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O dilema entre a mineração de criptomoedas e o consumo energético pode impedir o desenvolvimento da inovação?

A mineração tem sido apontada por diversos especialistas como um dos “problemas” associados à tecnologia blockchain devido aos enormes custos de energia envolvidos no processo. Para se ter uma ideia, segundo estimativas, a CoinPy, fazenda de mineração do empresário brasileiro Rocelo Lopes, instalada no Paraguai, consome energia suficiente abastecer cerca de 2 mil casas paraguaias. Atualmente, o hashrate total da rede do Bitcoin é de 50.496.241 TH/s, que representa um consumo de energia superior a países inteiros como Irlanda ou Dinamarca.

Porém, olhando este cenário, será que realmente existe uma guerra entre a mineração de criptomoedas e o consumo de energia? Para responder à esta pergunta, o Criptomoedas Fácil consultou um dos especialistas em mineração da BBOD, a primeira plataforma híbrida (com recursos de DEX) focada em trade de criptomoedas a operar no Brasil.

Ashish Suvarna, analista de blockchain da BBOD, argumenta que este é um cenário complexo e que é preciso olhar a mineração por uma perspectiva futura e não ficar preso à uma fotografia, ou seja, ao retrato do momento “passado” que vivenciamos hoje. Para Suvarna, assim como as locomotivas representavam ao mesmo tempo uma mudança de paradigma, também traziam preocupações em relação à sua sustentabilidade frente às novas formas de transporte da época.

“A verdade é que o impacto ambiental negativo da mineração vive um dilema com o impacto positivo que as criptomoedas como um todo causam no mundo, a nível econômico, cultural e social. Por mais que as criptomoedas consumam uma quantidade significante de energia, a polêmica tende a ser maior quando o cenário é uma nova tecnologia revolucionária substituindo uma outra já antiquada. Na época do surgimento das locomotivas motorizadas, todos estavam certos de que os cavalos jamais seriam substituídos. Os trens eram lentos, consumiam muito combustível e eram barulhentos. As locomotivas, porém, apresentaram várias vantagens em relação aos cavalos, entre elas, a velocidade, a durabilidade, o conforto, entre outras, desta forma, um dos primeiros veículos a auxiliar a ‘eliminação de fronteiras'”, diz o analista.

Para Suvarna, o Bitcoin pode não ser “o salvador da pátria” das transações na economia digital e da indústria 4.0 (assim como as locomotivas não o foram com o transporte), mas futuros avanços na tecnologia eventualmente o ajudarão a entender o famoso jargão “to the moon”, assim como as máquinas, de fato, nos levaram à lua.

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“O desenvolvimento de inteligência artificial, em conjunto com blockchain, nos permitirá alcançar facilmente esse ideal. Imagine, por exemplo, substituir o Uber por um serviço completamente descentralizado, com carros que andam sozinhos a partir da blockchain. Isso dá aos carros a autonomia de resolver por si próprios as suas finanças. Desta forma, o carro pouparia combustível (eletricidade) e manutenção, não necessitando de intervenção humana e reduzindo significativamente seu consumo de carbono”, diz.

Suvarna completa que é preciso colocar a mineração sob esta perspectiva de suas aplicações futuras, na qual, sua integração aplicada aos mais diversos setores, têm o potencial de reduzir drasticamente o consumo de energia, como, por exemplo.

Além disso, a sociedade vem num processo de transição para fontes renováveis de energia, o que tornaria o debate sobre a pegada “poluidora” da mineração obsoleto.

“Quando a humanidade se depara com a necessidade de inovações, sempre há maneiras de sobreviver. Fontes mais limpas e verdes de energia surgirão e se manterão. Energia solar, hidrelétrica, geotérmica, eólica e um monte de outras estão aí para serem exploradas, de maneira segura. Tais fontes renováveis são as potências do futuro. Uma empresa de Nova York já comprou uma barragem hidrelétrica, com a proposta de usar energia limpa para minerar Bitcoin. Na Islândia, mineradores já trabalham com fontes renováveis para minerar criptomoedas”, destaca.

O especialista da BBOD finaliza que os algoritmos de mineração também estão se desenvolvendo em busca de maior eficiência.

“Proof of Work é apenas um dos vários mecanismos utilizados pelas criptomoedas, o Proof of Stake e a Lightning Network estão sendo testados para substituir os métodos mais custosos (no que refere-se à energia) e dada a quantidade de energia intelectual focada em pesquisa no universo blockchain, um método sustentável não deve estar longe de ser desenvolvido”, finaliza.

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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