Magic e criptomoedas: semelhanças entre dois mundos durante a pandemia

Durante a pandemia, o mercado de criptomoedas ficou aquecido e vimos o Bitcoin disparar a níveis de preço nunca vistos. Porém, este não foi o único mercado favorecido.

O ramo de trading card games, como Magic e Pokémon, também experienciou uma alta. Mais precisamente, o súbito interesse por cartas de Pokémon afetou positivamnete outros jogos de cartas.

O CriptoFácil conversou com Gabriel Nunes, jogador e colecionador de Magic desde 1996, para entender melhor as relações entre criptomoedas e Magic.

O hype das cartas

Segundo afirmações de Sebastian Pirozhkov para um texto do Data Driven Investor, o hype por trás das cartas de Pokémon ocorreu por três motivos.

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O primeiro é a nostalgia, este mais focado nos colecionadores mais abastados que querem adquirir cartas que viram durante a infância. Pode não parecer, mas ele é importante e tem relação com os outros dois fatores.

O segundo fator é a distribuição de riquezas durante a pandemia. Historicamente, o mercado de cartas de Pokémon envolve a circulação de muito dinheiro.

Apenas entre as 20 maiores cartas já vendidas até hoje, foram gastos cerca de R$ 8,5 milhões. Nota-se, portanto, que o mercado de colecionadores não é composto por pessoas de pouco valor aquisitivo.

Além do mercado de colecionadores, há ainda o mercado de jogadores ativos da comunidade. Isso fez com que algumas pessoas nos Estados Unidos recorressem às cartas de Pokémon para auferir renda.

Com o recebimento do auxílio emergencial, cartas e packs foram comprados na esperança de valorização. E isso leva ao terceiro fator.

Influenciadores e até mesmo artistas, vendo a atenção dada às cartas de Pokémon, resolveram aproveitar a febre. O famoso e controverso youtuber Logan Paul realizou uma transmissão para abrir uma caixa de packs que custou nada menos que US$ 1 milhão.

Trata-se da caixa com packs da primeira edição das cartas do jogo, que possui exemplares que estão dentre os mais valiosos no mercado de colecionadores.

Paralelo com o mercado de criptomoedas

O mercado de criptomoedas foi, mais ou menos, afetado da mesma forma. Temendo um possível colapso do sistema econômico, investidores alocaram economias em criptomoedas.

Assim como no caso das cartas de Pokémon, a esperança era focar em algo que pudesse dar bons retornos em meio à pandemia de coronavírus.

A busca fez com que os preços, especialmente do Bitcoin, saltassem ao longo de 2020. Por sua vez, as valorizações chamaram a atenção de investidores até então leigos.

Cartas de jogos, assim como o Bitcoin, tornaram-se reservas de valor. Além do Pokémon, um movimento semelhante foi visto no Magic, outro famoso jogo de cartas.

Um mercado semelhante

Então, para entender melhor o caso do Magic, o CriptoFácil conversou com Gabriel Nunes. Nunes conta que começou a jogar Magic entre 1996 e 1997, influenciado pelo seu irmão.

Desde então, apesar de uma pausa de três anos, ele explica que compra ao menos um produto de toda nova coleção de Magic. Assim como no Pokémon, Gabriel menciona a nostalgia:

“Eu coleciono por nostalgia, por lembrar da minha infância, por poder juntar a galera e jogar.”

Contudo, isso não significa que ele não se arrisque no mercado. Gabriel afirma que sabe do valor das cartas e, nesse cenário, gosta de se arriscar “vez ou outra”. Possivelmente como um investidor que compra um novo token DeFi esperando valorizar?

“Compro uma carta ou outra pensando no que vai ou não valorizar. Mas nada de especulação pesada, teve uma carta que eu comprei recentemente oito cópias pensando em revender. Comprei a R$ 15, a carta hoje já vale R$ 100,” revela Gabriel.

Todavia, sua veia de colecionador falou mais alto: “pareço um dragão, gosto de ficar em cima do ouro, e só repassei uma das cartas”, brinca.

Elaborando mais o tópico de compras de cartas para revenda, o colecionador explica que o mercado está muito aquecido. Gabriel menciona o exemplo do auxílio emergencial recebido nos Estados Unidos e a compra de cartas de Pokémon, explicando que o Magic “foi na mesma onda”.

Cartas são ativos?

Sobre as cartas de Magic funcionarem como ativos, Gabriel acredita que “pode ser”. “Elas funcionam como ativos na bolsa de valores, mas com motivos particulares envolvendo a valorização ou queda no preço”, explica.

Como um dos pontos particulares, ele menciona a lista reservada. A lista reserva é quando a empresa por trás do jogo limita a quantidade de cartas a serem emitidas.

Desta forma, há uma limitação na oferta, assim como ocorre com o Bitcoin. “Algumas dessas cartas deram uma boa valorizada durante essa pandemia”, conta Gabriel.

Contudo, Gabriel afirma que a liquidez não é tão semelhante. Ele explica que, para liquidar rapidamente uma carta, é preciso buscar um lojista — assim como um investidor busca uma corretora.

O problema é que, ao buscar um lojista, é necessário vender a carta por pelo menos 30% abaixo do valor. Ou seja, ainda que haja liquidez, reivindica-se parte do valor de mercado da carta.

“Por exemplo, a minha coleção é relativamente grande, eu não consigo vender para qualquer lojista. Eu devo ter o valor de um automóvel em cartas e não vou conseguir vender tudo do dia para a noite. Existe liquidez, se eu precisar de uma grana agora, eu consigo pegar algumas cartas que eu sei que têm valor e consigo passar para frente, mas não é igual uma joia ou algo que eu consigo vender no topo do valor de mercado”, exemplifica.

Desta forma, ainda que haja certa liquidez, a compra e venda pode não ser tão rentável. De qualquer forma, conforme evidenciado pelo exemplo de Gabriel sobre uma carta de R$ 15 passar a valer R$ 100, é possível que cartas de Magic atuem como reservas de valor.

Não é errado afirmar, então, que cartas de trading card games e criptomoedas se aproximaram durante a pandemia. Com um mercado aquecido e possibilidades de reserva de valor, ambos os mercados apresentam alternativas para sobreviver aos tempos atípicos pelos quais passamos atualmente.

Avisoo texto acima reflete a opinião do redator e não necessariamente representa o posicionamento do CriptoFácil.

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Gino Matos

Tenho 28 anos, sou formado em Direito e acabei fascinado pelas criptomoedas, ramo no qual trabalho há três anos.

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