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Banco Central Europeu: “Bitcoin não é a resposta para uma sociedade sem dinheiro”

Em um recente artigo, Benoît Cœuré, membro do quadro executivo do Banco Central Europeu (ECB, na sigla em inglês) e membro do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), afirmou que mesmo que o mundo venha a abolir o uso do dinheiro vivo, as criptomoedas, em especial o Bitcoin, não podem ser vistos como uma alternativa para substituí-lo.

Cœuré fez referência ao próximo encontro do G20, que vai ter como uma de suas pautas a regulamentação das criptomoedas a nível mundial. O encontro terá início na próxima semana, na Argentina.

“Tais criptomoedas são imitações pobres de dinheiro. Quase ninguém aprecia bens em Bitcoin, poucos os usam para pagamentos e, como reserva de valor, eles não são melhores do que jogar em um cassino. Os formuladores de políticas estão justamente preocupados com os abusos dos consumidores e investidores, bem como o uso ilícito”, afirmou Cœuré em seu comunicado.

Tal como diversos órgãos e burocratas já manifestaram no passado, outra preocupação do dirigente do ECB foi com o uso ilícito das criptomoedas, mesmo com diversos relatórios que apontam o uso para lavagem de dinheiro como mínimo em relação ao volume total de negócios com criptomoedas.

Mundo livre do dinheiro vivo

Ainda que o comunicado seja cético sobre o papel do Bitcoin no mercado financeiro, Cœuré reconhece que a tecnologia está abrindo portas para um mundo cada vez mais livre do uso de dinheiro físico. “No entanto, enquanto o Bitcoin e seus pares são uma espécie de miragem, eles podem representar um sinal precoce de mudança, assim como os aparelhos touch abriram o caminho para os atuais smartphones”, afirma.

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A postura do banco mostra uma consonância com a tendência mundial rumo ao fim do dinheiro físico. Em diversos países europeus, a quantidade de transações em dinheiro representa menos de 20% do total. No Reino Unido, esse número não chega a 5%.

“Uma nova pesquisa do Banco de Compensações Internacionais mostra que os pagamentos eletrônicos dobraram de volume, como parte do PIB, desde a virada do século. Alguns países nórdicos já estão reduzindo o dinheiro. Para os filhos dessa geração, notas e moedas podem parecer exposições de museus.”

Moeda sem fronteiras

Por fim, embora não reconheça o Bitcoin como um sistema de pagamento adequado, Cœuré traz mais um mérito para a criptomoeda: os falhos mecanismos de transferências internacionais mantidos pelos atuais sistemas bancários, em especial para compras de varejo e remessas internacionais.

“Apesar de suas muitas falhas, o Bitcoin colocou focou em uma antiga falha em nosso sistema atual: pagamentos internacionais. Tais pagamentos não só permitem que os compradores comprem facilmente produtos online do exterior, mas também permitem que trabalhadores estrangeiros enviem dinheiro para casa, apoiando a inclusão financeira e o desenvolvimento. No entanto, esses canais de pagamento são, geralmente, muito mais lentos, menos transparentes e mais caros do que os serviços internos. Melhorias nesses processos são a melhor maneira de desafiar um possível desafio imposto pelo Bitcoin.”

Leia também: Banco Central é contra a regulação do Bitcoin

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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