Não foi dessa vez que o presidente dos Estados Unidos Donald Trump falou bem do Bitcoin em sua bem movimentada conta do Twitter. Porém, uma mensagem postada por ele traz alguns alertas para a importância do criptoativo.
Em um tuíte publicado nesta quarta-feira, o3 de julho, Trump propôs que os EUA manipulem o valor do euro e do yuan chinês provocando uma queda no valor do dólar.
“A China e a Europa jogam muito e manipulam dinheiro em seu sistema para competir com os EUA. Devemos COMBINAR, ou continuaremos a ser os manequins que se sentam e olham educadamente enquanto outros países continuam a jogar seus jogos – como eles têm feito há muitos anos!”, afirmou Trump.
Em outras palavras, o presidente dos EUA sugeriu que o país deve iniciar uma espécie de “guerra monetária” para impedir a apreciação do dólar perante o euro e o yuan. Com isso, o banco central norte-americano (Fed) pode ser “estimulado” a realizar novas rodadas de impressão de dinheiro, com o objetivo de reduzir o valor do dólar.
O novo ataque vem apesar do fato de que a administração Trump formalmente parou de acusar a China de desvalorizar sua moeda para obter vantagens comerciais injustas contra os EUA.
A mensagem de Trump repercutiu na comunidade de criptoativos. Quem leu foi rápido em observar que, à luz dessa política monetária de “corrida para a impressão” do dólar, o tuíte do presidente equivale praticamente à uma “ordem direta para comprar Bitcoin” e, assim, se proteger dos efeitos de um dólar potencialmente desvalorizado.
No dia anterior, Judy Shelton, nomeada para o conselho do Fed por Trump, afirmou que “se esforçaria para apoiar a agenda econômica pró-crescimento dos EUA com a política monetária apropriada”.
Existem várias formas que o governo pode utilizar para reduzir o valor da moeda. Uma das principais é a manipulação da taxa de juros: mais dinheiro no mercado significa mais liquidez disponível, o que abaixa as taxas de juros dos investimentos considerados mais “seguros” pelo mercado (como títulos do governo).
Com as taxas mais baixas, os investidores são obrigados a buscarem ativos de maior rentabilidade, mas que apresentam um risco maior. Nisso, o mercado de ações e os criptoativos são os mais beneficiados. A alta histórica dos principais índices de ações dos Estados Unidos (como o Dow Jones e o S&P 500) e a forte alta do Bitcoin em 2019 tiveram uma grande influência do fato que o Fed não seguiu com o aumento de juros que foi iniciado na segunda metade de 2018.
Sem o aumento dos juros, os investimentos de alto risco mantiveram sua atratividade – e, consequentemente, seguem quebrando altas históricas.
Embora o tuíte (ainda) não represente uma diretriz oficial de seu governo, repercussão da mensagem de Trump no mercado foi imediata.
Em uma mensagem publicada no mesmo dia da de Trump, o analista da eToro Mati Greenspan afirmou acreditar que a influência das tendências macroeconômicas sobre o Bitcoin já é uma realidade
“Meu entendimento é que a política dos bancos centrais é o principal fator de impulsão na alta de todos os mercados, incluindo os criptoativos.”
A provocação do presidente também chegou na Europa. Um especialista em estratégia de câmbio dizendo ao portal CNBC que teme que o governo Trump possa aplicar “tarifas compensatórias” no setor automotivo da União Europeia, justificando-as como uma resposta ao que o Departamento de Comércio considera como a “depreciação artificial da moeda feita por certos países”.
Outros estrategistas especializados em moedas observaram o momento inesperado e inoportuno do renovado ataque à política cambial da China. Segundo eles, o yuan aparentemente não sofreu nenhuma manipulação pelo governo chinês nos últimos dois anos.
Com os políticos desvalorizando suas moedas nacionais fiduciárias para ganhar vantagem no comércio com os demais países, o argumento para os criptoativos como um ativo de refúgio seguro parece mais robusto do que nunca. Num cenário de expansão monetária em praticamente todos os países, o Bitcoin mostra-se como a única moeda imune a pressões políticas. Com seus fundamentos cada vez mais sólidos e resistentes ao teste do tempo, ele segue como a melhor opção de investimento do ano.
Tal otimismo com o Bitcoin levou o cofundador do Morgan Creek Digital Assets Anthony “Pomp” Pompliano a afirmar que o Bitcoin atingiria US$100.000 até o final de 2021. Pompliano citou o atual clima de instabilidade global como um grande fator determinante – e a declaração de Trump coloca a previsão mais próxima de se concretizar.
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