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Entrevista com os dois responsáveis pela primeira compra com Bitcoin

O nome Lazlo Hanyecz certamente é bastante familiar para os entusiastas de Bitcoin e criptoativos ao redor do mundo: o programador, que mora no estado norte-americano da Flórida, ficou conhecido mundialmente por ser a primeira pessoa a ter usado bitcoins como um meio de troca para a compra de um bem.

Em 22 de maio de 2010, Lazlo realizou a compra de duas pizzas, tendo pago 10 mil bitcoins pela transação. A quantia, que equivalia a cerca de US$45 na época, vale mais de US$70 milhões atualmente. O evento deu origem ao Bitcoin Pizza Day, comemorado anualmente por investidores, usuários e entusiastas do Bitcoin em todo o mundo.

Mas a transação não envolveu apenas uma parte. Jeremy Sturdivant, também conhecido como “Jercos”, participou do negócio: ele foi o responsável por receber os 10 mil bitcoins de Lazlo e enviar-lhe as duas pizzas.

Desde o dia em que os dois fizeram a transação até hoje, o uso da moeda digital decolou: pessoas do mundo inteiro usam Bitcoin para negócios imobiliários, compras online, reservas de aviões e, é claro, comprar pizzas. Porém, Lazlo e Jercos permaneceram relativamente anônimos no mercado. Pelo menos até agora. O portal de notícias internacional Cointelegraph consegui uma entrevista exclusiva com eles, a qual reproduzimos aqui no Criptomoedas Fácil.

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Lazlo: o homem que comprou duas pizzes e pagou com Bitcoin

Cointelegraph: Você provavelmente ouve muito essa pergunta, mas eu tenho que fazê-la. Com 10 mil Bitcoins valendo cerca de US$80 milhões hoje, você já se arrependeu de ter pago esse valor por duas pizzas?

Lazlo Hanyecz: Sabe, eu não me arrependo. Eu acho que é ótimo eu ter feito parte da história inicial do Bitcoin, e as pessoas saberem sobre a pizza a torna uma história ainda mais interessante, porque todo mundo pode se relacionar com isso e ser como: “Oh meu Deus você gastou todo esse dinheiro!” Eu também estava dando suporte técnico aos usuários nos fóruns e eu usei o Bitcoin no MacOS, e você sabe, algumas outras coisas – consertar bugs e outros. Eu sempre quis que as pessoas usassem o Bitcoin para poder comprar pizza. Não achei que me tornaria tão popular quanto ele (o Bitcoin), mas essa tem sido uma história realmente cativante para as pessoas.

CT: Então você usa o Bitcoin na vida cotidiana?

LH: Sim, eu tento usar Bitcoin sempre que posso. Eu comprei muitas coisas ao longo dos anos com Bitcoin, eu brinco com o software Bitcoin e coisas do tipo, mas tento manter isso como um hobby. Mas eu realmente não usei muito o Bitcoin em pagamentos à vista. Eu fiz isso na internet. É uma daquelas coisas em que gosto de ficar de olho e gosto de participar on-line, mas no que diz respeito a vida real, sinto que não é realmente o melhor. Isso tende a ser mais frustrante, e o objetivo é que o Bitcoin se torne melhor que o status quo, certo?

CT: Qual é a sua criptomoeda favorita?

LH: Bitcoin! [Risos]

CT: Qual sua pizza favorita?

LH: Pizza? Eu gosto da Supreme.

CT: Em seu post original do primeiro Pizza Day, você comparou seu desejo de comprar uma pizza com a compra de um prato de café da manhã do hotel. Qual é o seu prato ideal de café da manhã?

LH: Oh, eu não sei. Eu gosto de ovos, bacon, panquecas – você sabe, um café da manhã padrão (ovos, bacon e panquecas são o café da manhã típico nos Estados Unidos). Apenas para explicar melhor a razão pela qual fiz essa comparação, eu estava pensando na experiência de pegar o telefone e dizer: “Ei, eu gostaria de café da manhã no quarto 123”. Eu só sou cobrado na minha conta e eu recebo a comida – não me importo como eles fizeram a cobrança.

Quer seja um contratado, ou a Papa Johnes (terceira maior rede de entregas de pizzas do mundo), ou quem quer que o traga. O que eu estava tentando fazer era deixar claro que eu não queria que alguém me enviasse um cartão de presente da Papa Johnes, ou um crédito da Domino’s ou qualquer coisa assim. Eu queria comida e queria pagar em Bitcoins. Porque se eu posso comprar comida com isso, então o Bitcoin é tão real quanto qualquer outro dinheiro, certo? Comida é uma necessidade básica – se eu posso comer com Bitcoin, eu posso viver com Bitcoin.

CT: O seu trabalho atual envolve o trabalho com criptomoedas?

