Economia

Nigéria convidou e depois deteve executivos da Binance

O representante de conformidade com crimes financeiros da Binance, Tigran Gambaryan, enfrenta uma situação delicada na Nigéria. Ele foi detido por autoridades nigerianas junto com seu colega, Nadeem Anjarwalla, após receber um convite para resolver acusações do governo local, informou o Wall Street Journal nesta terça-feira (12).

Gambaryan, ex-agente especial da Receita Federal dos Estados Unidos, viajou para a capital nigeriana em 25 de fevereiro para tratar das acusações do governo local, que responsabiliza a maior exchange de criptomoedas do mundo pela recente queda da moeda.

O governo nigeriano convidou os executivos para discutir a atual disputa com a Binance e, em seguida, os deteve. Atualmente, eles permanecem sob custódia em uma residência monitorada. Até o momento, a Nigéria ainda não apresentou acusações formais contra eles. Além disso, o governo não divulgou detalhes sobre as detenções.

As prisões ocorrem enquanto a Nigéria enfrenta uma crise monetária agravada pelo aumento da inflação, atingindo quase 30% em janeiro, e pela desvalorização significativa de sua moeda, classificada como uma das piores do mundo este ano. Em meio a esses desafios econômicos, a população nigeriana recorreu às criptomoedas para proteger suas economias.

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Caso da Binance na Nigéria

O país ocupa a segunda posição mundial em adoção de criptomoedas, logo atrás da Índia, conforme indicado por um índice da Chainalysis. Transações com criptomoedas no valor de aproximadamente US$ 60 bilhões foram realizadas pelos nigerianos em um intervalo de um ano, de acordo com a Chainalysis.

Com o governo impondo restrições à troca da moeda local pelo dólar e à taxa de câmbio oficial, muitos indivíduos buscaram refúgio em stablecoins vinculadas ao dólar americano. E a Binance emergiu como a plataforma mais popular para essas transações, servindo como referência para a taxa de câmbio neste mercado não oficial.

Bayo Onanuga, conselheiro especial do presidente nigeriano, acusa a Binance de influenciar a taxa de câmbio na Nigéria e usurpar o papel do banco central. Em uma declaração, ele afirmou que as criptomoedas deveriam ser proibida no país. Caso contrário, o impacto negativo na moeda persistirá.

Problemas com a moeda nigeriana

Segundo Onanuga, o atual governo buscou simplificar um sistema complexo de múltiplas taxas de câmbio oficiais, visando conceder maior influência às forças de mercado sobre o valor da moeda. No entanto, a disparidade persistente entre a avaliação governamental da moeda e a taxa apresentada no site da Binance revelou-se intolerável.

O chefe do banco central da Nigéria, Olayemi Cardoso, apontou que plataformas de criptomoedas, incluindo a Binance, estavam sujeitas a restrições. A Comissão de Comunicações da Nigéria ordenou às empresas de telecomunicações que limitassem o acesso a esses sites.

Cardoso sugeriu que essas plataformas estavam resultando em uma manipulação do mercado. Ele destacou que, no caso da Binance, um montante significativo de US$ 26 bilhões foi transacionado em sua plataforma na Nigéria no ano passado, originando-se de fontes e usuários não devidamente identificados pelo banco central.

A Binance afirmou estar cooperando com as autoridades, e discussões sobre uma possível compensação para a Nigéria estão em andamento.

“Embora seja inapropriado comentarmos sobre o conteúdo das reivindicações neste momento, podemos dizer que estamos trabalhando em colaboração com as autoridades nigerianas para trazer Nadeem e Tigran de volta para casa em segurança para suas famílias”, disse um porta-voz da Binance à CoinDesk.

Conforme noticiou o CriptoFácil, surgiram relatos de que o país africano exigiu US$ 10 bilhões da Binance em penalidades por se envolver em atividades ilícitas no mercado de criptomoedas no país.

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Lorena Amaro

Lorena é jornalista e escreve sobre Bitcoin, criptomoedas, blockchain e Web3 há mais de quatro anos, atualmente atuando como editora-chefe do CriptoFácil. É formada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduanda em Produção em Jornalismo Digital na PUC-Minas. Lorena é apaixonada por tecnologia, inovação e pela liberdade financeira que as criptomoedas promovem.

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