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Elon Musk e a nova era do pump and dump no Twitter

Antigamente, eram os insiders do mercado — analistas, economistas, estrategistas de investimento e gerentes de portfólio — que forneciam informações do mercado na expectativa de atrair o dinheiro dos investidores. Agora, Elon Musk e estrelas de Hollywood tomaram a cena.

Essa tática, que muito se assemelha com os conhecidos grupos de pump e dump, tem demonstrado que alguns manipuladores do mercado saíram dos “escondidos” grupos em redes sociais (principalmente Telegram e Discord) para a propaganda descarada em perfis de famosos no Twitter e Instragram.

Como operam os “tradicionais” grupos de Pump e Dump

Pump and dump é uma prática antiguíssima no mercado de criptomoedas e foi “herdada” do mercado tradicional.

Ela consiste em inflar artificialmente um ativo e depois liquidar sua posição no “topo” do preço. Isso gera lucro para quem comprou antes, e prejuízo para quem acredita que o ativo iria subir ainda mais.

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No mercado tradicional, mais regulamentado, essa fraude também existe. Por exemplo, de acordo com a Exame, em 2016 a CVM processou o fundador do TradersClub, Rafael Ferri, por manipular as ações da Mundial S.A.

Mas, em razão da uma regulamentação menos rígida (ou ausência de normas específicas) do mercado de criptomoedas, esse tipo de prática tem crescido e se destacado mais.

Ressalta-se, todavia, que a ausência de uma regulamentação focada diretamente no mercado criptomoedas não inibiu, por exemplo, que a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC) emitisse um comunicado aos consumidores americanos ressaltando os riscos de esquemas de pump and dump.

Os famosos na linha de frente

Mais recentemente, alguns famosos manifestaram interesse em criptoativos em suas redes sociais.

Em meados de janeiro deste ano, a atriz Lindsay Lohan gravou um vídeo prevendo que o preço do Bitcoin atingiria US$ 100 mil. O Ethereum, por sua vez, alcançaria os US$ 10 mil.

O que se descobriu depois é que o vídeo da atriz foi adquirido por meio da plataforma Cameo – site conhecido por intermediar vídeos personalizados de artistas.

Até o controverso e extremamente marketeiro Justin Sun, criador da Tron, está sendo acusado de pagar para celebridades promoverem o TRX.

Tudo começou quando a mesma Lindsay Lohan parabenizou Sun em seu Twitter. Depois, o cantor Ne-Yo e a atriz de conteúdo adulto Kendra Lust também teceram comentários elogiosos ao criptoativo.

Rapidamente, a comunidade cripto percebeu a jogada arquitetada por Justin Sun e reagiu dizendo que Sun pagou por todos esses tweets.

O rapper Snoop Dogg e o baixista do KISS, Gene Simmons, também andaram promovendo a Dogecoin em seus perfis no Twitter, gerando uma boa valorização.

O mestre samurai do pump

Entretanto, até agora, nenhuma outra celebridade supera os alvoroços criados por Elon Musk, criador da Tesla e SpaceX. Não é segredo para ninguém do mundo cripto que Musk conhece e investe em criptoativos.

O bilionário é, inclusive, reconhecido na comunidade por adorar a moeda meme Dogecoin.

Em dezembro de 2020, o dono da Tesla publicou um meme em seu Twitter dizendo “eu tentando viver uma vida produtiva”:

Elon Musk publica meme sobre Bitcoin

Ele ainda fez outra publicação, dizendo que “Bitcoin é a minha palavra de segurança”.

Elon Musk em uma de suas recentes publicações sobre Bitcoin no Twitter. Fonte: Elon Musk/Twitter

Porém, no dia 29 de janeiro, Musk incluiu “Bitcoin” em sua descrição no Twitter. Ele completou com uma publicação dizendo: “em retrospecto, era inevitável”.

Em pouco tempo, o Bitcoin disparou e chegou a valorizar 20% no mesmo dia.

No entanto, parece que esta não foi a jogada de mestre de Elon Musk. Fevereiro chegou e, juntamente com o mês, surgiu um aviso que surpreendeu o mercado.

Bitcoin no balanço das empresas

Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), a Tesla informou que alterou sua política de investimentos para permitir a compra criptoativos. Resultado: a empresa comprou US$ 1,5 bilhão em Bitcoin.

Como era de se esperar, o mercado como um todo agiu em polvorosa, fazendo com que a cotação do Bitcoin rompesse sua máxima histórica.

Agora, a Tesla — empresa de capital aberto na NASDAQ — possui em seu balanço mais de R$ 7,5 bilhões em Bitcoin.

Para completar sua alegria, a companhia é comandada por uma personalidade que demonstrou plena capacidade de, em um tuíte, impulsionar o mercado de maneira assustadora.

Não seria surpresa, entretanto, se a SEC ou a CFTC (em suas competências concorrentes) analisassem as declarações dessas celebridades nas redes sociais com maior cuidado, a fim de apurar eventual manipulação do mercado.

A dúvida que se apresenta é: como o mercado reagiria?

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Aviso: O texto apresentado nesta coluna não reflete necessariamente a opinião do CriptoFácil.

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José Domingues da Fonseca

Advogado e entusiasta do mundo cripto. Nascido no interior de São Paulo e acolhido pela cidade maravilhosa. Também é apresentador do Bitcast e fundador da Universo Cripto. Conheça mais em jota.site/k7e3

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