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Carta pública de um early adopter para a comunidade brasileira de Bitcoin

Nota do redator: o texto a seguir foi enviado através de uma fonte que pediu sigilo sobre a sua identidade. Trata-se de um usuário que deseja alertar para o maior benefício que alguém pode ter ao comprar Bitcoin: a proteção de seu patrimônio contra a ação de governos que imprimem cada vez mais dinheiro para quitar suas dívidas (muitas delas que já são virtualmente impagáveis), e com isso destroem o poder de compra da população – especialmente da parcela mais pobre. As opiniões do texto não devem ser encaradas como uma recomendação de investimento; procure sempre estudar o assunto antes de investir.

Carta pública de um early adopter para a comunidade brasileira de criptoativos – ter Bitcoin é uma urgência!

Durante muitos anos, tudo com que nós, entusiastas do Bitcoin, sonhávamos era exposição. Uma matéria no jornal, um logotipo numa transmissão esportiva, uma piada nos Simpsons poderia ser o portal dourado, a fresta através da qual o Bitcoin invadiria o mainstream.

A realidade se mostrou muito mais grandiosa do que imaginávamos: hoje o Bitcoin já dispõe de discussão diária na CNBC, analistas dedicados em veículos de mídia internacionais, documentário no Netflix, citações sérias em Davos, relatórios pormenorizados dos maiores bancos do mundo, ticker nos principais sites de finanças, capa de revistas voltadas para leigos, matérias otimistas em telejornais, e, logicamente, mais piadas nos Simpsons.

Ainda assim, os bitcoiners mais antigos não se consideram satisfeitos (talvez porque, no fundo, quase ninguém se sinta “satisfeito” por muito tempo na vida): por mais realizador que seja observar todo esse “buzz” ao redor do criptoativo, causa-lhes extremo desconforto a trivialidade com a qual se fala do assunto. Não raro o bitcoin é equiparado ao investimento em um CRI (certificado de recebíveis imobiliários) mais sofisticado, ou em um aplicativo (perdão, “startup”) descolado.

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O investidor mediano absorve esse sentimento e se farta com “incríveis” 30% de rentabilidade. Outros mais corajosos se regozijam em 50% de ganhos e trombeteiam o incomparável resultado. Compram para pouco depois vender, com aquele pensamento meio “blasé” de que “o Bitcoin sempre estará ali caso eu queira voltar.”

O que lhes falta é o senso de urgência.

A melhor metáfora para o bitcoin com a qual já me deparei foi a metáfora do “bote salva-vidas”. Pode não parecer, mas estamos navegando sobre um mar com placas tectônicas poderosíssimas prestes a provocar um verdadeiro tsunami econômico.

Bolha, bolha, bolha… mil vezes bolha!. São dez trilhões de dólares em juros negativos, US$21 trilhões em dívida federal norte-americana, quase quatro trilhões de reais em dívida da União no Brasil (que não consegue poupar para pagar sequer os juros), aposentadorias de servidores brasileiros, europeus e norte-americanos sem a menor condição de serem pagas, um trilhão de dólares em dívida estudantil norte-americana, bancos centrais imprimindo dinheiro para comprar ações, socialismo em alta na juventude norte-americana, crédito automotivo subprime abrindo o bico nos EUA, Quantitative Easing (política de expansão de crédito muito utilizada pós-crise de 2008), aumento de impostos, “guerra” ao dinheiro físico, misandria, fanatismo religioso, fim do dividendo demográfico, PIIGS insolventes. Vende os olhos, dê uma volta, aponte o dedo: há uma bolha ali.

Bolha pontocom? Greenspan empurrou sob o tapete. Bolha imobiliária norte-americana? Sob o tapete.

O Bitcoin é uma ilha de sanidade em meio à loucura econômica

Seu governo ou aquela empresa cujas ações você guarda emitem muita dívida? O Bitcoin é rigidamente escasso. Jamais haverá mais do que 21 milhões de bitcoins. Corre um frio na espinha vendo as imagens de carrinhos de mão cheios de cédulas na Venezuela (elogiada por políticos que terão milhões de votos nas próximas eleições)? O Bitcoin é rigidamente escasso.

