir à falência.
Outras recomendações
Junto com o alerta sobre o risco de solvência, a agência de classificação de risco também elencou outros cinco fatores de risco em seu relatório.
Fato 1: A Tether é a única “criptomoeda” com volume de negócios que frequentemente excede o seu limite de mercado;
Fato 2: Isso significa que todo o fornecimento de Tether muda de mãos regularmente, às vezes mais do que uma vez por dia. Em economia, chamamos isso de “velocidade de dinheiro”;
Fato 3: Isso é importante saber porque nos diz que o Tether é usado em altos volumes. É uma das principais fontes de liquidez nos mercados;
Fato 4: A liquidez é a força vital de um mercado. É o que torna os preços mais estáveis e transparentes;
Fato 5: As conseqüências de um eventual problema com a USDT podem ser de grande alcance. O que acontece se a Tether se revelar uma fraude? Ou o que acontece se um grande governo determinar que criptomoedas como Tether estão sendo usadas pelas exchanges para evitar regulamentações? E se essa grande fonte de liquidez evaporar de repente?
O relatório afirma que o caso Tether é mais do que um simples FUD (medo, incerteza e dúvida, na sigla em inglês) e que existem razões concretas para se preocupar.
Orientações de proteção
Devido ao alto risco envolvido, a Weiss deixou aos leitores algumas dicas sobre como se proteger:
1) fique com as criptomoedas que classificamos entre as melhores. A Weiss lançou o seu ranking de classificação de criptomoedas, que pode ser visto aqui. A melhor criptomoeda também pode cair de preço, é claro, mas sua tecnologia e fundamentos fortes lhe dão proteção sólida contra graves danos a longo prazo;
2) NÃO mantenha criptomoedas em exchanges, especialmente aqueles que usam Tether;
3) não importa quais moedas compre e quais exchanges usa, não use pares baseados em USDT;
4) tenha sempre em mente que esses tipos de deslocamentos ocorreram antes e ocorrerão novamente.
Conclusão
A Tether tem apresentado diversos problemas que colocam em xeque a sua segurança. Diversos especialistas têm lançado alertas a respeito de sua segurança e estabilidade. Fernando Ulrich, importante porta-voz sobre Bitcoin do Brasil, por exemplo, dedicou dois vídeos sobre o tema (aqui e aqui).
O impacto disso no preço do Bitcoin ainda é incerto, mas certamente haverá. Para quem utiliza exchanges, o melhor é ficar de olho e evitar deixar altas quantias paradas nessas empresas por muito tempo.