Economia

CEO da Binance critica perseguição e dispara: “não somos uma empresa chinesa”

Não é de hoje que a Binance tem sido alvo de várias teorias ao redor do mundo, especialmente quando entra em algum país novo. Dado o porte da maior exchange do mundo, a entrada da Binance geralmente implica em uma dominância quase imediata do mercado.

Isso aconteceu até em grandes economias como o Brasil, onde a Binance dominou 45,06% do volume de negociação de criptomoedas em agosto. No entanto, o destaque transformou a exchange em alvo de várias notícias, muitas delas de autenticidade duvidosa.

Diante deste cenário, o CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, escreveu um longo texto publicado no blog da empresa. No texto, compartilhado com o CriptoFácil na quinta-feira (1), Zhao desmistifica vários pontos, entre eles o suposto relacionamento da empresa com a China.

Ele afirmou que a Binance não é uma empresa chinesa e que as teorias da conspiração de um funcionário chinês que administra o negócio secretamente são falsas. Zhao também acusa seus críticos de usarem esta associação para praticar xenofobia e tentar estigmatizar a empresa.

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A história da CZ com a China

Em primeiro lugar, Zhao começa explicando sua relação com a China. Naturalmente, o CEO não nega a sua ascendência com o país asiático, no qual morou com seus pais até completar 12 anos. No entanto, o CEO explica que a família fugiu para o Canadá em 6 de agosto de 1989.

A fuga ocorreu dois meses após o famoso Massacre da Praça da Paz Celestial, ocorrido em Pequim no dia 4 de junho de 1989. O evento contou com vários estudantes que protestavam contra o governo chinês, que chegou a utilizar tanques de guerra para conter as manifestações.

Os pais de Zhao eram professores, o que os transformou em alvos potenciais do governo. Diante do clima de perigo, a família resolveu migrar para o Canadá.

“Normalmente levava quatro anos para se obter um passaporte, e mais dois a três anos para obter um visto canadense se tivéssemos sorte. Mas depois do incidente, a embaixada canadense abriu e nos deu vistos rapidamente (…) Isso mudou minha vida para sempre e abriu infinitas possibilidades para mim”, escreveu Zhao.

O embrião da Binance

Zhao diz que morou no Canadá por 16 anos, até que voltou para a China em 2005. Dez anos depois, em 2015, ele deu início a um serviço de troca como serviço (EaaS, na sigla em inglês). No entanto, o governo chinês encerrou todas essas trocas em março de 2017, forçando Zhao a fechar a empresa.

Em seguida, Zhao dedicou-se a criar a Binance, que teve seu lançamento oficial em julho de 2017. Contudo, o governo chinês impôs uma proibição unilateral semelhante às exchanges de criptomoedas que operam na China em 4 de setembro – apenas um mês e meio depois do início das atividades.

Como resultado, isso forçou a Binance a adotar um modelo de trabalho remoto e sair da China. Por isso, Zhao afirma que a empresa não possui qualquer ligação com o país.

“A Binance nunca foi constituída na China. Tampouco operamos culturalmente como uma empresa chinesa. Temos subsidiárias em muitos países, incluindo França, Espanha, Itália, Emirados Árabes Unidos e Bahrein (para citar alguns). Mas não temos nenhuma entidade legal na China e não temos planos para isso. Hoje acredito ser fundamental esclarecer esses fatos”, disse.

A controvérsia de Guanying Chen

Segundo o CEO, um dos funcionários que trabalhou para ele em sua primeira empresa – Bijie Tech – era Guanying Chen, uma cidadã chinesa. Por isso, Zhao a nomeou como representante legal da empresa na China devido a leis restritivas do país na época.

Para operar na China, a empresa deveria ter como representante legal um cidadão chinês, coisa que Zhao não é. Neste ponto, o CEO reitera que é um cidadão canadense e que, dessa forma, era alvo do governo chinês. 

“Como o nome dela está listado nos primeiros documentos da Bijie Tech, os detratores da Binance aproveitaram a oportunidade para espalhar uma teoria da conspiração de que Guangying era secretamente a proprietária da Bijie Tech, e possivelmente até da Binance.” explicou o executivo. Zhao negou ambos os fatos.

Muitos artigos de notícias recentes, incluindo um publicado pela revista Fortune na segunda-feira (29 de agosto), sugeriram que a Binance está profundamente conectada à China. Nesse sentido, o artigo sugeria especificamente que a Binance poderia ser banida na Índia, como aconteceu com o aplicativo TikTok, devido a ser “liderada por pessoas de origem chinesa”.

Zhao disse que Chen foi forçada a deixar a China em 2017, mas que muitos veículos chineses ainda espalham “teorias da conspiração” sobre ela. Hoje, Chen supervisiona a equipe de administração e compensação da Binance e mora em um país europeu.

“À medida que crescemos nos últimos cinco anos, muitos dos funcionários e fundadores originais assumiram novas funções na companhia. Guangying atualmente supervisiona a equipe de administração e compensação da empresa. Para concluir, ela não é dona da Binance e não é um agente secreto do governo chinês”, disse Zhao

Fake News e campanhas de difamação

Por fim, o CEO da Binance classificou as campanhas como “fake news”, afirmando que estas acusações normalmente partem de organizações do mercado de criptomoedas. Ou seja, trata-se de concorrentes da Binance que ao não conseguirem competir com a exchange no mercado, tentam atacar a credibilidade da empresa.

Algumas exchanges, de acordo com Zhao, até criaram ou compraram sites dedicados a atacar concorrentes, enquanto se disfarçam de grupos de notícias independentes. Sem citar nomes, Zhao disparou:

“Esses tipos de campanhas negativas são muito mais comuns do que as pessoas imaginam. Vimos até mesmo exchanges e projetos de criptomoedas criarem seus próprios sites de “notícias” para atacar os concorrentes, e esses sites agora são frequentemente classificados erroneamente como fontes de notícias independentes pelo Google News. Eu riria também, se não fosse tão sério e desanimador”.

Outros players do mercado denunciaram o que chamam de “campanhas de desinformação. É o caso da Tether Limited, emissora da stablecoin USDT, que respondeu a um artigo do Wall Street Journal (WSJ) por destacar a Tether com críticas que se aplicam igualmente a outros emissores de stablecoins.

“Esses tipos de ataques estão se tornando cada vez mais sofisticados”, disse Zhao. “Esses tipos de campanhas eram confiáveis ​​em todo o setor”

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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