Economia

FTX: SBF tinha planos de comprar R$ 500 milhões em tokens do Telegram

Desde o colapso da FTX, advogados e promotores descobriram uma série de aquisições feitas pela empresa com dinheiro dos clientes. No entanto, uma recente descoberta mostra que a exchange pretendia comprar até tokens do aplicativo Telegram, os tokens TON.

Na segunda-feira (16), o ex-engenheiro da FTX Nishad Singh, testemunhou durante o julgamento de Sam Bankman-Fried, o SBF. De acordo com o engenheiro, o ex-CEO da FTX havia planejado um acordo potencial com o Telegram. Este acordo incluía a compra, por parte da FTX, de US$ 100 milhões em tokens TON, ou cerca de R$ 500 milhões em valores atuais.

Acordo FTX/Telegram

Assim como fez Caroline Ellison, ex-CEO da Alameda Research, Singh admitiu que a exchange e ele próprio realizaram fraudes envolvendo os fundos dos clientes. O engenheiro confirmou o uso de fundos dos clientes para realizar operações escusas, citando SBF, Gary Wang, Ellison e Ryan Salame como co-conspiradores.

Tal como descrito por Singh, parte do esquema desenrolou-se em setembro de 2022, um mês antes da falência da FTX. Na ocasião, SBF estava no Médio Oriente em busca de angariar fundos. O então CEO propôs um acordo com o Telegram para obter uma grande quantidade de tokens TON.

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O negócio custaria à FTX US$ 120 milhões. SBF apresentou a proposta em um grupo Signal chamado “reuniões de hashtag”, composto por vários membros de liderança do Telegram.

Mais tarde, o CEO se reuniu com o grupo gestor da FTX e explicou planos ainda mais grandiosos. De acordo com SBF, o objetivo era que a FTX desenvolvesse um serviço de processamento de pagamentos para o Telegram. Como pagamento, a FTX receberia US$ 100 milhões em tokens TON.

SBF pressionou – de novo

Singh e outros membros da equipe expressaram preocupações sobre os riscos de aquisição de tokens TON, que possuíam baixa liquidez. No entanto, SBF decidiu levar o plano adiante, e da mesma forma que Ellison disse no seu depoimento, deu a palavra final.

“Vamos em frente com isso, Ramnik e eu vamos. Vocês não deveriam se sentir responsáveis por isso. Não foi por isso que compartilhei. A menos que você tenha alguma nova objeção séria, seguiremos em frente”, disse SBF.

Mais tarde, em outubro de 2022, durante o evento Singapura 2049, a TON Foundation anunciou uma colaboração com o Telegram para criar a carteira TON Space. A ideia do acordo era consolidar a posição do Telegram no setor de criptomoedas e promover a adoção de ativos digitais. Neste encontro, a FTX não foi mencionada.

Uma série de decisões financeiras questionáveis

Além do acordo proposto relacionado ao Telegram, a FTX tomou algumas outras decisões financeiras questionáveis. Singh falou sobre o investimento de US$ 1 bilhão na Genesis Digital Assets, uma empresa de mineração com sede no Cazaquistão.

Mais tarde, a FTX investiu US$ 500 milhões na Anthropic, uma empresa com foco na segurança da IA. Os dois investimentos estão sob escrutínio do tribunal que julga o ex-executivo.

A FTX investiu outros US$ 200 milhões no K5 e até participou de jantares com grandes nomes como Jeff Bezos, Hillary Clinton e o marido de Kamala Harris, atual vice-presidente dos Estados Unidos. Singh mencionou que SBF ficou impressionado com a ligação entre esses grandes nomes e outras celebridades.

Como tal, ele pensou que fazer parceria com grandes nomes beneficiaria a FTX. O ex-engenheiro também mencionou a aquisição de imóveis, incluindo a Penthouse, juntamente com outras doações políticas, como parte dessa ligação de SBF com o poder.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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