Com uma quantidade cada vez maior de equipamentos de mineração de Bitcoin no mercado, a ideia de que qualquer um pudesse minerar o criptoativo sozinho – com nada mais do que uma CPU – parece algo ridículo de se imaginar hoje em dia. Mas em 2010, esse método não era apenas possível: era, na verdade, a forma mais comum de mineração. O próprio Satoshi Nakamoto minerou seus quase 1 milhão de Bitcoins com uma simples máquina caseira.
Com um hashrate exponencialmente mais baixo do que hoje, menor competição e uma recompensa de 50 Bitcoins por bloco (contra 12,5 atualmente), existiam Bitcoins suficientes para todos minerarem. Mas alguns mineradores não queriam apenas uma fatia do bolo – eles queriam o bolo inteiro, e para conseguir isso, eles decidiram unir forças e reunir o seu poder de mineração.
E, assim, nasceu a “mineração cooperativa”, representada nos chamados “pools de mineração”. E é a história do primeiro desses pools que vamos acompanhar na parte 13 da série Bitcoin History.
O nascimento do primeiro pool
Se o Bitcoin é uma revolução, seu surgimento e história foram marcados por uma série de micro-revoluções. No final de 2010, o Bitcoin experimentaria sua primeira revolução industrial quando alguns mineradores concordassem em combinar seu poder de processamento. Naquele momento, a história foi feita e, nos anos que se seguiram, muito dinheiro passou a entrar em jogo nessa atividade.
Dentre os pools de mineração, o Slush foi o primeiro a surgir, em 27 de novembro de 2010. Nem todos ficaram encantados com a ideia, no entanto. “Quando as pessoas começaram a usar computadores habilitados com GPU para mineração, a mineração tornou-se muito difícil para outras pessoas”, explicou um usuário do Bitcointalk intitulado Slush (mesmo nome do pool).
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“Estou no Bitcoin por algumas semanas e ainda não encontrei um bloco (estou minerando com três CPUs). Quando muitas pessoas têm CPUs lentas e elas mineram separadamente, cada uma delas compete entre si e contra ricos bastardos da GPU ;-).”
Ou seja, Slush estava dizendo que a mineração em separado criava dificuldades para os pequenos mineradores. Ele, então, propôs sua revolucionária ideia:
“Eu tenho uma ideia: juntar mineradores de CPU pobres em um cluster e aumentar sua chance de encontrar um bloco!”
Slush acrescentou:
“Vantagens? Quando você tem um computador fraco e autônomo, precisa esperar muitas semanas ou até meses para encontrar uma recompensa completa de 50 BTC. Quando você se junta a um cluster como esse, você receberá constantemente pequenas quantidades de Bitcoin todos os dias ou semanas (depende do desempenho total do cluster). Eu acho que é extremamente importante para a economia do Bitcoin diversificar a mineração em toda a rede e não deixar a mineração nas mãos de GPUs extremamente rápidas.”
Entre céticos e apoiadores
A reação à proposta de Slush foi dividida. Alguns aceitaram a ideia, enquanto outros ficaram nitidamente impressionados. “A cooperativa não está criando uma forma de comunismo?”, respondeu um usuário do Bitcointalk. “Eu acho que é inútil e muito mais difícil de fazer do que na teoria”.
“Isso é fundamentalmente falho”, rebateu outro oponente do pool de mineração.
No entanto, Slush permaneceu destemido e três semanas depois da sua proposta, começou a “mineração cooperativa”, como era então conhecida. O Slush Pool era compatível com os mineradores de Bitcoin em CPU de Jeff Garzik no lançamento, bem como alguns dos primeiros equipamentos em GPU. “Já temos ~ 600000khash / s [600 MH / s] de potência no pool, e mais virá amanhã”, proclamou Slush. Ele não estava errado.
O Slush Pool, criado em um fórum há quase nove anos, existe até hoje e possui uma relevante participação no mercado: ele atualmente captura 9,3% da rede de mineração do Bitcoin, sendo o 5º maior pool de mineração do mercado. Desde 2010, ele extraiu mais de 1 milhão de Bitcoins e agora possui 8.500 mineradores e uma taxa de hash de mais de 5 EH / s – um aumento de 8,4 bilhões de vezes em quase nove anos.
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