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Economista da Atlas Quantum avalia a possibilidade de parte do mercado de derivativos migrar para o Bitcoin

O mercado de criptomoedas não tem apresentado bons resultados em termos de preço ao longo de 2018. No entanto, isso não tem assustado as empresas que operam neste mercado, em particular a Atlas Quantum, empresa brasileira focada em investimentos em criptomoedas.

Administrando ativos digitais de mais de 260 mil clientes, que somados possuem mais de R$100 milhões (em criptomoedas), a Atlas é uma das principais empresas brasileiras a atuar no ecossistema da criptoeconomia e, para Igor Mallagoli, analista de investimento da empresa o mercado de baixa representa novas oportunidades e não medo e preocupação.

Mallagoli concedeu uma entrevista ao Criptomoedas Fácil, onde destaca que, ao londo da história, os preços do Bitcoin enfrentaram oscilações semelhantes e, no atual estágio o suporte de preços, gira em torno de US$3 mil. No entanto, o analista ressalta que a expectativa quanto à entrada de investidores institucionais pode trazer um valor absurdo para o mercado de criptomoedas. Confira!

Criptomoedas Fácil:  Durante todo o ano de 2018, o BTC viveu um mercado de baixa frente à máxima história de dezembro de 2017. O que a Atlas acredita que motivou este movimento?

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Igor Mallagoli: Historicamente o mercado de ativos digitais passa por ciclos. Em 2011 o preço do Bitcoin saiu de centavos de dólar para cerca de US$ 35. A maior parte deste ganho de preço acontece em poucos meses e isso atrai muito atenção. Em seguida o mercado derreteu com perdas de mais de 80%. Em 2013 a mesma história se repete: o Bitcoin chega a aproximadamente US$ 1100 e depois derrete mais de 80%. O mesmo está ocorrendo em 2017-2018. Portanto, após grandes valorizações no preço é esperado que correções aconteçam. Por se tratar de um ativo com 10 anos de existência, o trabalho de precificação é complexo e incipiente e temos poucos indicadores e métricas que tangenciem esse possível ‘valuation’. É importante notar que as únicas constantes no mercado de ativos digitais até o momento são a alta volatilidade e o crescimento do nível de preços.

CF: Alguns analistas apontam que a dívida dos EUA (perto de US$9 trilhões) pode trazer um novo fôlego para o mercado de criptomoedas, pois o dólar entraria em decadência. No entanto, outros apontam que isso poderia tirar investidores de todos os mercados por conta do FUD. Qual a opinião da Atlas sobre o caso e o que a empresa acha que pode impulsionar os preços do BTC à uma recuperação?

IM: Ainda é difícil traçar relações entre a economia tradicional e a criptoeconomia. Discute-se muito a hipótese de o Bitcoin e outros ativos digitais serem um macro hedge. A verdade é que ainda descobriremos o que irá acontecer. O sistema financeiro atual é inflacionário e incentiva a dívida – o Bitcoin oferece exatamente o oposto. Em comparação, mercados mundiais possuem quantias absurdas de capitalização quando comparadas aos ativos digitais. Em um levantamento realizado pelo Visual Capitalist, a capitalização do ouro é próxima de US$ 7.7 trilhões – aproximadamente 100x maior que a do Bitcoin atualmente (capitalização atual US$ 74 bilhões).  O mercado de ações mundial gira em torno de US$ 80 trilhões, o débito mundial gira em torno de US$ 215 trilhões e uma estimativa grosseira de todos os contratos de derivativos gira em torno de US$ 1.2 quatrilhões, isso mesmo, 1.2 quadrilhões de dólares. Ou seja, comparativamente, a capitalização do BTC é muito pequena e uma pequena redistribuição desses mercados para o de ativos digitais representará um grande impacto nos preços.

CF: A Atlas trabalha com arbitragem e trade, e neste mês o mercado tem oscilado “como nos velhos tempos”. Isso tem proporcionado novas oportunidades de ganhos para a empresa?

IM: A Atlas trabalha somente com arbitragem para seus clientes. Trade é somente realizado com o capital próprio. Nossas estratégias de arbitragem são muito eficientes e a volatilidade nos permite melhores oportunidades de ganhos.

CF: Em sua opinião, porque o Bitcoin não está conseguindo sustentar o suporte e, embora oscila positivamente em um dia, é seguido por uma forte baixa no dia seguinte?

IM: Estamos em um “bear market”, ou seja, o mercado está em tendência de queda. Oscilações e repiques no preço são inerentes aos mercados, especialmente nos mais voláteis. O próximo suporte forte, esperado pelos traders e de acordo com a análise gráfica está na faixa dos US$ 3.000 à US$ 3.300. Caso o suporte segure o preço acima desta faixa, podemos começar a ver o início de uma recuperação no preço. O consenso atual de mercado é que oscilemos entre US$ 3.000 US$ 6.000 USD pelos próximos meses.

CF: Como avalia o mercado de criptomoedas no Brasil que pode ter um ano ‘duro’ em 2019 com Receita Federal apertando o cerco com propostas inexequíveis para exchanges; a Justiça ‘lavando as mãos’ no caso dos Bancos x plataformas de criptomoedas; CVM e Câmara dos Deputados sem regulamentação clara sobre o tema, entre outros pontos?

IM: É difícil comentar sobre os rumos da justiça, mas a tendência é que se busque o caminho da regulação de modo a evitar práticas de fraude, corrupção e lavagem de dinheiro. Essa é uma consequência natural da evolução do mercado, sabíamos que a regulamentação eventualmente viria, não apenas no Brasil, mas também no mundo inteiro. Por isso é importante também estar atento aos movimentos de órgãos internacionais como a SEC, uma vez que tendem a ser os primeiros a se moverem. O que há de positivo nesse cenário é o surgimento de fundos regulamentados, o que pode facilitar a entrada do investidor institucional no mercado.

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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