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Conheça mulheres que buscam garantir maior inclusão no ecossistema blockchain

Embora as criptomoedas tenham apenas 10 anos de existência, as mulheres, e diversas minorias, ainda são bastante sub-representadas nesse meio, seja como profissionais, seja como investidoras. Em Israel, uma mulher tem a chance de mudar esse quadro da indústria de tecnologia.

Recentemente, Yael Rozencwajg teve uma experiência incomum para uma mulher no mundo da tecnologia. Falando em uma conferência para executivos sobre blockchain e Internet das Coisas (IoT), Rozencwajg se viu explicando o sistema de contabilidade digital que forma a base da tecnologia por trás das criptomoedas para cerca de 200 pessoas – a maioria formada por CEOs brancos e homens. “Havia muita coisa que eles não sabiam”, disse a fundadora da startup Blockchain Israel ao site Fast Company.

A diferença? O público foi respeitoso e deferente, apesar da realidade predominante de que quando as mulheres estão em desvantagem num ambiente de trabalho como esse, vários estudos mostram que elas são confrontadas, interrompidas ou simplesmente ignoradas em suas falas.

Rozencwajg atribui essa atitude fora do padrão à relativa novidade do ecossistema blockchain. A tecnologia tem apenas 10 anos e foi usada inicialmente para registrar transações de Bitcoin. Mas desde então, suas aplicações passaram de transferência de valores para contratos inteligentes e outras que precisam da segurança que um registro imutável pode fornecer. Esses aplicativos são tão novos que, em outro evento, Rozencwajg identificou um erro no slide de um apresentador sobre contratos inteligentes e o ajudou a corrigir antes que a apresentação fosse entregue ao grupo.

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Embora Rozencwajg admita que ela não tem medo de falar mesmo quando é a única mulher no grupo, ela tem recebido muitas críticas ao longo dos anos, desde que trabalha com tecnologia.

“Há uma aceitação de que as mulheres sabem do que estão falando”, afirma ela. A novidade desse mercado, explica ela, “coloca todos nós no mesmo nível.”

Nada arriscado quanto parece

As barreiras à entrada são principalmente sobre a percepção quanto às mulheres, de acordo com Emilie Choi. A ex-vice-presidente e chefe de desenvolvimento corporativo do LinkedIn juntou-se à exchange americana Coinbase em março de 2018, uma mudança de uma equipe profissional de mais de 13.000 pessoas para uma startup com menos de 500.

“É intimidador para pessoas de fora pensar no mundo das criptomoedas”, afirma Choi. Não apenas isso, é o mundo geralmente associado ao homem, explica Choi, mas a cobertura da mídia sobre a volatilidade dos preços da moeda virtual, “e as palhaçadas de certas personalidades”, reforça o mito das criptomoedas/blockchain como um universo masculino. Essa visão, segundo Choi afirma, é “errônea”.

Na Coinbase, ela diz que existe uma cultura mais inclusiva do que outros lugares em que ela trabalhou. Embora Choi admita que a curva de aprendizado foi difícil desde o início, havia uma ampla gama de pessoas experientes na equipe para ajudá-la a se adaptar. Além disso, ela observa, um terço da equipe executiva da Coinbase pertence ao sexo feminino. Choi afirma o que a levou a sair da “estabilidade” do trabalho no LinkedIn: “Eu queria outra experiência única em uma empresa de tecnologia”. Dito isso, ela admite: “O objetivo é servir uma base diversificada. Se eu soubesse [como a Coinbase era inclusiva por dentro e por fora], eu teria ido para lá mais rápido”.

Diversidade potencial

Foi exatamente essa diversidade que atraiu a advogada Paroma Indilo para trabalhar com empresas de blockchain. Advogada especializada em assessorar empresas no lançamento de Ofertas Iniciais de Moedas (ICO), ela começou a se envolver com o mercado há dois anos, depois de participar de uma conferência e aprender mais sobre investimentos em Bitcoin e Ethereum.

“Como advogada, sou um pouco avessa ao risco”, ela admite. Mas também afirmou que passou muito tempo lendo sobre o assunto e aprendeu que a tecnologia blockchain, que sustenta as criptomoedas, “tem o potencial de mudar a economia mundial para melhor.”

Na visão de Indilo, a blockchain é semelhante à promessa da internet, onde todos com acesso tinham a chance de participar. No entanto, essa democratização não foi totalmente realizada, pois áreas com conexão limitada dificultam a participação e o crescimento de grandes empresas de tecnologia. Os dados criados na internet são “um enorme ativo que, essencialmente, é de propriedade de poucas empresas, que os utilizam em benefício próprio”, diz ela. “Nem sequer entendemos por que estão fazendo certas coisas e, em muitos casos, ocorre a invasão de privacidade”.

Mas a tecnologia blockchain pode cumprir essa promessa. O simples fato de alguém poder enviar e receber dinheiro de maneira segura e transparente tem enormes implicações para as populações do mundo bancário e sem banco. E isso não se resume ao dinheiro, diz Indilo. O Opu Labs, aplicativo criado em blockchain, permite que os usuários digitalizem seus rostos e obtenham análises sobre as condições da sua pele. Essas informações pessoais não são apenas seguras e não podem ser adulteradas, mas Indilo ressalta que as pessoas estão sendo pagas para conseguir algo valioso. A plataforma remunera o usuário que enviar seus dados para um dermatologista, mas a escolha de compartilhar os dados é inteiramente da pessoa.

Essas iniciativas podem ajudar a tecnologia blockchain a alcançar novos passos nos mais diferentes mercados e causar a revolução digital que há muito vem sendo prometida – uma revolução que, graças ao papel feminino, pode se tornar ainda mais diversificada e abrangente.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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