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Swipe em entrevista ao CriptoFácil: “Uma fintech não precisa oferecer um serviço arriscado”

As fintechs têm tomado o Brasil nos últimos anos, a prova disso sendo a presença de empresas como Nubank e PicPay no cotidiano de muitos brasileiros. Os serviços financeiros progrediram de contas universitárias oferecidas pelos bancos para contas digitais sem taxas, gerando uma aproximação do público que até então não tinha acesso a este tipo de serviço.

Entender melhor essa esfera é fundamental. Com isso em mente, o CriptoFácil conversou com Rafaela Romano, head de marketing na Swipe, uma fintech que que conta com apoio de grandes parceiros do mercado financeiro. Dentre tais parcerias estão a Visa, que contribuiu bastante para o crescimento da empresa em 2019.

Faz parte dos serviços oferecidos pela Swipe uma conta digital a clientes de diversos setores, buscando facilitar o gerenciamento financeiro das empresas. Temas como uso de smartphone para pagamentos, aplicação de tecnologia blockchain no modelo de negócios, possível parceria com a Ripple e o PIX, novo sistema de pagamento do Banco Central, foram abordados na conversa. Confira abaixo como foi!

CriptoFácil: A Swipe é uma empresa nova, de 2017, e recebeu apoio de muitas grandes empresas como Visa, Stellar e até do Banco Central do Brasil. Como foram essas parcerias? No que elas colaboraram para o desenvolvimento da Swipe ?

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Swipe: Todas as parcerias foram extremamente importantes para nosso desenvolvimento, para chegarmos hoje onde chegamos e como chegamos. Nós nascemos como um gateway de pagamento de criptomoedas, oferecendo aos varejistas uma forma simples de aceitar criptomoedas em seus negócios. Com o tempo, percebemos que as criptomoedas, principalmente o Bitcoin, se consolidam cada vez mais como reserva de valor e poucas pessoas têm o hábito e incentivo de pagar cotidianamente com as criptomoedas. O gateway nos aproximou de muitas empresas que estavam interessadas a utilizar a tecnologia blockchain para melhorar os processos de seus negócios.

Nesse momento, começamos a atuar como uma fintech blockchain-as-a-service . E em dezembro nós fomos selecionados para participar do LIFT (Laboratório de Inovação Financeira e Tecnológica) do Banco Central e desenvolvemos um protótipo de um sistema de pagamentos instantâneos utilizando DLT. Essa experiência nos aproximou de grandes players do mercado de pagamentos e fomos acelerados pela VISA e pela Liga Ventures (ELO, Cateno e TIVIT) em 2019.

Durante as acelerações, percebemos que a blockchain poderia ser usada para melhorar a segurança dos pagamentos digitais, mas que a demanda real dos nossos clientes era por uma solução completa de pagamentos digitais. Então nos tornamos uma fintech de bank as as service, focada em construir contas digitais whitepara diferentes empresas. Nós utilizamos a DLT para dar segurança ao nosso produto, mas deixou de ser o core do nossos negócio.

CriptoFácil: A Swipe tem como objetivo a redução de custo das transações financeiras. Vocês poderiam nos explicar melhor como estão posicionados os valores dos serviços da Swipe em comparação ao mercado mais tradicional, composto por cartões e maquininhas?

Swipe: Acreditamos que a tendência do mundo é se tornar cada vez mais digital, mas mais do que isso, é se tornar mobile. Os celulares se tornam cada vez mais responsáveis por centralizar todas as nossas atividades, inclusive os serviços financeiros. Então com o tempo, é normal que os cartões e maquininhas sejam substituídos por celulares, cartões virtuais e QR-codes.

Mas atualmente essas ferramentas físicas ainda são importantes e nós temos parceria para fornecer cartões pré-pagos e maquininhas white label para nossos clientes, se assim eles quiserem. Acredito que a comparação não é exatamente entre o valor dos serviços da Swipe com os emissores de cartão ou de maquininhas, eles são apenas uma parte de um processo complexo que é a cadeia de pagamentos.

