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A história do Bitcoin parte 23: A primeira mediação

Antes do surgimento de exchanges de criptomoedas e endereços multi-assinaturas confiáveis, os primeiros usuários viram a necessidade de um serviço de custódia – um mediador para atuar como intermediário entre estranhos que fazem transações on-line. Esse mediador posteriormente ficaria conhecido como escrow.

Dada a variedade de opções agora disponíveis, é estranho pensar que serviços de escrow já foram fornecidos por alguns dos primeiros apoiadores do Bitcoin, que colocaram sua reputação em risco para dar ao comprador e ao vendedor a proteção que eles desejavam. Então, como surgiu o primeiro serviço de mediação de negociações de Bitcoin? Veremos a resposta no novo episódio da série Bitcoin History.

Mediação

2010 foi um ano divisor de águas para o Bitcoin. Naquele ano, quando ainda era possível minerar a criptomoeda em um computador doméstico, uma série de acontecimentos importantes na história do Bitcoin ocorreram.

Apenas para citar alguns: assistimos ao primeiro debate sobre o tamanho do bloco; O Bitcoin adquiriu seu famoso logotipo; Laszlo Hanyecz comprou duas pizzas, realizando a primeira transação de um bem em troca de Bitcoin; surgiu o primeiro pool de mineração, o Slush; e Satoshi Nakamoto observou que o Wikileaks havia “chutado o ninho de vespas” ao tentar receber doações em Bitcoin. Por fim, a mensagem final de Nakamoto no fórum Bitcointalk.org, em 12 de dezembro.

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A introdução de um serviço de mediação para transações com Bitcoin foi, sem dúvidas, um evento tão notável quanto qualquer um dos acima mencionados. Como era comum naqueles dias, o tema foi abordado em um tópico do fórum Bitcointalk, quando uma mensagem anônima foi postada:

“Alguém atualmente oferece este serviço? Estou procurando oferecer isso entre os métodos de pagamento para Bitcoin.”

Não demorou muito para que outros membros do fórum participassem e assumissem o papel de intermediário neutro – em troca de uma taxa de “módicos” 50 BTC (US$395 mil na cotação atual). “Provavelmente existe algum mercado, quem sabe?!”, disse um usuário intitulado Xunie. E ele de fato estava certo.

O operador do Bitcointalk, Theymos – que havia assumido as funções de moderador sucedendo o próprio Satoshi – tinha uma proposta diferente. Ele disse que atuaria pessoalmente como árbitro para que “1% dos Bitcoins fossem transferidos”.

Theymos elaborou sua oferta:

“Caso haja uma disputa que não consigo resolver, favorecerei qualquer parte que possa me fornecer as informações pessoais mais detalhadas que posso verificar que estão realmente corretas (um certificado assinado por uma fonte confiável seria o ideal). Depois, darei essas informações à parte prejudicada, para que ela possa tentar encontrar a outra pessoa e usar o sistema legal para resolver o problema.”

A importância da mediação antes das exchanges

Antes do surgimento das primeiras exchanges, a mediação era um elemento extremamente ausente das transações diárias. Negociar Bitcoin em troca de outra coisa não era incomum, mas fazê-lo pela internet, com alguém que você não conhecia na vida real, exigia confiança total. Isso acontecia nos dias anteriores às carteiras que utilizavam o sistema 2 a 3 assinaturas, em que os usuários podiam ter chaves parciais de terceiros para uma carteira – como agora é comumente usado em sites como Localbitcoins.

O fato de um moderador do Bitcointalk como o Theymos ter respondido com tanto entusiasmo à ideia atesta o reconhecimento de que a mediação era o próximo passo na evolução do Bitcoin. Embora existam muitas coisas que diferenciam as criptomoedas do sistema financeiro tradicional, era claramente necessário um serviço de mediação e custódia confiável. Sem ele, as partes nunca ganhariam confiança na segurança de qualquer transação – afinal, as transações de Bitcoin são irreversíveis.

Embora muitos membros do fórum tenham participado e se oferecido para atuar como mediadores, o problema original – ou seja, que duas partes estavam confiando em um estranho para facilitar sua transação – permaneceu. No entanto, era uma época em que o senso de comunidade era palpável no famoso fórum. Além disso, sem nenhum serviço respeitável de mediação de Bitcoin disponível em 2010, o uso de terceiros com quem você talvez esteja familiarizado foi visto por muitos como a melhor solução. O Bitcoin pode não depender da confiança, mas nos seus primeiros dias, a confiança mútua era essencial para o seu crescimento.

Leia também: A história do Bitcoin parte 22: A nova elite financeira

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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