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Liderança do FMI defende adoção de CBDCs

O vice-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Tao Zhang defendeu a adoção das moedas digitais emitidas por bancos centrais durante um discurso apresentado na conferência sobre a globalização comercial e financeira da China. A reunião, realizada nesta quinta-feira, dia 19 de março, foi organizada pelo Instituto de Assuntos Globais da London School of Economics.

Benefícios das CBDCs

Segundo Zhang, as CBDCs podem proporcionar inúmeros benefícios, como oferecer um sistema de pagamentos mais eficiente e menos custoso, principalmente em países onde o custo de gerenciamento de caixa pode ser muito alto devido à geografia e onde a população não tem acesso a bancos, promovendo o que chamou de inclusão financeira aprimorada:

“O CBDC pode fornecer um meio de pagamento digital público sem exigir que os indivíduos mantenham uma conta bancária”, observou.

Outros benefícios apontados pelo vice-diretor-gerente foram mais estabilidade e menos barreiras à entrada de novas empresas no sistema de pagamentos. Zhang explicou que em alguns países, como na China, observa-se um aumento da concentração dos sistemas de pagamentos por algumas grandes empresas. Desta forma, emitir CBDCs é, para alguns bancos centrais, uma maneira de aumentar a resiliência do sistema de pagamentos, com o aumento da concorrência no setor. 

Zhang ainda citou que a inclusão financeira promovida pelas CBDCs é vista pelos acadêmicos como uma maneira de melhorar a transmissão da política monetária.

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“Além disso, na medida em que o uso do caixa é caro, a CBDC pode ser usada para cobrar taxas de juros negativas e, assim, ajudar a aliviar a restrição na transmissão da política monetária devido ao ‘limite inferior efetivo’”, comentou.

Por último, Zhang destacou que as CBDCs podem ser uma maneira de combater novas moedas digitais privadas, que podem ser difíceis de regular e podem representar riscos à estabilidade financeira e à transmissão da política monetária.

Riscos das CBDCs

Tao Zhang também abordou os possíveis riscos atrelados à emissão de CBDCs, como a desintermediação do setor bancário, que, segundo ele, podem ser mitigados com uma CBDC que não gera juros e com limites para as participações da CBDC. 

“Outra questão a considerar é o chamado “correr risco”. Em tempos de crise, os clientes bancários poderiam fugir dos depósitos para a CBDC, que podem ser vistos como mais seguros e mais líquidos. (…) Se uma corrida ocorresse, o banco central seria mais facilmente capaz de responder às necessidades de liquidez dos bancos com a CBDC. 

Zhang ainda citou problemas relacionados aos balanços dos bancos centrais e às alocações de créditos, bem como as implicações nos custos e riscos para a reputação das entidades. Isso porque, segundo ele, o não cumprimento de qualquer função, devido a falhas tecnológicas, ataques cibernéticos ou erro humano, poderia minar a reputação do banco central.

Como uma alternativa para eliminar ou mitigar esses riscos, Zhang sugeriu uma parceria com o setor privado para fornecer uma versão sintética do CBDC (ou “sCBDC” ): 

“O setor privado emitirá moedas totalmente lastreadas em reservas do banco central, sob a supervisão do banco central”, esclareceu.

Sobre as flutuações de preços, os sCBDC também possuiriam vantagens em relação às stablecoins de emissão privada. Para ele, se as sCBDC forem apoiadas por reservas do BC e supervisionadas diretamente pelo Banco Central, poderiam ser mais seguras do que as stablecoins.

“Por um lado, um CBDC usado como meio de troca internacional poderia melhorar a eficiência dos pagamentos transfronteiriços, que atualmente são caros, lentos e opacos. Mas, ao mesmo tempo, o CBDC disponível além-fronteiras poderia aumentar a probabilidade de substituição de moeda (“dolarização”) em países com inflação alta e taxas de câmbio voláteis e, portanto, reduzir a capacidade do banco central de conduzir uma política monetária independente”.

Por fim, Zhang disse que o FMI aumentou sua pesquisa e análise sobre as CBDCs e desenvolveu ações para orientar os formuladores de políticas. Além disso, ele destacou que esta é uma área “incrivelmente rica para experimentação e discussão de políticas”.

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Lorena Amaro

Lorena é jornalista e escreve sobre Bitcoin, criptomoedas, blockchain e Web3 há mais de quatro anos, atualmente atuando como editora-chefe do CriptoFácil. É formada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduanda em Produção em Jornalismo Digital na PUC-Minas. Lorena é apaixonada por tecnologia, inovação e pela liberdade financeira que as criptomoedas promovem.

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