Especial Dia da Mulher: UseCripto

Chegamos a mais um dia 08 de março, data muito especial para as mulheres do mundo inteiro. A instituição do Dia Internacional da Mulher ocorreu em homenagem a um grupo de mulheres que morreram durante um protesto em uma indústria têxtil da cidade de Nova York (EUA).

O protesto contra as extensivas jornadas de trabalho exigidas pelos donos da fábrica – que poderiam chegar a até 16 horas diárias – se transformou em uma data mundial na luta pelos direitos iguais entre homens e mulheres e contra a discriminação de gênero.

E como é tradição no CriptoFácil, hoje trazemos mais uma entrevista especial com mulheres que marcaram presença na comunidade de criptomoedas e blockchain do Brasil. Em 2020, temos a presença de Carol Souza e Kaká Furlan, criadoras do canal UseCripto. A dupla ganhou muita repercussão com a série de vídeos LiveOnCrypto, na qual elas passam por várias cidades e pagam todas as despesas com criptomoedas.

No texto de hoje, Carol e Kaká conversaram conosco a respeito da série, dos planos futuros para o canal e também sobre situações vividas na comunidade e a importância do Dia da Mulher para a luta feminina dentro da comunidade cripto. Confiram.

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CriptoFácil: olá, meninas! Na primeira entrevista que fizemos com vocês, falamos sobre o projeto LiveOnCrypto. Como está o projeto atualmente e quais os planos do canal para 2020?

UseCripto: estamos com a cabeça fervendo e com mil ideias! O projeto LiveOnCrypto ainda está em fase beta. Como não somos da área do audiovisual, em cada episódio tem muito aprendizado. A gente sabe que temos muito a melhorar nas questões técnicas, mas preferimos não esperar a perfeição e já botar a mão na massa tentando trazer o assunto cripto de maneira divertida e prazerosa de assistir. Acreditamos no potencial que esse projeto tem de estimular a usabilidade e unir a comunidade global através de um assunto que todo mundo adora: viagens e cripto!

Para este ano já estamos na fase de pré-produção de três episódios: Porto Alegre, São Paulo e Buenos Aires, mas não descartamos a possibilidade de gravar em outras cidades da América Latina. No segundo semestre vamos em busca de patrocinadores que topem encarar com a gente essa empreitada e nos ajudem a viabilizar estes e outros episódios futuros.

No UseCripto nossa meta é alcançar mais pessoas e ensinar sobre educação financeira cripto com informação correta, linguagem simples e de forma segura. Para isso estamos cheias de planos, trabalhando dia e noite e em breve vamos anunciar novidades!

CF: quais foram as maiores conquistas e os maiores desafios que vocês tiveram desde o início da sua jornada?

UC: o maior desafio sem dúvida alguma é fazer os hodlers usarem uma pequena parcela de suas criptomoedas para acelerar a criptoeconomia. E não vale o “uso” no trade: estamos falando de ir em um estabelecimento e consumir pagando em cripto. Essa é uma das nossas bandeiras e é muito intrigante como muitos da comunidade torcem o nariz para esse assunto. Às vezes sentimos como se fosse um tabu falar de usabilidade no dia a dia. Nós já fizemos trade, somos hodlers e nada disso nos impediu de sermos “users”, mas hoje muitos entusiastas gostam de categorizar e se encaixar em um lado ou outro. 

A nossa visão é que a usabilidade vai ser benéfica para todos os indivíduos da sociedade em termos de inclusão, educação e liberdade. No nosso dia a dia, quando pagamos com criptomoedas, as consequências dessa atitude são animadoras pois o empreendedor fica estimulado, desperta a curiosidade de quem está ao redor e acaba trazendo mais pessoas para o mercado. Todos ganham.

Agora sobre as conquistas, nossa…! A gente vibra com cada pequena conquista do UseCripto todos os dias! Temos consciência de que estamos fazendo um trabalho de formiguinha que tende a se expandir aos poucos. Sempre surgem feedbacks legais, tanto de mulheres que se sentiram encorajadas a entrar no mundo cripto, pessoas que passaram a pagar em cripto estimuladas pelos nossos conteúdos ou alguém que comprou bitcoin pela primeira vez porque perdeu o medo depois de nos assistir. É um trabalho extremamente gratificante e queremos ajudar mais pessoas a enxergarem as criptomoedas como um caminho de liberdade e independência.

CF: o mercado de criptomoedas e blockchain ainda é predominantemente masculino. Como vocês sentiram a acolhida pelo público no início do canal?

