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Como fazer uma análise de valuation do Bitcoin?

Em nove anos desde o seu surgimento, o Bitcoin sempre foi tratado com desconfiança e até mesmo um certo desprezo por parte de grandes investidores e analistas profissionais de mercado.

Analistas de mercado soltam jargões sobre “valor intrínseco”, mencionam a falta de utilidade prática do bitcoin e a incapacidade de se fazer uma análise de fundamentos em criptomoedas para desqualificá-las como possíveis investimentos. Logo, o alto preço de mercado que esses ativos obtiveram (e também o valor de mercado total, que já chegou perto dos 800 bilhões de dólares) seria meramente uma especulação, uma grande bolha, a qual levará milhares de pessoas a falência quando finalmente estourar.

Mas será que é mesmo impossível fazer uma análise de fundamentos no mercado de criptomoedas? Não há nenhuma forma de verificar se um projeto baseado em blockchain possui fundamentos sólidos que permitam o investimento com uma maior mitigação de riscos ao investidor? – Sim, existe.

Novas métricas, velhos conceitos

Embora poucas pessoas conheçam, o Bitcoin possui fundamentos que podem ser vistos e analisados por qualquer investidor, ou potencial investidor, que possua acesso a uma conexão de internet. E assim como a análise dos fundamentos de empresas podem ser vistas através dos sites de RI (relações com investidores), o Bitcoin também possui a sua versão desse tipo de serviço: o site Blockchain.info.

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A Blockchain.info surgiu como uma das primeiras carteiras para Bitcoin, mas logo se transformou em um verdadeiro acervo de dados sobre a rede Blockchain. O site reúne gráficos e estatísticas completas sobre todos os aspectos do Bitcoin e de sua rede em mais de 30 tabelas, as quais mostram o histórico de crescimento da moeda desde o seu lançamento, em 2009.

O site mostra não apenas a cotação de mercado do Bitcoin, mas também dados sobre a rede e seu poder de processamento, informações de mineração e vários outros aspectos.

No entanto, como utilizar isso para fazer uma avaliação baseada em valuation?

Eu, particularmente, recomendo utilizar alguns indicadores específicos, especialmente se o investidor estiver iniciando os seus estudos em criptomoedas. O primeiro deles, e o mais utilizado depois do preço, é o valor total de mercado da moeda (ou marketcap). Esse indicador mostra o valor total de todas as unidades de bitcoins emitidas até hoje. Fazendo uma comparação com o mercado de ações, ele corresponde ao valor de mercado das empresas.

Um segundo indicador importante nessa análise é o volume total de negociação nas principais exchanges do mundo. Ele mostra o histórico de aumento das negociações da moeda, indicando a capacidade de liquidez que o investidor terá ao negociar esse ativo no mercado.

O poder de mineração da rede (hashrate) também é um bom indicador. Como dito pelo próprio criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, a rede considerada “autêntica” do Bitcoin será a rede que possua o maior poder de mineração reunido. Quanto maior o poder de processamento da moeda, mais segurança a rede terá contra ataques e tentativas de roubos de fundos.

Por fim, um indicador que também considero relevante nessa análise é o número total de transações da rede. Isso indica o quanto a rede de uma determinada moeda está sendo utilizada e se essa taxa está aumentando ou diminuindo. Quanto maior o número, mais demandada estará sendo essa rede. Consequentemente, maior será o valor da moeda (ou token) que alimenta a rede. No caso da Blockchain, o Bitcoin.

O caso Credit Suisse

Recentemente, tivemos a notícia de que o banco Credit Suisse se tornou o primeiro banco no mundo a realizar uma análise de preço do bitcoin com base no valuation da moeda. Uma equipe de analistas do banco na Austrália, liderada pelo analista Damien Boey, afirma ter conseguido chegar ao “preço justo” do bitcoin, que traz duas notícias para os investidores que guiam as suas avaliações de ativos por uma estratégia de valor.

A primeira delas é que sim, uma avaliação fundamentalista do valor do Bitcoin é possível de ser feita. No caso do banco suíço, foram levados em conta vários fatores, dentre eles o chamado valor de rede (network value), ou o aumento do número de pessoas que passaram a utilizar o Bitcoin. Esse indicador também pode ser usado para definir o valor ou utilidade de uma rede social, como o Facebook. O gráfico abaixo mostra esse aumento da rede:

 

Por fim, a análise também cita a mudança dos spreads de determinados créditos emitidos por bancos centrais, os créditos BBB, o que explicaria a maior parte do valor da moeda (cerca de 95% do valor).

E é aqui que está a segunda notícia – que pode não ser tão boa – para os investidores de bitcoin. Segundo Boey, a alavancagem dos spreads de crédito pode ter sido utilizada para direcionar recursos voltados a aquisição da moeda digital.

“Em um extremo, isso pode significar que a alavancagem tem sido utilizada para financiar investimentos no Bitcoin ao longo do tempo. Alternativamente, isso poderia significar que a avaliação da moeda é altamente sensível a qualquer coisa que tenha impulsionado os spreads de crédito nos últimos anos (por exemplos, os programas de flexibilização quantitativa dos bancos centrais)”, afirma Boey em seu relatório.

Isso pode significar que os programas de emissão de dinheiro gerados pelos bancos centrais podem ter contribuído para o boom da cotação do Bitcoin nos últimos anos.

Com base nesses dados, a equipe de analistas colocou o “preço justo” da moeda em 6 mil dólares, patamar quase 50% menor do que a atual cotação.

Conclusão

É possível concordar ou não com a análise do banco suíço. Não obstante o fato de que o “preço justo tenha sido colocado muito abaixo do preço atual do Bitcoin, o fato é que o relatório do Credit Suisse mostrou que os mercados estão começando a ver o Bitcoin como algo que merece uma analise de valor mais apurada e livre de dogmas e preconceitos.

E o próprio ecossistema de criptomoedas já fornece várias ferramentas para auxiliar os mercados tradicionais nessa empreitada. Assim como ao pequeno investidor.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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