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‘Retiradas misteriosas’ da Multichain podem indicar golpe, sugere Chainalysis

O protocolo Multichain ficou no centro das atenções nas últimas semanas após pausar as suas operações devido a um fluxo muito alto de saques. O alto fluxo nas operações fez com que a equipe suspeitasse de um golpe e isso motivou a suspensão. Contudo, para a empresa de análises com foco em blockchain Chainalysis, essas “retiradas misteriosas” podem significar a aplicação de um golpe conhecido como rug pull, ou puxão de tapete.

Este golpe ocorre quando a equipe por trás de um projeto tira a plataforma do ar ou interrompe saques sem aviso prévio, desaparecendo com os ativos dos usuários. A outra opção, segundo a Chainalysis, seria uma “invasão multimilionária”. Ou seja, um ataque hacker.

Violação da Multichain

Conforme apontou a empresa em um artigo em seu blog, os saques anormais ocorreram o dia 6 de julho e deixaram muitos participantes do ecossistema perplexos. O incidente resultou em perdas de mais de US$ 125 milhões, ou mais de R$ 600 milhões na cotação em reais. Trata-se de um dos maiores hacks de criptomoedas já registrados.

A Chainalysis observou que os protocolos de ponte entre cadeias, como a Multichain, provaram ser alvos lucrativos para hackers. Isso porque esses protocolos têm designs experimentais. No entanto, a Multichain experimentou alguns problemas notáveis ​​não relacionados ao design de seu protocolo. E foi isso que gerou suspeitas de que pessoas de dentro possam ter realizado essa exploração recente.

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De acordo com a análise, dos US$ 125 milhões em criptomoedas retirados da Multichain, US$ 120 milhões eram da ponte Fantom da Multichain. Além disso, o invasor retirou US$ 666.000 da ponte Dogecoin – resultando em uma perda de 85% do total de depósitos – e US$ 6,8 milhões da ponte Moon River, que incluía fundos em USDC e Tether.

Os contratos inteligentes da Multichain são protegidos por um sistema de computação multipartidária (MPC), que funciona de forma similar a um sistema de carteira multi-assinatura. Os sistemas MPC dividem fragmentos de uma chave privada entre muitas partes diferentes que podem cooperar para executar transações.

“No entanto, esses sistemas ainda são vulneráveis ​​se um invasor conseguir obter a posse de um número suficiente de chaves MPC. É possível que o invasor tenha obtido o controle das chaves MPC do Multichain para realizar essa exploração”, disse a empresa.

Sinais de golpe

A análise também destacou que o invasor não trocou ativos controlados de forma centralizada, como o USDC, que acabou sendo bloqueado pela Circle. A Tether também bloqueou os USDT envolvidos. Segundo a empresa, a maioria dos hackers, em geral, procura trocar fundos por outros que não sejam vulneráveis ​​a essas medidas de segurança. Por isso, acredita-se que possa ter sido um trabalho interno:

“A exploração do Multichain é potencialmente o resultado do comprometimento das chaves do administrador. Embora seja possível que essas chaves tenham sido roubadas por um hacker externo, muitos especialistas em segurança e outros analistas acham que essa exploração pode ser um trabalho interno ou um puxão de tapete, devido em parte aos problemas recentes sofridos pelo Multichain”, destacou.

Além disso, a empresa sinalizou para o sumiço do CEO da Multichain, conhecido por Zhaojun. Em maio, a equipe revelou que não conseguiu contatá-lo. Portanto, não pôde realizar uma manutenção técnica necessária na plataforma.

Depois disso, surgiram rumores sobre a suposta prisão de Zhaojun na China e o confisco de US$ 1,5 bilhão dos fundos do protocolo. Em razão disso, a equipe teve que suspender os serviços de mais de 10 redes, incluindo a  DynoChain, a Redlight Chain e a Public Mint.

A Multichain também sofreu com transações atrasadas e outros problemas técnicos. Em resposta a isso, a Binance encerrou o suporte para vários tokens da ponte Multichain. Após os saques em massa, a equipe Multichain disse no Twitter que estava iniciando uma investigação e instou os usuários a pausar as transações. No dia seguinte, informou que pausaria o serviço de forma indefinida.

Falta de auditoria

Por fim, a Chainalysis ressaltou que há vários meios para mitigar o risco e impedir que ocorram explorações em pontes entre cadeias. Por exemplo, auditorias de código rigorosas podem ajudar os desenvolvedores a padronizar os projetos e os investidores a avaliar a viabilidade do protocolo.

“Embora o hack da Multichain pareça ter sido o resultado de chaves comprometidas em vez de código defeituoso, relatórios de auditoria respeitáveis ​​muitas vezes identificam de forma explicita quais partes dos protocolos são controladas por endereços externos, portanto, vulneráveis ​​ao roubo de chaves privadas, o que pode ajudar os usuários a avaliar melhor o risco”, destacou.

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Lorena Amaro

Lorena é jornalista e escreve sobre Bitcoin, criptomoedas, blockchain e Web3 há mais de quatro anos, atualmente atuando como editora-chefe do CriptoFácil. É formada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduanda em Produção em Jornalismo Digital na PUC-Minas. Lorena é apaixonada por tecnologia, inovação e pela liberdade financeira que as criptomoedas promovem.

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