UC: o mercado nos recebeu muito bem, mas não exatamente por uma questão de gênero e sim pelo propósito do nosso projeto, pela nova abordagem de temas e conteúdos. Porém, dentro da comunidade, em determinados grupos de WhatsApp e Facebook, percebemos que existe sim um comportamento machista e preconceituoso por parte de alguns membros, o que torna o diálogo agressivo e bastante opressor para as pessoas, tanto homens quanto mulheres.

CF: o que vocês enxergam que o mercado de criptomoedas e Blockchain teria a ganhar com mais participação feminina?

UC: o mercado cripto só tem a ganhar com a chegada e inclusão de mais mulheres. Para um crescimento saudável de todo ecossistema é preciso a existência de diferentes pontos de vista. Para isso, experiências, criatividade, empatia, inovação, reputação e nisso a diversidade de pessoas são fundamentais.

Mas tem uma coisa que precisamos prestar muita atenção. A sociedade precisa parar de estigmatizar as profissões e atualizar a cultura familiar, onde muitas vezes as atividades relacionadas a jogos e tecnologia são voltadas para os meninos. Se o futuro do trabalho está ligado a tecnologia e as empresas que terão os melhores salários exigirão esse tipo de conhecimento, como vamos ter igualdade se não estimulamos as mulheres a terem essas habilidades? Lembrando que não só mulheres são necessárias no ecossistema cripto, mas também todos que tiverem interesse, curiosidade e paixão pelo assunto.

CF: e quais são os principais desafios que vocês enxergam para o crescimento da participação feminina no mercado?

UC: mais referências femininas e educação. O ciclo natural é as pessoas se interessarem pelo mercado financeiro tradicional e depois avançarem para o mercado das criptomoedas. Por uma questão histórica e cultural, a falta de liberdade e conhecimento fez com que as mulheres ficassem alguns passos atrás dos homens no mundo dos investimentos. Hoje nós estamos observando mudanças nesse cenário e muito disso é resultado do trabalho de influenciadores que surgiram 3, 4 anos atrás como é o caso da Nathalia Arcuri. A Nathalia é hoje uma referência pra muitas mulheres brasileiras de todas as idades e, apesar da gente ter acompanhado ela e outros influenciadores homens como Thiago Nigro, Tiago Reis, Ulrich, Cerbasi, ela foi também uma inspiração pra darmos o pontapé inicial no UseCripto. 

Quando a gente olha para o perfil do nosso público, a referência feminina fica evidente: 30% é formado por mulheres. Enquanto esse percentual geralmente é bem menor em outros canais de influenciadores masculinos do mundo cripto. Além disso, segundo dados do site Coin.Dance, as mulheres representam hoje cerca de 13% do público da comunidade cripto no mundo. Embora esse número ainda seja extremamente baixo, tem muitas mulheres incríveis fazendo um trabalho excepcional de educação e adoção das criptomoedas. Só para citar alguns nomes que admiramos: Catalina Castro de Buenos Aires, Elizabeth Stark e Maureen Murat dos Eua, Sophie Amat da Austrália e Tatiana Revoredo aqui no Brasil. 

CF: vocês já sofreram alguma tentativa de assédio dentro da comunidade de criptomoedas? Se sim, como foi a experiência?

UC: sim, já sofremos assédio. Se no mundo real esse tipo de atitude infelizmente é comum, no mundo online fica ainda mais complicado, uma vez que as pessoas podem se esconder por trás de avatares e pseudônimos. Até agora tivemos episódios pontuais que soubemos contornar, mas caso surja algo que afete nossa integridade física ou moral, não pensaremos duas vezes em denunciar.

CF: atualmente, quais organizações dentro do mercados vocês destacariam como as mais engajadas na defesa das mulheres?

UC: nesses meses de UseCripto conhecemos iniciativas maravilhosas! Dentre elas a Cryptochicks, que é um programa mundial de alfabetização sobre a tecnologia cripto e blockchain para mulheres e jovens. Esse projeto é liderado pela mãe do Vitalik Buterin (criador da Ethereum) e tivemos a honra de palestrar sobre criptomoedas na América Latina no hackathon do Bahamas para uma garotada de lá. Apesar de ter sido por vídeo-conferência, foi muito emocionante! Tem também a Girls Who Code, Women in Blockchain Brasil e a Xica Investe, projeto do qual participamos e reúne mulheres de diversas áreas pra falar de assuntos relacionados a dinheiro, liberdade e autonomia.

CF: se vocês pudessem definir o dia da mulher em uma frase, qual seria?

UC: um momento de comemorar as nossas conquistas nos últimos 100 anos, mas também um dia de luta por mais igualdade e de fazer ecoar a nossa voz. A reflexão sobre nosso espaço na sociedade deve ser diária e permanente.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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