Após a guerra comercial entre Estados Unidos e China e os impactos globais da epidemia de coronavírus, o mercado financeiro recebeu outro duro golpe: a “guerra do petróleo” entre Arábia Saudita e Rússia.
Basicamente, a Rússia se recusou a fazer um corte em sua produção de petróleo, o que poderia elevar o preço da commodity no mercado mundial, para tentar estabilizar os preços e reduzir os impactos da epidemia. Com a recusa dos russos, os sauditas resolveram reduzir seus preços de venda e aumentar substancialmente o preço de produção.
Com a decisão, os mercado sentiram os impactos ainda no final de semana. Os futuros de petróleo desabaram mais de 20% neste domingo, a maior queda desde a primeira guerra do Iraque, em 1991. O petróleo brent está negociado a US$35,92 o barril.
A crise logo se disseminou para os futuros dos demais mercados, que abriram com fortes quedas. Nos Estados Unidos, os futuros dos principais índices de ações despencaram, indicando uma segunda-feira de muita tensão.
Como consequência disso, os investidores passaram a buscar os ativos considerados “livres de risco”. O ouro é o principal deles, mas os títulos de dívida do governo norte-americano também ganharam destaque. Com a alta demanda pelos títulos, os juros pagos por eles desabaram, chegando a menos de 0,5% pela primeira vez na história.
Nem mesmo o Bitcoin saiu ileso da tensão. Considerado um ativo de proteção por muitos, o criptoativo sentiu o impacto da volatilidade e experimentou uma forte queda nas últimas 24 horas, indo abaixo dos US$8.000,00.
Guerra comercial, petróleo, coronavírus… estamos diante do apocalipse financeiro? Devo estocar bens, comprar 100% de ouro e me esconder em um bunker?
De fato, a situação mundial é bastante delicada. Os três fatores citados acima estão revelando a fragilidade do atual sistema financeiro, que ainda não se recuperou totalmente da crise de 2008. E essa fragilidade pode dar origem a uma nova crise mundial, especialmente se a epidemia de coronavírus continuar paralisando as cadeiras de produção chinesa por muito tempo.
Porém, a situação não é catastrófica. Decisões que costumam ser tomadas no desespero, em momentos como esse, podem levar a grandes perdas financeiras no longo prazo. E, como diz Warren Buffett, a primeira regra dos investimentos é nunca perder dinheiro. Então, vamos as dicas sobre como lidar com seus investimentos em momentos de desespero.
Antes de tudo, é preciso manter a calma e avaliar bem a situação. Se você tem investimentos, não olhe para a sua carteira com base apenas no cenário global, mas sim analise seus ativos individualmente. Algum deles perdeu fundamentos por causa da crise atual? Eles continuam sendo empresas ou investimentos rentáveis e sólidos? Se sim, não é o caso para sair correndo e vender: pelo contrário, pode ser uma oportunidade de comprar ativos bons a preços mais baratos.
Um exemplo é o Bitcoin. Em meio a uma forte queda, a rede do Bitcoin terá um aumento previsto de 7% em seu ajuste de dificuldade. Isso significa que mais mineradores estão entrando e mantendo a rede cada vez mais robusta e segura contra ataques. Nesse sentido, o Bitcoin não perdeu nenhum dos seus fundamentos, e essa queda pode representar uma boa oportunidade de compra a preços descontados.
Essa é outra lição que podemos aprender com o “oráculo de Omaha”. Enquanto a euforia tomava conta do mercado e as pessoas corriam para comprar ações, Buffett acumulava mais de US$120 bilhões em caixa e a Berkshire Hathaway não fez nenhuma compra relevante nos últimos anos.
O motivo? Buffett afirmava que não via sentido fazer novas aquisições com os preços em níveis recordes, preferindo montar um caixa para comprar quando oportunidades mais baratas aparecessem.
As fortes quedas dos últimos dias abriram tais oportunidades para quem tinha uma reserva de dinheiro disponível para comprá-las. Portanto, jamais invista todo seu dinheiro em ativos de uma só vez. Tenha sempre um dinheiro em caixa para novas oportunidades e também para manter sua segurança e evitar que você tenha que vender ativos para conseguir dinheiro na hora do aperto.
Mais importante do que investir é controlar seus gastos. Assim como em momentos de crise, empresas que possuem dívidas tendem a sofrer mais com os impactos, ter dívidas pessoais em momentos assim pode comprometer bastante seu orçamento.
Adotar um estilo de vida mais frugal, evitar compras parceladas ou financiamentos de longo prazo (como a compra de um imóvel ou carro) e ter uma reserva para contas de emergência servirão como um antídoto para lhe manter a salvo da insanidade do mercado.
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Aviso: O texto apresentado nesta coluna não reflete necessariamente a opinião do CriptoFácil
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