LH: Eu realmente não gosto de me envolver em criptoativos como um negócio principal. Para mim é meio que um projeto paralelo. Eu sei que é meio estranho explicar para as pessoas, mas eu sinto que isso é mais divertido para mim do que se fosse como um trabalho das nove às cinco de “Oh, você sabe, vamos fazer alguns negócios.” Eu não quero ser um desses caras com um esquema fraudulento de ICO ou algo parecido.

Recentemente, no meu trabalho, eu meio que convenci as pessoas aqui a aceitarem Bitcoin e, sendo um desenvolvedor, eu o integrei em nosso site. Estamos tentando ver como isso vai funcionar. As pessoas aqui estão animadas com isso, elas estão animadas sobre o que eu fiz. E então estamos tentando. Eu estou meio que aplicando meu passatempo no trabalho agora, então é muito legal quando você pode fazer isso.

CT: Você já pensou em comprar uma pizza com outras criptomoedas além do Bitcoin?

LH: Eu gosto do Bitcoin. Eu estava por perto cedo, quando havia apenas o Bitcoin, e para mim, as moedas que o copiam, ou o que você quiser chamá-las – você sabe que 90% dessas coisas são simplesmente cópias do Bitcoin que apenas mudaram o logo e uma ou outra coisa. Eu não estou tão interessado nesses, estou interessado em Bitcoin.

CT: Como você acha que a Lightning Network (LN) tornará o Bitcoin mais popular?

LH: A LN também não é perfeita, tem problemas, pode ser abusada de várias maneiras, mas é um passo nessa direção, e para mim, se algo como a LN decolar, eu acho que você vai ver todos os varejistas on-line mudando para ela. Ninguém vai querer usar MasterCard, Visa e PayPal.

Eu acho que a LN é definitivamente o objetivo para trazer mais usabilidade para as pessoas, porque realmente permite pagamentos instantâneos, e os pagamentos de Bitcoins não são instantâneos. Se você está aceitando pagamentos com zero confirmação, você não está realmente fazendo isso corretamente. E não há problema em fazer isso se você estender a confiança para as pessoas, porque a mesma coisa acontece com um cartão de crédito – tudo que você tem é a promessa de hoje, você não foi realmente pago. Então, em algumas empresas, tudo bem, mas esse não é o espírito do Bitcoin, você não deveria confiar em ninguém, você deveria ser capaz de dizer “Ei, eu tenho esse Bitcoin, e aqui está a prova criptográfica”. A LN também pode nos devolver um pouco da privacidade que as pessoas originalmente pensaram erroneamente que tinham.

CT: Na foto de sua família comendo a “Lightning Network Pizza”, seus filhos estão vestindo camisetas “I <3 Bitcoin”. Você educa seus filhos sobre o Bitcoin?

LH: Liam é meu filho, ele tem sete anos. Amy, minha filha, tem nove anos. Eles realmente têm suas próprias carteiras de papel, possuem um milésimo de Bitcoin ou algo parecido. Eu mostrei a eles como ir na GDAX e coisas assim. Eu apenas fiz um marcador no computador deles para que eles pudessem verificar o preço. Eu mostrei a eles como multiplicar seu pequeno milésimo de Bitcoin pelo preço e coisas assim.

Jercos: o homem que recebeu 10 mil bitcoins por duas pizzas

Jeremy Sturdivant, ou Jercos, também foi entrevistado junto com Lazlo. Jercos foi o sortudo que recebeu 10 mil bitcoins em troca das pizzas compradas por Lazlo. No entanto, ele acabou convertendo os bitcoins durante uma viagem que realizou – e recebeu algumas poucas centenas de dólares em troca. Mas ele afirma que ainda utiliza Bitcoin em seu cotidiano de alguma forma.

“Fazer um contrato independente traz dinheiro de várias formas, e eu recebo em Bitcoin, Litecoin e até Dogecoin. No entanto, os supermercados que costumo frequentar não aceitam, por isso, na maioria das vezes, eu os utilizo em operações de trading, além em serviços on-line como a Steam, Humble Store e outros varejistas de videogames que aceitaram o Bitcoin durante muito tempo – quando eu tinha tempo livre para jogos. Certamente a maior parte da minha biblioteca Steam foi paga com Bitcoin.”

Quando perguntado sobre a maior quantidade de Bitcoin que ele já teve, Sturdivant estima que seja perto de 40 mil unidades, devido à mineração e comercialização logo no início.

“Eu nunca vi o Bitcoin como um investimento, e embora seja fácil olhar para trás e dizer ‘eu poderia ter sido um milionário’, eu acho que é mais importante olhar para a mentalidade que eu tive durante a transação de pizza, não aquela de adquirir um investimento, mas de fazer uso como uma moeda. Se eu estivesse procurando acumular moedas, provavelmente não estaria no lugar certo nem na hora certa.”

Sturdivant também observou que ele também continuou comprando e vendendo pizza com criptomoedas usando Bitcoin, Litecoin (LTC) e Ethereum (ETH), e que prefere pizza com carne e cebola roxa, embora “por um pouco de controvérsia, eu goste de ‘bastante pizza havaiana'”.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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