Criptomoedas na ficção: Designated Survivor

Pra quem acompanhou meus posts, o fato de que audiovisual é uma das minhas paixões não deve ter passado desapercebido, então eu me peguei lembrando de diversos filmes e séries que citam bitcoin e outras criptomoedas essa semana enquanto assistia o primeiro episódio da segunda temporada de Designated Survivor (tem no Netflix, recomendo).

Pra dar um pouco de contexto, vou contar um pouco sobre a série e tentar não dar muitos Spoilers, mas com certeza alguns vão ocorrer, então recomendo que pare aqui mesmo e vá assistir caso queira evitar. Você foi avisado.

Aviso dado, vamos ao que interessa.

O Presidente dos EUA e o Congresso foram explodidos num atentado ao Capitólio (nem spoiler é, episódio 01, please), e por causa de uma medida de segurança que é exatamente o nome da série, sempre um dos senadores é deixado de fora da reunião anual do State of the Union, que é onde o Presidente faz o discurso no Congresso. Porque? Caso algo aconteça (terremoto, furacão, atentado terrorista, aliens, o que for), esse senador assume a presidência provisória. Nosso personagem principal assume a presidência, inicialmente se suspeita de um grupo terrorista árabe, mas logo investigações apontam que foi um grupo americano radical.

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No episódio em questão, uma agente do FBI está junto com um espião britânico do MI6 na trilha do lider do grupo radical na Alemanha. O cara fez uma compra em Bitcoin de um volume gigante de computadores pra montar um supercomputador. Depois de certa investigação, eles descobrem o único fornecedor que aceita Bitcoin e que poderia dar conta de uma compra desse tamanho. Eles pedem o endereço do cliente, o vendedor se nega dizendo que depende da reputação de não entregar clientes e eles fazem aquela típica conversinha de agente do FBI de filmes e séries (você é a única prova do que ele fez, se a gente não pegar ele, ele volta pra te eliminar e apagar os traços, a gente cuida de você) e o vendedor simplesmente vomita o endereço de entrega. Chegando lá, (surprise!!!) não tem nada, mas num típico ataque de genialidade induzida pelo roteirista, o agente de TI semi inútil simplesmente lembra que tantos computadores iriam puxar muita energia e emitir muito calor, booom, acham o novo lugar num galpão abandonado.

Agora vamos ver o que faz sentido ou não nessa história….

  • Se o cara usou Bitcoin pra fazer a compra, existem poucas formas de eles sequer terem descoberto, então eles sabiam que o endereço do qual partiu uma quantia muito específica de Bitcoin era do cara que eles tavam procurando, e quero acreditar que um terrorista que era relativamente cuidadoso e praticamente não deixou muito traço a primeira temporada inteira não seria tão burro.
  • Alemanha: Faz bastante sentido porque é um dos lugares com uma cultura de comércio aceitando Bitcoin a mais tempo, em Berlin mesmo existe um bairro onde praticamente todos os comércios aceitam Bitcoin, junte-se a isso todo aquele esquema de alemão = inimigo que existe por causa da Segunda Guerra Mundial e a vontade dos legisladores e de parte da mídia americana de demonizar criptomoedas, então associar o Bitcoin com um alemão que vende suprimentos no mercado negro pra um terrorista vilão da série é bem conveniente.
  • O vendedor muda de atitude assim que sugerem que o cliente possa vir atrás dele pra apagar os rastros. Eu não sei vocês mas um cara que vende computadores no mercado negro por Bitcoin deveria ser um pouco menos influenciável, principalmente considerando que esse provavelmente esse não é o primeiro cliente duvidoso que ele atende, é de se esperar que alguém envolvido com esse tipo de risco tenha uma série de mecanismos de segurança e saiba se cuidar. O próprio fato que os agentes descobriram quem era o vendedor mostra que o roteiro fez ele propositalmente incompetente pra dar a mínima chance dos heróis continuarem da trilha do suspeito, num movimento bem Deus ex machina (quando algo convenientemente salva ou ajuda o personagem principal de forma pouco convincente), não que eu considere que todo vendedor que aceita Bitcoin é um gênio, mas se espera que alguém que vá fazer uma compra num volume grande e que está sendo caçado pelo FBI tenha pelo menos o bom senso de procurar um dos melhores do mercado, não qualquer mané que vá ser descoberto facilmente, não?

Nem vou comentar o esquema todo de achar o galpão pelo calor porque por mais que seja uma das minhas séries favoritas no momento, eu já trato ela como ficção científica a algum tempo, porque tem algumas coisas que simplesmente não fariam sentido num universo supostamente realista.

Essa foi minha crítica a esse caso específico, espero em breve escrever sobre outros casos de criptomoedas na ficção. E vocês, assistiram? O que acharam? Mais algum filme ou série que eu deva comentar? Qual a aparição mais realista e a mais fantasiosa do universo das criptomoedas no entretenimento na opinião de vocês?

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