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G44 está por trás da Goldario, criptomoeda supostamente lastreada em esmeraldas

A G44 Brasil se intitula como um holding que oferecia rendimentos sobre supostas operações com criptomoedas. A empresa não paga seus clientes desde 2019, fazendo com que demandas judiciais sejam abertas e bens da empresa sejam bloqueados, além de gerar acusações sobre a empresa ser uma suposta pirâmide financeira.

Mesmo sem pagar seus clientes, a G44 abriu uma nova oferta de marketing multinível, desta vez baseada em uma oferta inicial de moedas (ICO, na sigla em inglês) de uma criptomoeda supostamente lastreada em esmeraldas – que só será lançada em janeiro de 2022.

G44 e Goldario

Vídeos sobre a Goldario já circulam na internet desde janeiro deste ano, contendo informações sobre o projeto, especialmente sobre sua ICO. O nome da G44 Brasil nem sempre é associado à Goldario, uma vez que todo o material da empresa é assinado como “Equipe Goldario”.

Contudo, em um e-mail da G44 enviado a investidores solicitando um acordo extrajudicial encaminhado ao CriptoFácil por um dos investidores da empresa, o vínculo é admitido. É possível conferir a ligação no trecho abaixo:

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Desta forma, mesmo sem pagar seus investidores, a G44 Brasil está disponibilizando uma nova oferta no mercado – porém, desta vez no mercado internacional. Os materiais também estão em diversas línguas, mostrando a pretensão da Goldario de se tornar internacional e captar um número maior de clientes.

ICO confusa

No material de apresentação da Goldario obtido pelo CriptoFácil, os investimentos na ICO da Goldario são descritos de forma confusa. Em uma página que fala sobre prova de participação, a empresa afirma que “a mineração será realizada através da sua própria moeda”. Contudo, ela vende processadores de tokens, embora mineração por dispositivos físicos seja uma prática do algoritmo de prova de trabalho.

Resumindo: o investidor compra processadores de token para minerar a Goldario, embora a empresa afirme que sua mineração é feita em prova de participação. É válido ressaltar ainda que, em toda ICO de projetos cujos tokens são minerados por prova de participação, o que acontece é a venda dos tokens que já foram minerados e disponibilizados ao público – não da possibilidade de minerá-los.

Abaixo, é possível ver o trecho da apresentação que promete ganhos de até mais de três vezes sobre o capital investido:

Outro ponto curioso é que, apesar de iniciar os esforços de mineração em fevereiro de 2020, a criptomoeda só será lançada quase dois anos depois – em janeiro de 2022. Nesse espaço de tempo, além da pré-ICO, outras três rodadas de angariação de fundos serão realizadas: uma em julho deste ano, e duas em janeiro e julho de 2021.

Além disso, a empresa ainda cria um sistema de “mineração coletiva” que em nada difere de um sistema de marketing multinível, onde um afiliado ganha por indicação. Os bônus são pagos em Bitcoin, e a mineração coletiva é feita em nuvem (conhecido como cloud mining). A imagem abaixo detalha a cadeia de “mineração coletiva”:

Por fim, a empresa afirma que a cada dois mineradores indicados, o afiliado receberá 1% do dinheiro investido em Bitcoin.

Venda de processadores

Dentro do painel de usuário da Goldario, a empresa ainda vende outros processadores além dos que são informados em seu material de apresentação. Ao todo, foram acrescentados quatro novos processadores, todos com denominações confusas.

Abaixo, é possível conferir as “ofertas”:

Note-se que os processadores são vendidos em Bitcoin, razão pela qual uma flutuação de valor do criptoativo pode fazer com que um processador acabe ficando mais caro, além do valor informado no material de apresentação.

Assim como outras ofertas já conhecidas envolvendo criptoativos, a proposta da Goldario confunde o investidor em dados momentos, como a divergência de mineração em prova de participação e prova de trabalho.

A demora no lançamento da criptomoeda supostamente lastreada por esmeraldas também é um ponto que chama atenção. Por fim, o CriptoFácil verificou se a Goldario possui registro junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para executar sua pré-ICO, descobrindo que a empresa não possui tal registro.

Leia também: Sócios da G44 Brasil não recebem e pedem bloqueio de bens da suposta pirâmide

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Gino Matos

Tenho 28 anos, sou formado em Direito e acabei fascinado pelas criptomoedas, ramo no qual trabalho há três anos.

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