Colunistas

IPOs de clubes de futebol podem se tornar realidade no Brasil?

A princípio, não é errado dizer que alguns clubes do futebol brasileiro possuem um porte superior e resultados financeiros maiores que certas empresas que participaram de um IPO na Bolsa nos últimos tempos.

Após a flexibilização de algumas regras, a Bolsa brasileira fez a democratização de seu acesso para empresas com faturamento abaixo do R$ 1 bilhão, por exemplo. Devido a isso, o número de empresas interessadas em uma listagem no mercado de ações só aumenta.

Em 2020, a B3 registrou a entrada de 28 novas empresas e ainda mais 25 follow ons de outras companhias. Para 2021, por sua vez, a XP Investimentos estima até 100 empresas abrindo capital, por exemplo. Mas e os times de futebol, podem aproveitar essa onda? Para isso, basta observar os casos já existentes no mundo.

Times de Futebol e a Bolsa de Valores

Na Europa, já existem cerca de 22 times com capital aberto na Bolsa. Além disso, alguns casos são de times consagrados em campo como o Juventus, Roma, Borussia Dortmund, Ajax e Manchester United, por exemplo.

🚀 Buscando a próxima moeda 100x?
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora

Uma característica básica para esses casos é o modelo clube-empresa adotado pelos times. Em resumo, existem vários modelos que os clubes podem optar como sociedade anônima, capital fechado, associação sem fins lucrativos, entre outros. A questão maior é que o formato clube-empresa é uma alternativa caso o time tenha interesse em ingressar na Bolsa.

Mas e como é o desempenho das ações dos times na Bolsa? Observando os exemplos existentes, é possível notar que elas possuem características à parte.

Desempenho na Bolsa

O primeiro dilema é a busca pelo equilíbrio entre lucros e títulos. Se por um lado, o time pode trabalhar a sua saúde financeira, mas não investir muito em jogadores e não ganhar títulos, por outro, pode ter um perfil mais agressivo de investimento, sem garantia de que vença as competições.

Nesse sentido, vale mencionar o Arsenal que já não faz mais parte da Bolsa que viu seus torcedores promoverem protestos por acreditar que a administração se preocupava mais com a gestão financeira do que com títulos.

Além disso, o Manchester United, o maior clube com ações negociadas em bolsa e atualmente na NYSE, também viu a insatisfação da torcida que se queixava da atitude dos proprietários deixando faltar aportes para o futebol, mas recebendo dividendos.

Também há o fator de oscilações incomuns que fogem de uma análise padrão. A Juventus, por exemplo, viveu altos e baixos extremos no histórico de suas ações. Enquanto em 2006 o time caiu para a segunda divisão, marcado por estar envolvido em fraudes de manipulação de resultado, os papéis tiveram quedas brutais. Na outra ponta, as ações tiveram um salto gigantesco em 2018, quando ocorreu o anúncio da chegada do jogador Cristiano Ronaldo ao time.

Ademais outras oscilações podem ocorrer por resultados de jogos específicos, não sendo necessariamente uma regra. Portanto, por conta dessas barreiras, a participação dos clubes na Bolsa é complicada e marcada por dificuldades em encontrar investidores institucionais e pessoas físicas para se tornarem acionistas.

Mas e os clubes brasileiros?

Em primeiro lugar, a maioria dos clubes brasileiros são associações sem fins lucrativos. Dessa maneira, o método de organização e gestão dos clubes são diferentes do que seria em um clube-empresa, por exemplo.

Sendo assim, a conversão de modelo obrigaria os times a ter uma rigidez maior de suas finanças. Adicionando a listagem na Bolsa então, também seria necessário um alinhamento com os padrões corporativos de gestão, compliance, ESG, transparência e governança exigidos pela B3.

Ainda assim, existem times com capacidade do ponto de vista dos especialistas. O Flamengo, com valuation de R$ 2,9 bilhões, e o Palmeiras, com valuation de R$ 2,2 bilhões, são candidatos capazes. A razão para isso, é o grande poder de arrecadação vindo de suas torcidas, responsável por faturamentos acima de R$ 500 milhões nos últimos anos.

Outros times de potencial com essa característica são o Corinthians, com valuation de R$ 2,3 bilhões, e o São Paulo, com valuation de R$ 1,8 bilhão, conforme o estudo da Sports Value. Nesse caso, os últimos anos apresentaram faturamentos na faixa entre R$ 250 milhões a quase R$ 490 milhões.

Para se ter noção, a Westwing, estreante da Bolsa neste ano, apresentou faturamento de R$ 300 milhões e captou mais de R$ 1 bilhão. Além disso, a Locaweb, case de sucesso para as empresas de tecnologia, possui faturamento de R$ 400 milhões.

De toda maneira, os grandes times não apresentam interesse para um projeto desse tipo no momento e os menores tem outras prioridades. Além disso, se para os clubes estrangeiros que já deram esse passo, há uma lista de dificuldades, o cenário brasileiro conta com outras mais. Portanto, há um longo caminho pela frente até que seja possível investir em um time brasileiro pela Bolsa.

Agenda de IPOs

Embora os clubes do futebol brasileiro não estejam participando dos novos anúncios de IPO, esse segmento continua em alta com empresas de outras áreas em 2021. Para conferir o calendário com todos os processos em andamento atualmente, acesse aqui.

Leia também: Especialista faz previsões sobre Ethereum, Cardano e Stellar

Leia também: 8 criptomoedas que podem explodir em março, recomenda analista

Leia também: 3 criptomoedas sofreram quedas causadas por baleias, aponta estudo

Leia também: IPO da Uber pode beneficiar a indústria dos criptoativos

Aviso: O texto apresentado nesta coluna não reflete necessariamente a opinião do CriptoFácil.

Compartilhar
Guia do Investidor

O Guia do Investidor é um dos maiores sites sobre educação financeira e investimentos do Brasil e sua missão é levar conteúdo gratuito e de qualidade e ferramentas a milhares de pessoas e assim transformar suas realidades.

This website uses cookies.