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Exclusivo: Empresa brasileira cede plataforma blockchain para União transferir recursos aos municípios

Na edição do Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 11 de março, foi publicada uma doação feita ao Ministério da Economia de um software chamado “Blockchain nas Transferências de Recursos da União”. A doação foi feita por uma empresa chamada Station B8, sendo a doação assinada no dia 05 de março.

O CriptoFácil contatou a Station B8, que conversou com exclusividade sobre detalhes do projeto, cujo objetivo é resolver problemas de repasse de recursos pela União aos municípios.

Tudo começou com um hackathon

Marli Burato, conselheira administrativa da Station B8, começou explicando o início da dinâmica entre a empresa e o Ministério da Economia:

“O início dessa dinâmica se deu no começo de 2019, por meio do hackathon Desafio +Brasil, organizado pela Confederação Nacional de Municípios e pelo Ministério da Economia. O propósito desse hackathon era encontrar ideias em desenvolvimento de tecnologias que pudesse ser aderente à plataforma governamental +Brasil, utilizada para a transferência de recurso da União aos municípios.”

Burato explica que as deficiências tecnológicas apresentadas pelo projeto governamental deveriam ser supridas por meio das soluções tecnológicas participantes, ao longo de dois dias de desenvolvimentos feitos no hackathon.

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A Station B8, à época com o nome de AI, venceu o desafio e passou por um processo de aceleração ao longo de três meses. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) e o Ministério da Economia participaram ativamente o processo de aceleração, ocupando o papel de mentores.

Após o período de aceleração, que estudou formas de adequar a solução apresentada pela B8 ao sistema do governo, a tecnologia deveria ser entregue ao Ministério da Economia como doação – como foi feito e publicado no DOU.

Burato ressalta que, apesar da parceria sem um fim comercial, a relação atesta a capacidade da Station B8 pelo próprio governo. Ela então explica o papel que a solução desenvolverá no programa +Brasil:

“O papel que a tecnologia tem é a rastreabilidade de todos os pagamentos feitos aos municípios, das transferências feitas. Então a tecnologia entregue pelo B8 ao Ministério da Economia vai rastrear a transferência dos recursos do governo federal aos municípios dentro da plataforma +Brasil. O foco foi a rastreabilidade.”

A CNM lavrou ainda um certificado de desenvolvimento tecnológico, atestando sua capacidade técnica:

Especificações técnicas

Segundo Fabiano Cardoso, diretor executivo da Station B8, outras tecnologias da indústria 4.0 foram implementadas no projeto:

“Nossa empresa está utilizando a Tecnologia Blockchain em conjunto com outras Tecnologias como IOT, inteligência artificial e etc., modelando a necessidade dos clientes.”

Cardoso fala ainda que a B8 está buscando padrões internacionais em tecnologia, a fim de deixar o Brasil no mesmo patamar. Ele acrescenta que este trabalho pode resolver um sério problema enfrentado na cadeia de abastecimento de um segmento crucial para o país:

“Protocolos internacionais de controle de procedência e qualidade estão há algum tempo sendo utilizados nos países de Primeiro Mundo. O que estamos fazendo aqui é colocando o Brasil no mesmo patamar, adequando a tecnologia à realidade do nosso país. Um exemplo simples podemos tirar da exportação de carne, onde o Brasil sofre inúmeras restrições a seu produto por falta de rastreabilidade e procedência. Nesse contexto, já estamos iniciando um trabalho ousado que será referência mundial, suprindo essa lacuna.”

O diretor executivo da Station B8 afirma que tais questões estão alinhadas com os padrões mundiais. Sobre o protocolo blockchain utilizado, Cardoso afirmou que inicialmente foi utilizada uma rede pública (embora não tenha revelado qual), acrescentando que posteriormente foi criado um sistema misto com o acréscimo de questões privadas, tendo em vista a entrada de bancos e instituições de controle no circuito – que preciso de acesso restrito em alguns casos.

Na prática

José Maxwell Tavares, diretor de desenvolvimento da Station B8, falou como funciona o sistema na prática:

“Através da leitura de códigos QR presentes nas notas fiscais, os artefatos [notas fiscais, por exemplo] gerados durante o processo de transferência sejam registrados e armazenados de forma segura em blockchain, uma tecnologia imutável, sem possibilidade de alterações futuras.”

Tavares explica como a tecnologia beneficia o processo de prestação de contas:

“Este registro temporal e contínuo dos artefatos irá garantir uma prestação de contas mais célere, transparente e segura, tanto para a entidade tomadora quanto para a entidade recebedora de recursos públicos. Este aplicativo foi desenvolvido para ser utilizado em qualquer ambiente tecnológico (multiplataforma) e para o acesso em ambiente internet (web), compatível com dispositivos móveis (smartphone e tablet, por exemplo), utilizando tecnologia blockchain e inteligência artificial.”

Ele fala ainda sobre mais aplicações futuras da solução:

“Pretendemos rastrear toda cadeia de produtos veganos, oferecendo um selo de autenticidade reconhecido por meio de DNA e inseridos em blockchain, tornando assim possível ao consumidor ter 99,99% de confiança no produto consumido. As tecnologias utilizadas serão blockchain, Inteligência Artificial, IoT, além de contarmos com a parceria de um laboratório de DNA com expertise, pertencente à Biotec Amazônia.”

Outras aplicações

O trabalho com o Ministério da Economia de fato rendeu à Station B8 uma autenticação de competência, que está sendo explorada para firmar parcerias. Pierre Petkowicz, diretor comercial e de expansão da Station B8, falou um pouco mais sobre as outras aplicações do projeto doado ao Ministério da Economia:

“No âmbito comercial, já temos convênios celebrados para o rastreamento de produção pecuária destinada à exportação, bem como para rastreamento de produtos da Amazônia, além de outras commodities agrícolas. Para a implementação dos projetos, estamos captando acionistas interessados em fomentar o desenvolvimento.”

Petkowicz fala em agregar valor ao produto brasileiro por meio da indústria 4.0:

“Segundo nossos estudos, hoje o plantel bovino nacional é de cerca de 200 milhões, dos quais 30% se destinam à exportação. É onde entra um de nossos projetos de rastreabilidade, que qualifica e agrega valor ao produto brasileiro.”

Leia também: Tribunal de Contas do Rio Grande do Norte vai usar blockchain em processos licitatórios

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Gino Matos

Tenho 28 anos, sou formado em Direito e acabei fascinado pelas criptomoedas, ramo no qual trabalho há três anos.

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