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PIX: uma inovação ainda mais centralizada

PIX é o Sistema de Pagamentos Instantâneos que será lançado pelo Banco Central brasileiro em novembro de 2020. Seu objetivo é trazer mais agilidade, transparência, menor custo e conveniência nas transações. O sistema se baseia no fornecimento de uma plataforma de dados para que bancos e fintechs se conectem e intermediem transações de forma mais rápida. 

Detalhes de funcionamento do Pix ainda não foram divulgados, se sabe que possibilitará transações em segundos via QR Code, 24 horas por dia, 365 dias por ano, de qualquer rede bancária ou fintech, entre pessoas, negócios e governo. A plataforma é aberta, qualquer instituição financeira que tenha autorização poderá participar e as transações terão informações agregadas, ou seja, conciliará  dados mais precisos sobre o seu pagamento. O Bacen também tornará obrigatório bancos e fintechs com mais de 500 mil clientes aderirem à plataforma e integrá-la nos seus sistemas aos clientes.

O Diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello afirma que o sistema está apoiado nos pilares da competição e da inclusão. Competição pois fintechs e bancos terão que competir para criar formas de incluir o Pix da maneira mais conveniente e barata para seus clientes. Segundo ele, preços mais baratos atrairiam mais pessoas para o sistema financeiro e isso contribuiria para aumentar a inclusão financeira.

Entretanto, por mais inovador, rápido e conveniente que o Pix possa se tornar, ele não elimina os principais problemas do sistema financeiro atual: a necessidade de intermediários (bancos por exemplo) e a centralização. Por isso não pode ser considerado inclusivo, pelo contrário, os motivos que fazem com que 29% dos brasileiros não participem do sistema financeiro é justamente a quantidade de regras e a burocracia impostas pelos intermediários. 

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 O Pix é uma inovação quando comparado com as formas atuais de transacionar valores digitalmente, estamos acostumados a utilizar cartões de plástico, boletos, TED e DOC para realizar pagamentos. Nenhum é instantâneo. As transações via sistema financeiro tradicional ainda são lentas e caras. 

Essa nova plataforma foi pensada como uma resposta ao surgimento das criptomoedas e compete com elas quanto a agilidade em transacionar, muitas criptos também realizam transações instantâneas. O uso de QR Code para pagamentos através de câmeras de celular ou computador é algo já comum nas carteiras digitais de cripto e inclusive pode ser o ponto que pode contribuir para que mais pessoas se familiarizem com as moedas digitais. 

Outro efeito do Pix citado por João Manoel Pinho de Mello é desestimular o uso do dinheiro de papel. Contudo é justamente através das cédulas de papel que pessoas desbancarizadas tem chance de participar do sistema financeiro. Acabar com as notas significa ainda mais exclusão financeira e mais poder para os bancos. Ironicamente um pagamento utilizando Bitcoin se assemelha muito mais a um pagamento feito com papel moeda do que quando utilizado cartão de crédito, é uma transação de pessoa para pessoa, sem intermediários e privada.

O curioso é que o Bacen resolveu criar uma plataforma que mais se assemelha com um Paypal, ao contrário de alguns outros Bancos Centrais, ele não criou uma criptomoeda própria. A pergunta que fica é: por quê?

Qual o próximo passo depois que a Pix estiver rodando? Proibir Bitcoin e as outras criptos? Será que vão dizer: “Agora que os pagamentos são ágeis, fáceis e transparentes, qual o motivo de usar Bitcoin?”.

O lado bom é que ainda podemos optar por qual sistema utilizar. O lado ruim é que dependemos cada vez mais de intermediários para transacionar e a maioria das pessoas acha isso ótimo, trocando a sua liberdade e privacidade por conveniência. E essa troca é irreversível.

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Aviso: O texto apresentado nesta coluna não reflete necessariamente a opinião do CriptoFácil

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