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Vice-governador do Banco do Japão afirma que país não precisa de moeda digital

Durante sua fala no Fórum do Futuro de Pagamentos do Banco de Compensações Internacionais (BIS), o vice-governador do Banco do Japão (BoJ), Masayoshi Amamiya, argumentou que uma moeda digital do banco central japonês (CBDC) atualmente tem pouco mérito, pois o país não precisa de uma moeda digital.

As CBDCs podem beneficiar muito os países em desenvolvimento, como o Camboja, que possuem infraestruturas de pagamento “imaturas”, disse ele em discurso divulgado na sexta-feira, 06 de março. Mas para economias avançadas, Amamiya acredita que custos dessa tecnologia superam os benefícios.

“Neste momento, não há necessidade de implementar novas etapas para garantir o acesso das pessoas à moeda do banco central. Além disso, os sistemas monetários e os sistemas de pagamento e liquidação dessas economias estão operando com segurança e estabilidade. Eles não podem simplesmente entrar em novas tecnologias ou, na verdade, não deveriam”, afirmou em seu discurso.

Supondo que as CBDCs operariam com custos operacionais mais baixos em comparação às iniciativas privadas, continuou Amamiya, os comerciantes provavelmente prefeririam as CBDCs aos sistemas de pagamento privados, tanto do sistema tradicional quanto de criptomoedas, mas ele disse que isso “suprimia negócios privados e desencorajava inovações”.

Se o Japão introduzir um iene digital, o banco central também poderá se tornar o único repositório de informações de transações do país inteiro, levantando preocupações sobre como o BoJ armazenaria e protegeria dados financeiros pessoais, acrescentou Amamiya.

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As declarações de Amamiya surgem poucos deias após o BoJ ter pedido cautela a respeito do tema e desacelerado suas discussões sobre uma CBDC. Na ocasião, conforme relatou o CriptoFácil, o próprio Amamiya alertou que os bancos centrais entender melhor os benefícios e os riscos envolvidos no processo.

Ameaça chinesa

Os comentários de Amamiya vêm após especulações crescentes de que o Japão estava se preparando para emitir um iene digital. Em fevereiro, políticos seniores do Partido Democrata Liberal, no governo do país, apresentaram uma proposta formal para o governo emitir sua própria moeda digital diante de uma ameaça monetária crescente do yuan digital planejado pela China, cujo desenvolvimento encontra-se bastante avançado mesmo com a ameaça do coronavírus.

Amamiya descartou anteriormente um iene digital em 2018, quando ele argumentou que poderia prejudicar o sistema financeiro de duas camadas do país sem fornecer benefícios adicionais. Em 2019, ele disse que uma mudança para um CBDC só seria viável se todo o país estivesse preparado para abandonar o dinheiro físico.

Em seus comentários mais recentes, Amamiya argumentou que havia benefícios para os países que já experimentavam um declínio significativo no uso de dinheiro migrarem para um modelo de CBDC. A iniciativa e-krona da Suécia, disse ele, foi um exemplo em que as pessoas que lutam para se adaptar aos pagamentos sem dinheiro podem ter acesso imediato ao dinheiro do banco central.

Embora ele não seja a favor de uma CBDC atualmente, Amamiya defendeu mais pesquisas sobre moedas digitais. O BoJ também foi um dos seis bancos centrais a formar um grupo de trabalho para compartilhar as descobertas em torno dos CBDCs no início deste ano.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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