Nós estamos desenvolvendo uma forma completamente nova de se fazer pagamentos digitais, em relação a todo o sistema tradicional de pagamentos. Com a nossa solução, o dinheiro para de passar por essas instituições e por diversos intermediários e passa dentro das próprias empresas. E é óbvio que retirar intermediários sempre acaba por cortar custos, mas esse novo caminho do dinheiro, fornece entre outras coisas, um rastro digital que respeita a privacidade dos usuários, enquanto fornece uma visão holística do comportamento do cliente, por exemplo.

CriptoFácil: Vemos que a Swipe foca em varejistas. Como tem sido esse trabalho junto ao setor? Vocês teriam algum dado do valor do ticket médio de compras dos clientes com QR Code em comparação com outros meios de pagamento?

Swipe: É bem desafiador trabalhar com diferentes nichos. Nós temos conversado com clientes que não imaginávamos que teriam interesse em carteiras digitais. E cada negócio é sempre um novo universo a ser explorado, com necessidades, desejos e fluxos específicos. É super animador estar na vanguarda desse processo, oferecendo tecnologia para empresas que queiram se adequar às transformações digitais que vão causar uma disrupção no mundo.

Sobre o ticket médio, é bem difícil responder, já que como dissemos, trabalhamos com setores extremamente variados. E as carteiras digitais não necessariamente envolvem uso de QR code e inclusive, o uso desse segundo é ainda bem tímido no Brasil, só 7% das movimentações são feitas dessa forma. Mas é uma tendência crescente. Em economias mais digitalizadas, como é o caso da China, esse número já chegou a 50%.

CriptoFácil: Sobre a parceria com a blockchain da Stellar, como o criptoativo Lumen é utilizado nos serviços da Swipe? Como funciona o apoio da Stellar à empresa?

Swipe: Somos guiados pelo agnosticismo tecnológico e não temos qualquer preferência por uma ou outra tecnologia. Quando começamos a desenhar nosso produto, estudamos todos os grandes DLTs para entender quais seriam os benefícios ou desvantagens de cada um deles. Nesse momento, ninguém falava do Stellar ainda, fomos pioneiro no uso e divulgação. Escolhemos esse parceiro, porque o DLT da Stellar foi o que mais se encaixou em nossas necessidades.

Ele tinha uma documentação clara e uma tecnologia eficiente. Então começamos a desenvolver meetups, traduzimos toda a documentação deles e começamos a usar o Stellar para criar redes transacionais e garantir a autenticidade dos nossos registros. Quando mudamos o foco para criação de carteiras digitais white label, fizemos um novo estudo das tecnologias disponíveis. E o Stellar, por ser um pouco complexo ainda, não atendia tão bem nossas novas necessidades. Atualmente, estamos trabalhando com o Amazon Quantum Ledger Database (QLDB), que está se adequando melhor aos nossos produtos.

CriptoFácil: A Swipe tem planos de usar outros tipos de criptoativos em seus serviços num futuro próximo?

Swipe: Nossos fundadores são extremamente entusiastas dos criptoativos, nós nascemos nesse mercado. Mas nossa solução se beneficia mais do uso de DLT do que dos criptoativos em si. Estamos estudando uma possível parceria com a Ripple para oferecer aos nossos clientes opções de transferências internacionais mais eficientes e mais baratas do que as opções tradicionalmente ofertadas pelas instituições financeiras tradicionais.

A Ripple está ganhando cada vez mais destaque no mercado tradicional de remessas, desenvolvendo parcerias com grande players como Santander, Itaú e American Express. Essas parcerias são extremamente importantes para prover a liquidez necessárias para oferecer remessas entre diferentes corredores de forma realmente eficiente para grandes players. Então estamos estudando os benefícios dessa parceria. De qualquer forma, continuamos de olho no mercado, atentos aos novos lançamentos e sempre testando novas tecnologias.

CriptoFácil: O Banco Central, recentemente, emitiu uma norma para a padronização dos QR Codes de pagamentos no Brasil. Como foi recebida essa padronização por vocês?

