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Como o corte da taxa Selic pode influenciar na busca por Bitcoin e criptoativos

Brasil e Estados Unidos foram os principais protagonistas no noticiário econômico desta quarta-feira, 18 de setembro. Mais especificamente, as ações dos bancos centrais de seus países, o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Federal Reserve (Fed), respectivamente.

Na América do Norte, o Fed anunciou o segundo corte de juros de 2019. A taxa de juros foi reduzida em 0,25% e agora está em 1,75%/2% (nos EUA, a taxa de juros varia em uma banda, diferentemente do Brasil, onde a Selic é fixa).

Por falar em Selic, no Brasil, o corte foi mais intenso. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu cortar em 0,50% a taxa Selic. Agora, a taxa está em 5,5%, a menor da história do país.

Impactos dos cortes

Ambas reduções eram esperadas pelo mercado financeiro. De acordo com o Copom, em nota divulgada pelo portal G1, indicadores econômicos “sugerem retomada do processo de recuperação da economia brasileira” e que o “cenário do Copom supõe que essa retomada ocorrerá em ritmo gradual”. Isso justificou a redução da taxa.

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Nos Estados Unidos, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) foi mais explícito e justificou o corte como um estímulo à atividade econômica. “Embora os gastos das famílias tenham aumentado em um ritmo recorde, os investimentos nas empresas e as exportações enfraqueceram”. As autoridades também prometeram “agir conforme apropriado para sustentar a expansão” da atividade econômica, conforme matéria da Infomoney.

Portanto, parte dos objetivos do Bacen e do Fed com os cortes de juros é estimular a atividade econômica, principalmente com os sinais cada vez mais claros de que uma recessão pode ocorrer nos próximos anos. E o aumento dessa expansão pode beneficiar os ativos de risco – incluindo os criptoativos.

O impacto de juros baixos

As taxas de juros são um dos principais indicadores de uma economia. Como afirmou o economista e especialista em criptomoedas Fernando Ulrich em seu Twitter, os juros são um indicador do nível de poupança de uma economia.

Deixando de lado a questão da manipulação de juros pelos bancos centrais (tema que merece um artigo específico), com juros mais baixos os investidores passam a buscar cada vez mais ativos que possam trazer maior rentabilidade. E isso pode ser visto nos gráficos que mostram o interesse dos brasileiros por alguns dos principais produtos de renda variável do mercado.

Na bolsa de valores, o número de investidores teve um grande aumento entre o ano de 2018 e janeiro de 2019, como podemos ver no gráfico abaixo.

Já nos fundos imobiliários, o interesse também cresceu. Entre setembro de 2018 e janeiro deste ano, a curva das pesquisas do termo no Google Trends ganhou uma projeção exponencial. E esse efeito foi visto até mesmo no Bitcoin. Em 2019, o termo alcançou um pico máximo no Google Trends durante o mês, apesar das quedas nos decorrer do ano.

Todos esses investimentos foram impactados pelo principal efeito da queda de juros: a busca por rendimento. Quando as aplicações de renda fixa, como fundos e títulos do governo, passam a pagar um rendimento menor, os investidores tendem a abrir mão de segurança em busca de maiores retornos.

Nesse cenário, ganham destaque as ações, fundos imobiliários, fundos de venture capital – que investem em startups e outras empresas nos estágios iniciais, onde o potencial de retorno é maior – e outros ativos que possuem um grau de risco maior, mas podem trazer retornos mais atrativos para o investidor.

O maior beneficiário

Dentre estes ativos de risco, poucos são capazes de fornecer um retorno potencial maior do que os criptoativos – especialmente o Bitcoin.

Ao passo de que os principais índice de bolsas do mundo estão em suas máximas histórias (fruto de anos de políticas de juros baixos ou até negativos), o Bitcoin possui um valor de mercado de pouco mais de US$100 bilhões. Esse valor, irrisório perante o valor de mercado das maiores empresas do mundo, traz uma grande margem de ganhos potenciais para os investidores.

Além disso, o Bitcoin é um ativo livre de qualquer controle estatal, fácil de ser transportado, útil para mover grandes quantidades de dinheiro, cuja demanda dos investidores institucionais aumenta a cada dia. Com juros menores e mais dinheiro disponível no mercado, parte desse capital pode ser direcionado para investimentos no criptoativo, o que poder dar um impulso ainda maior no seu preço, inclusive trazendo de volta os patamares históricos vistos no final de 2017.

Enquanto os bancos centrais do mundo reduzem juros e tentam manter a força de mercados já inflados como bolsa e startups que não dão lucro, o Bitcoin surge como a maior e mais forte alternativa de ganhos no futuro. Que os bancos manipulem seus juros. Afinal, estarão beneficiando um de seus principais inimigos.

Leia também: Presidente do Bacen defende blockchain em reunião que definiu taxa de juros do país

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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