Economia

Circle diminui exposição a títulos dos EUA em meio à instabilidade econômica

Os Estados Unidos estão passando por uma crise política e econômica que, de maneira indireta, afeta uma das maiores stablecoins do mercado. Diante disso, a Circle, emissora da stablecoin USDC, reduziu a participação de títulos de dívida do país no seu balanço.

De acordo com informações, a Circle não possui mais títulos do Tesouro com vencimento após o início de junho. Ou seja, as reservas da USDC agora contam apenas com papéis que vencem em menos de 30 dias.

O motivo dessa mudança é que a Circle não quer se envolver em um possível calote da dívida dos EUA. Mas como a maior economia do mundo pode estar prestes a ficar sem dinheiro para pagar suas dívidas?

Teto de vidro

Para responder à pergunta acima, é preciso entender como funciona o controle da dívida nos EUA. Lá, assim como era no Brasil até 2020, existia um teto para o endividamento do governo. Portanto, o estado tinha um limite para gastar.

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Só que ao contrário do Brasil, onde o teto definia que as despesas não podiam crescer acima da inflação, nos EUA o valor é absoluto. Por exemplo, o atual teto da dívida afirma que o governo estadunidense não pode gastar mais do que US$ 31 trilhões por ano.

No entanto, o teto atual da dívida já não serve mais. Por isso, o Congresso dos EUA precisa provar um aumento no limite de gastos. Se isso não acontecer, os EUA podem ficar sem dinheiro para arcar com serviços básicos, como pagamentos de funcionários.

Quando há um estouro do teto, vários serviços costumam parar de funcionar por falta de dinheiro. Por exemplo, parques estatais, manutenção de aeroportos, certas repartições públicas. Mas o pior é que o governo perde a capacidade de emitir dívida. Sem isso, os EUA correm o risco de dar um calote e não ter como honrar seus compromissos.

De acordo com a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, o governo pode não conseguir pagar suas contas a partir 1º de junho. Este é o prazo limite para o atual orçamento do estado acabar, e o governo não poderá emitir novas dívidas.

Com isso, os EUA podem deixar de pagar sua dívida em uma data posterior, gerando preocupação generalizada. Afinal, um calote da maior economia do mundo traria muita turbulência a um mercado já em crise.

Circle busca proteção

Em uma entrevista recente, Jeremy Allaire, CEO da Circle, falou sobre o atual cenário. Allaire destacou que não quer se expor “através de uma violação potencial da capacidade do governo dos EUA de pagar suas dívidas”.

Como tal, a Circle ajustou seu mix de reservas que dão lastro a USDC, mudando para títulos do Tesouro dos EUA de curto prazo para evitar uma queda catastrófica. Os dados do Circle Reserve Fund, que é gerenciado pela BlackRock, revelaram que os títulos em mãos da empresa vencem até 31 de maio.

Uma letra do Tesouro, também conhecida como T-Bill, é uma obrigação de dívida do governo de curto prazo apoiada pelo Tesouro dos EUA. Esse título pode ter vencimentos que variam de quatro semanas a 52 semanas. Ou seja, os T-Bills são investimentos de curto prazo e alta liquidez, utilizados como reservas de emergência. Além disso, são considerados os investimentos mais seguros do planeta, dada a confiança que o mundo possui na capacidade de pagamento da terra de Joe Biden.

Negociação dura

Somente o Congresso tem o poder de aumentar o teto da dívida. Isso faz o tema virar uma discussão acirrada entre Republicanos e Democratas, que tentam obter vantagem sobre isso.

Atualmente, os Republicanos controlam a Câmara dos Representantes, enquanto os Democratas controlam o Senado e a Presidência. Portanto, se ambos não chegarem a um acordo, podem colocar o país em risco de inadimplência com a dívida nacional. 

No entanto, as negociações sobre o aumento do teto da dívida tiveram um início difícil nesta semana, já que as negociações na Casa Branca foram concluídas sem acordo.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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