Swipe: Padronização é um processo extremamente essencial para interoperabilidade entre diferentes players, canais e setores. Como uma empresa que utiliza uma API modular, conectada com inúmeros parceiros, a padronização é super bem vinda em nível de desenvolvimento tecnológico. Ela faz com que possamos adiantar nosso desenvolvimento e focar em construir um produto que ofereça cada vez mais valor aos nossos clientes. Então foi mais do que bem vinda.

CriptoFácil: Em relação ao Sistema de Pagamento Instantâneo, chamado PIX, os bancos com mais de 500 mil contas são obrigados a adotar o novo sistema até novembro. A Swipe tem o objetivo de adotar a tecnologia PIX para seus clientes? Se sim, teriam estimativas de data? Além disso, o que pensam sobre este novo sistema de pagamento?

Swipe: Com certeza, desde o desenvolvimento da nossa POC (prova de conceito) para o Banco Central sobre pagamentos instantâneos, temos acompanhado de perto o PIX. Não vemos a hora de estarmos dentro da rede, fornecendo aos nossos clientes pagamentos instantâneos. É como trazer a experiência ininterrupta e os benefícios que já experimentamos com as criptomoedas para dentro do sistema financeiro tradicional. Então é um momento muito especial para todo o mercado. O PIX entrará em operação teoricamente em novembro, agora precisamos ver como o novo cenário do coronavírus vai afetar esse desenvolvimento. Esperamos que em 2021 já possamos estar oferecendo o serviço aos nossos clientes.

CriptoFácil: Estamos em meio a uma imensa crise. Quais seriam as suas previsões para o mercado de fintechs brasileiro, que sempre captou muito “capital de risco” e, em crises, os investidores buscam investimentos mais seguros? Vocês acreditam que as fintechs brasileiras já estão amadurecidas o suficiente para sobreviver ao cenário pós coronavírus?

Swipe: Nunca antes na história vivemos um momento em que toda a economia mundial foi paralisada por tempo indeterminado, então é difícil fazer qualquer previsão nesse momento. Não há precedentes através dos quais podemos nos embasar. Ao mesmo tempo, momentos de grande disrupção abrem espaços para muita inovação. E sabemos que os sistemas tradicionais têm pouca capacidade e autonomia para se reinventar.

Acreditamos que as fintechs que melhor se adaptarem às novas necessidades serão aquelas que sobreviverão. E uma fintech não necessariamente precisa oferecer um serviço “arriscado”. Esse momento pode ser um divisor de águas ao abrir espaço para novos players oferecer produtos e serviços mais enxutos e mais atentos às reais necessidades das pessoas e da sociedade como um todo.

CriptoFácil: O dinheiro físico pode ser um foco transmissor de coronavírus. A Swipe este momento como um possível impulso para o crescimento de pagamentos pelo celular?

Swipe: É muito difícil falar em oportunidade em um momento como o que estamos vivendo. Agora, a única coisa que todos tem em mente é que possamos juntos encontrar uma forma de superar essa crise. Mas está sendo interessante observar todo o trabalho que os Bancos Centrais estão tendo para limpar e colocar em quarentena suas notas. A própria Organização Mundial da Saúde sugeriu que as pessoas usassem pagamentos digitais ao invés de dinheiro físico durante a crise do Covid-19. Com certeza o isolamento e as novas necessidades que estão emergindo provocarão mudanças significativas no cotidiano e no hábito das pessoas em todo mundo.

Mas sim, acreditamos que a percepção do dinheiro físico como um agente de transmissão de doenças será catalisador de alguns processos. Podemos citar o uso de carteiras digitais por toda população, com especial destaque para a aceleração do uso dessa tecnologia por gerações mais velhas, que são exatamente o grupo de risco do Covid-19 e a população com menos adesão à tecnologia. Assim como o aumento do uso de opções de pagamentos contactless e a digitalização da economia, com maior incentivo para o desenvolvimento das Moedas digitais de Bancos Centrais.

Leia também: Fintechs brasileiras de criptomoedas exibem medidas para ajudar o público durante o Coronavírus

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Gino Matos

Tenho 28 anos, sou formado em Direito e acabei fascinado pelas criptomoedas, ramo no qual trabalho há três anos.

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