Uma agência do governo da Rússia solicitou ofertas de empresas para encontrar maneiras de bloquear tecnologias da Internet resistentes à censura, como redes mesh. A lista também inclui a blockchain da empresa de aplicativos de mensagens Telegram, a Telegram Open Network (TON).
A chamada foi publicada em 03 de março pelo General Radio Frequency Center, a agência que controla o uso de radiofrequências na Rússia. De acordo com o aviso, a agência está buscando pesquisas sobre quais tecnologias podem ser usadas para acessar conteúdo restrito, incluindo conteúdo considerado extremista, além dos protocolos tradicionais da Internet.
A agência também informou que os candidatos ao contrato devem apontar maneiras de bloquear o acesso a essas tecnologias.
A lista de tais tecnologias no documento inclui redes mesh, protocolos de Internet das Coisas (IoT) e protocolos que permitem navegação anônima, incluindo Projeto de Internet Invisível (I2P), The Onion Router (TOR), Freenet, Zeronet, anoNet e a blockchain TON.
Essas tecnologias são “usadas para construir redes anônimas da Darknet”, de acordo com a agência. Apesar de falar sobre blockchain, a agência não menciona o Bitcoin ou outra criptomoeda.
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Resistente a censura
Não está claro como a lista foi formada. A TON poderia ter sido incluída porque a rede blockchain que o Telegram está construindo foi projetada para suportar aplicativos para redes ponto a ponto (rede P2P TON), hospedagem de site (DNS TON) e anonimato (Proxy TON).
De acordo com o whitepaper da TON, esse sistema, uma vez lançado na íntegra, permitiria navegar além das restrições impostas pelos atores estatais aos prestadores de serviços. “O anonimato da rede do usuário pode ser facilmente preservado por meio do TON Proxy, e todos os serviços serão efetivamente resistentes a censura”, afirmou o documento.
Mesmo que o Telegram esteja atualmente envolvido em uma batalha legal com a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), que está tentando interromper o lançamento da TON, há sinais de que a empresa continua lançando os componentes da futura rede. Na semana passada, o Telegram publicou instruções para registrar sites usando o TON DNS.
O Telegram tem um histórico de confrontar as autoridades da Rússia, que tentaram controlar o aplicativo ou desativá-lo. Em 2017, a agência de contra-inteligência da Rússia, o Federal Security Service (FSB), exigiu que o Telegram compartilhe a chave de criptografia de seu aplicativo de mensagens emblemática. O Telegram perdeu no tribunal, mas se recusou a entregar as chaves mesmo assim.
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