Após usar a carteira Trezor por muito tempo, finalmente pus as mãos em uma Ledger Wallet – a principal concorrente da Trezor.
Ela é basicamente um dispositivo que permite a guarda das chaves privadas dentro dele. Resolvi mergulhar de cabeça na oportunidade de comparar ambas as carteiras e tirar a prova sobre qual é a melhor.
Visualmente, a Ledger é bem mais bonita do que a Trezor. Abrir a embalagem de uma Ledger prova isso muito bem, a começar pela caixa: bonita e de cor branca, lembra bastante os dispositivos da Apple, em especial a caixa do iPhone. Além da carteira em si (cujo formato lembra um pen drive) a embalagem vem com uma pequena carteira de couro, que passei a usar como carteira pessoal, o cartão de segurança – do tamanho aproximado de um cartão de crédito – e uma corda que pode ser utilizada para pendurar a carteira no pescoço e transportá-la.
O dispositivo da Trezor, cujo formato lembra alguns equipamentos de tokens usados em bancos, tem um design um pouco mais complicado em comparação com a elegância da Ledger. Além disso é mais difícil de transportar, uma vez que é maior e não tem espaço para pendurar uma corda ou algo do tipo.
Embora a Ledger funcione perfeitamente de maneira offline, instalar e configurar o dispositivo requer uma conexão e o uso do navegador Google Chrome. Uma vez que você acionar o aplicativo do site da Ledger, você receberá um assistente de configuração. Os primeiros modelos da Ledger possuíam uma desvantagem em relação à Trezor: a ausência de um visor eletrônico. Isso mudou com o lançamento do modelo Nano S, que possui esse visor. Tanto na Ledger quanto na Trezor, é possível configurar o dispositivo através do visor.
O código PIN é uma camada de segurança adicional para se certificar de que, mesmo que alguém tenha roubado sua Ledger, eles ainda terão dificuldade em entrar em sua conta. Digitando o código incorretamente por três vezes, a carteira apagará todos os dados nela contidos.
Depois de configurar seu código PIN, é hora de avançar para a sequência de recuperação. Trata-se de um conjunto de palavras que, quando montadas em uma determinada ordem, podem ajudar a recuperar suas chaves privadas caso o dispositivo tenha sido roubado, esteja quebrado ou tenha sido perdido.
Isso significa que, mesmo que você destrua completamente sua Ledger, você ainda poderá recuperar todos os seus Bitcoins perdidos através desta sequência. Por isso que é muito importante anotá-lo em um lugar seguro, onde ninguém pode acessá-lo, pois qualquer pessoa que se apoderar dessa sequência poderá acessar os fundos contidos na carteira.
O processo é bastante semelhante em ambos os dispositivos. Ambos mostram a sequência no próprio dispositivo e não na tela do computador, então nenhum hacker pode copiá-lo remotamente.
Abaixo temos um exemplo de como a sequência de palavras é mostrada quando iniciamos uma Ledger pela primeira vez.
Uma vez concluída a configuração, você pode começar a usar sua Ledger ou Trezor. Basta recarregar a unidade flash, digitar seu código PIN e pronto! A interface é extremamente intuitiva e não exige muitas explicações.
A maior parte da interface é feita através de botões no próprio dispositivo. Os botões podem ser usados para se deslocar entre o menu ou pressionados simultaneamente para selecionar uma opção.
A Trezor usa uma interface semelhante de dois botões, mas eles são colocados de forma mais sutil no dispositivo. Não é uma grande diferença, mas torna mais difícil pressioná-los acidentalmente.
Uma vez que não há como acessar sua carteira sem o dispositivo conectado ao computador, cria-se um ambiente muito mais seguro para enviar e receber bitcoins. Isso significa que, mesmo que alguém conheça seu código PIN, ele não pode acessar suas moedas porque ele não possui o dispositivo físico. Isso também significa que mesmo que o computador que você está usando para enviar Bitcoins tenha algum vírus, uma vez que você está usando o que é conhecido como Autenticação de Dois Fatores (2FA), você ainda tem menos probabilidade de estar exposto a qualquer tipo de ameaça.
Apesar de não ter usado a Trezor com tanta frequência quanto a Ledger (eu tenho uma Ledger Nano), não consegui ver muita diferença entre ambas as carteiras em termos técnicos. Porém, escolho a Ledger como a melhor carteira devido à sua praticidade
Mesmo com a nano tendo a ausência da tela, ela é mais simples e segura. Não foram poucas as vezes que saí de casa com a Ledger como se ela fosse um simples pen drive, e em nenhum momento ela chamou a atenção em público. Algo que, considerando as altas de valor do bitcoin e o fato de morar no Brasil, vejo como um excelente valor agregado.
Ambas estas carteiras valem a pena financeiramente. No final, acho que se resume a quem você prefere melhor em termos de design e reputação: a Ledger tem um visual mais descolado, e a Trezor tem mais tempo no mercado. No final, cabe ao usuário escolher a que melhor combina com as suas necessidade e estilo.
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