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Exchanges centralizadas prejudicam confiança em criptomoedas, diz analista

No contexto da Ethereum Community Conference (EthCC) em Paris, Clara Medalie, diretora de Pesquisa da empresa de análise Kaiko, expôs seu ponto de vista sobre como as exchanges centralizadas têm prejudicado a confiança na indústria de criptomoedas.

Sua afirmação incisiva é o resultado de práticas questionáveis por parte de algumas plataformas, como a FTX, que em 2022 entrou com pedido de recuperação judicial após acusações de desvio de fundos dos usuários.

A FTX, que já foi uma das maiores exchanges de Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas, se envolveu em atos de má conduta, prejudicando a percepção do mercado.

A prática de wash trading foi um dos comportamentos apontados por Medalie como um dos fatores que abalam a confiança dos usuários. Este método de manipulação de mercado, em que um trader negocia contra si mesmo para inflar os números de volume de mercado, é difícil de detectar e combater, segundo a especialista.

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Medalie salientou ainda que essa tarefa é ainda mais complicada, pois a detecção de manipulação de mercado é responsabilidade da própria exchange, muitas das quais não possuem as ferramentas adequadas para isso. Além disso, essas práticas são encorajadas por sites que classificam as exchanges pelo volume de negócios, acrescentou.

Confiança nas criptomoedas

A diretora da Kaiko também mencionou o impacto negativo dessa situação nos novos investidores que confiam nos dados fornecidos por sites populares como CoinMarketCap e CoinGecko. Para contrabalançar isso, a Kaiko tem trabalhado para detectar o volume falso em algumas exchanges.

Na pesquisa da Kaiko, 20 exchanges de criptomoedas centralizadas foram classificadas usando a proporção de volume para a profundidade de mercado. Uma delas, a Bitforex, mostrou “outliers” significativos ao comparar seus dados com os da Coinbase.

“As diferenças aparentes nas transações não se alinhavam com o comportamento natural do mercado”, explicou Medalie.

Essa visão é corroborada por Célim Starck, CEO da Nefture, uma empresa focada na segurança de blockchains. Durante a EthCC, ele argumentou que a responsabilidade de “fazer sua própria pesquisa” sobre projetos de investimento não deve recair somente sobre os usuários.

A Kaiko parece concordar, procurando detectar práticas irregulares nas exchanges centralizadas para proteger os investidores, especialmente aqueles novatos na criptoativos.

Quanto às medidas regulatórias, Medalie destaca uma nova realidade emergente. Os reguladores dos EUA estão tomando medidas fortes contra o wash trading na indústria de criptomoedas, um passo positivo para a restauração da confiança no setor.

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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