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Especialista brasileiro aponta que criptomoedas emitidas por bancos centrais podem ser armas geopolíticas

Diferentes nações têm buscado se inserir na nova economia digital por meio do estudo da emissão de stablecoins, que, ao serem propostas por bancos centrais, são denominadas CBCC (Central Bank Crypto Currencies). Neste campo, uma das nações mais avançadas é a Suécia, cujo projeto envolve o banco central mais antigo do mundo, o Riksbank, uma instituição com mais de 350 anos. No país, apenas 13% da população ainda usa dinheiro físico em suas transações.

No entanto, um dos projetos que mais tem gerando hype no mercado é o do PBoC, o Banco do Povo da China, banco central do país, que controla a circulação de moeda na segunda maior economia do mundo, e que, recentemente, aumentou seus esforços de pesquisa e considera tanto a emissão de uma CBCC quanto o apoio a instituições domésticas que buscam desenvolver uma criptomoeda própria lastreada no yuan, tal qual o dólar para o token USDT (Tether).

Como mostrou o Criptomoedas Fácil, recentemente, um artigo de coautoria de Li Liangsong, pesquisador do PBoC e professor da Universidade Fudan da China, explora o desenvolvimento recente de stablecoins globalmente, argumentando que este progresso no campo das criptomoedas, em especial com relação ao USD, fortalece o papel dominante do dólar americano no sistema monetário global, mas pode ter um efeito negativo sobre outras moedas fiduciárias, deixando em aberto a necessidade da China adaptar-se a este novo cenário econômico para construir um caminho próprio ante a dependência da influência da moeda norte-americana.

Para Joel Kos, instrutor do curso de investimento em criptoativos da Blockchain Academy, o movimento do Banco do Povo da China, assim como de outras nações, como a Venezuela, está muito mais relacionado com movimentos geopolíticos do que com qualquer apoio ou legitimação do ecossistema de criptomoedas. Segundo Kos, os governos não estão falando em “reconhecer a criptoeconomia”, mas em se posicionar em um novo cenário no qual as forças globais de política e posicionamento frente à globalização passam a “brigar” em um novo campo.

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“As stablecoins vêm sendo o centro das atenções do mundo cripto em 2018. Três modelos vem sendo perseguidos: os lastreados em depósitos bancários/fiat (como o Tether, Paxos, Circle, etc.), os lastreados em cripto (como o Maker Dai e BitUSD), os lastreados por algoritmo (como o Basis e o Reserve). Mas todos estas stablecoins ocupam um vácuo deixado pelos bancos centrais que não fornecem alternativa de moeda nacional em cripto, as CBCC. O que o PBoC est´å estudando é criar sua própria “stablecoin” em yuan, que teria a vantagem de toda moeda nacional (curso forçado na economia e poder ser utilizado para pagar impostos). No caso da China tem mais uma vantagem política, pois hoje o sistema financeiro internacional sofre forte influência dos Estados Unidos. Restrições impostas pelos EUA impactam relações comerciais com países e empresas no mundo inteiro. Um cripto yuan seria uma forma de facilitar estas relações entre a China e outros países sem sofrer estas restrições. Por exemplo, um exportador de petróleo iraniano poderia exportar para a China, recebe cripto yuans sem passar pelo sistema financeiro internacional (Swift, etc). E mais tarde usar estes cripto yuans para comprar bens e serviços na China. Ou até comprar de outros países que aceitarem recebercripto yuans. É uma forma de ameaçar a hegemonia do dólar e do sistema financeiro internacional (que sofre forte influencia dos EUA). Ou seja, tem muito mais por de trás desta inciativa…”, destaca o especialista.

No Brasil, até o momento, o banco central não anunciou qualquer estudo sobre CBCC ou stablecoins, pelo contrário, o atual presidente já se pronunciou contra o Bitcoin por diversas vezes, mas uma startup, a BRLT Money, anunciou em outubro deste ano, o lançamento do BRLT (Brazilian Real Token), a primeira stablecoin lastreada em real que, segundo o site oficial, busca trazer “estabilidade e segurança para entusiastas e empreendedores desse meio tecnológico”. O anúncio também foi divulgado através de um texto no Medium, escrito por Cláudio Holanda. Nele, são mostrados detalhes sobre o token, quais problemas ele busca solucionar e como será o seu funcionamento.

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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