Sente queimação quando assiste à matéria sobre a inflação repetindo patuscadas como “é preciso pechinchar”, “tem que comparar bem”, ou colocando a culpa do aumento dos preços no “empresário”? O Bitcoin é rigidamente escasso.

Tem dor de cabeça se cogita investir em imóvel cujo IPTU anual é de cinco dígitos? O Bitcoin é inconfiscável.

Arregala os olhos quando sua sogra ou cunhada debocha da amiga que saiu “com uma mão na frente e outra atrás ao final do relacionamento”? O Bitcoin é inconfiscável.

Toma antidepressivo até hoje desde que aquele primo, vizinho ou amigo de infância te deu o golpe e deixou a dívida da empresa no seu colo? O Bitcoin é inconfiscável. Dobra a dose de omeprazol quando se discute a volta da CPMF? O Bitcoin é inconfiscável.

Sim, dá um certo trabalho entender o básico do Bitcoin. Provavelmente vai te exigir um lugar seguro para guardar pelo menos uma folha de papel. Você provavelmente irá pagar um pouco mais caro por ele aqui do que se morasse no exterior (nada que você não tenha passado para equipar você próprio ou seus filhos com meia dúzia de gadgets). Esse esforço, entretanto, vai te preparar para um cenário que podemos comparar a uma geleira gigantesca com uma enorme rachadura, mas que ninguém sabe quando vai desabar.

O Bitcoin, junto com o – muito mais complicado, trabalhoso e exposto – ouro físico, é o bote que te permitirá sobreviver a um enredo extremamente previsível e repetitivo ao longo da história, enredo esse que tentarei descrever abaixo.

Os governos não vão falir. Eles já estão falidos.

Nenhum grupo político será capaz de resolver esta situação: qualquer mudança com a constituição atual é um band-aid numa fratura exposta. Os gastos obrigatórios do governo já são maiores do que a arrecadação.

O problema não é apenas corrupção. O buraco é mais fundo, e ao lado dele há outros enormes – incentivos deturpados, sistemas insustentáveis, doutrinação anticapitalista ao longo de gerações, cultura. Não se iluda pensando que o seu juiz, ministério ou sua “instituição” de estimação vai resolver.

Quando a matemática e os juros compostos tornarem a situação desesperadora (tudo pode começar com uma greve, manifestação ou com um resultado “surpreendente” de uma eleição), os governos tomarão medidas desesperadas. Taxação sumária de aposentados, novos impostos na casa dos dois dígitos para aplicações financeiras já realizadas, regras absurdas de trânsito, taxação de grandes fortunas (em 10 anos a inflação dará conta de transformar qualquer pequena poupança de família de classe média em uma “fortuna”), confisco de herança, aumentos de 50% em IPTU e IPVA, parcelamento de salários; tudo aquilo que ainda não é realidade inevitavelmente o será, talvez em poucos anos.

Essas conclusões não são fruto de algoritmos complexos, nem de modelos matemáticos exclusivos, mas sim mera constatação aritmética. Mas por que são assimilados em sua real seriedade por tão poucas pessoas?

Viés de normalidade

Existe uma tendência humana chamada de “viés de normalidade”. Funciona da seguinte maneira: sua rua nunca alagou durante uma grande chuva? Você nem cogita que ela possa alagar algum dia. Você nunca bateu o carro? Então dirige sempre a 140km/h na estrada achando que nada vai acontecer contigo. Nunca teve doença grave? Acaba vivendo como se nunca fosse morrer.

Esse comportamento também é observado nas esferas econômica e financeira da nossa vida. No fundo, nenhum juiz americano acredita que um dia pode ter uma aposentadoria inferior à renda de um pedreiro. No seu âmago, nenhum funcionário público acredita que possa vir a ficar sem receber o seu salário (situações como as do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro já derrubaram parcialmente essa crença).

Por pior que seja a segurança pública, ninguém consegue imaginar um cenário com apenas 20% do efetivo atual policiando as ruas, com algum local dominado por milícias. Mas para efeito de comparação, ninguém, absolutamente ninguém na Venezuela imaginou que a vida chegaria sequer perto das condições atuais.

Sugiro apenas meia hora de uma pesquisa no Google sobre alguns dos temas que citei. Calculadora aberta, operações matemáticas simples, coisa de ensino primário mesmo. E aí? Vai precisar de Bitcoin?

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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