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Blockchains, layers 0, 1 e 2 e ecossistemas: como a inovação ocorre nas criptomoedas

O whitepaper do Bitcoin marcou o nascimento da blockchain, tecnologia que Satoshi Nakamoto sugeriu para resolver o problema do duplo-dispêndio.

Entretanto, como é evidente pelas próprias referências bibliográficas do paper, os protocolos de dinheiro digital já estavam em desenvolvimento pelo menos uma década antes da publicação oficial do whitepaper.

No final da década de 80, matemáticos, anarquistas e hackers interessados nas discussões sobre criptografia já vinham se debruçando teórica e tecnicamente sobre a necessidade de protocolos de comunicação e de dinheiro digital que fizesse frente à crescente vigilância dos governos de todo o mundo.

O nascimento do movimento cypherpunks – nome que deriva de cifra – gira em torno da ideia de que a computação pode fornecer ferramentas para que indivíduos se comuniquem, interajam e troquem uns com os outros, de maneira totalmente anônima, exercendo suas liberdades com privacidades e sem censura ou coerções.

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Nesses sistemas, a coerção do governo se torna inoperante, já que o controle dos sistemas é descentralizado e a identidade dos indivíduos, protegida por criptografia.

O Bitcoin e a blockchain surgiram exatamente quando a reputação e a confiança no sistema financeiro legado estavam sendo questionadas. O que o Bitcoin fez foi remover o controle e o monopólio sobre a emissão do dinheiro dos Bancos Centrais. A tecnologia blockchain permitiu que a matemática, algoritmos, criptografia e poder de computadores descentralizados assumissem e substituíssem a função principal dos governos: governar o dinheiro.

Ethereum e os contratos inteligentes

No entanto, o Bitcoin sozinho não poderia substituir os sistemas financeiros. E o setor viveu uma nova revolução em 2014, quando o whitepaper do Ethereum foi lançado, re-definindo o escopo de possibilidade de uma criptomoeda, ao adicionar a funcionalidade de contrato inteligente com o padrão dos tokens ERC20.

Smart Contracts

Os contratos inteligentes são a base para grande parte das aplicações blockchains. Diferente da blockchain do Bitcoin, as redes que aceitam smart contract permitem que programas sejam implementados e executados para realizar inúmeras funções, tais como transações complexas.

Os contratos inteligentes foram inicialmente propostos por Nick Szabo, um criptógrafo que foi o primeiro a experimentar as estruturas do direito contratual para protocolos de comércio eletrônico entre indivíduos.

Nick Szabo chamou as máquinas de venda automáticas de “antepassados primitivos dos contratos inteligentes”, pois elas têm a função de receber moedas, e após processar tal informação, elas enviam um produto e o troco em relação ao preço pré estipulado.

Em termos generalistas, as máquinas de venda são como um proto-smart contract, que permite o processamento de informações de pagamento descentralizadas, que não necessitem de intermediários institucionais.

A ideia inicial por trás dos contratos inteligentes foi poder implementar diversos tipos de situações jurídicas contratuais, como a fiança, garantia, direitos de propriedade, entre outras, em softwares e hardwares específicos, desenhados para processar especificamente tais informações.

Transações Atômicas Complexas

As propriedades inerentes do design do Ethereum tanto ampliaram as possibilidade dos protocolos de dinheiro digital descentralizados quanto permitiram ampliar o escopo de possibilidades do sistema legado.

Um exemplo interessante: as finanças tradicionais suportam apenas a execução de transações atômicas de escopo limitado. Transações atômicas são aquelas que devem ser executadas completamente em caso de sucesso, ou ser abortada completamente em caso de erro. A latência de operações complexas com inúmeros ativos, instrumentos e mercados no sistema financeiro tradicional torna a transação não lucrativa. E  consequentemente, estrangula a inovação.

Enquanto uma operação atômica no mercado tradicional é quase inimaginável, a execução atômica de transações complexas é padrão nos protocolos DeFi.

O Ethereum enriqueceu as possibilidades no setor de derivativos, a diversificação dos ativos subjacentes e levou à possibilidade de estratégias mais eficazes e criativas para os investidores, que podem se concentrar na seleção da melhor estratégia,independente da complexidade das transações.

O Ethereum é, após todos esses anos, ainda a maior plataforma de contratos inteligentes e é a solução que possui o maior nível de adoção e uso. A rede Ethereum sozinha facilita a transferência de bilhões de dólares em valor diariamente.

Layer 0, 1 e 2

O Ethereum é uma plataforma de contratos inteligentes de Layer 1, que como mencionamos, promove as regras para como as redes são protegidas e como elas confirmam informações. Já as plataformas chamadas de Layer 0 são as que fornecem aos desenvolvedores uma estrutura de segurança para que possam implementar independentemente suas próprias blockchains de Layer 1.

Um caso de Layer 0 é por exemplo a Polkadot, que trouxe inicialmente em 2016 um modelo de multichain que permite que diversas blockchains independentes se especializam em diferentes propósitos para funcionar em relação a um sistema de segurança único. Esse é um modelo que permite a criação de diversas para-chains, essas correspondentes aos formatos de Layer 1.

As chamadas Layer 2 são as soluções que trazem o fator de escalabilidade, e visam melhorar o desempenho das plataformas de Layer 1 através do processamento das transações em cadeias separadas, o que descongestiona e descarrega as transações. As soluções de Layer 2 aproveitam a solidez das estruturas de segurança promovida pela camada em que se baseiam, enquanto permitem que transações sejam criadas de forma escalável em seus layers. Esse é o caso da Polygon no Ethereum ou da Lightning Network no Bitcoin.

Ecossistemas

Ecossistemas significam qualquer conjunto de comunidades que interagem entre si e essa palavra tem ganhado cada vez mais importância no desenvolvimento do mercado cripto.

Além do desenvolvimento de blockchains e layers focados em resolver diferentes desafios, há os ecossistemas, que suportam esse desenvolvimento. Um ecossistema no contexto da blockchain significa as soluções ou iniciativas que giram em torno de alguma tecnologia.

Um exemplo, a Celo é uma blockchain de Layer 1 com um sistema compatível com o Ethereum Virtual Machine (EVM), mas que funciona através de seus propósitos e características específicas.

Ao redor e suportado pela tecnologia da Celo, há sua comunidade, que nasce com o propósito de promover prosperidade para todos. Para Celo, a tecnologia blockchain é acessível, caso queira realmente ser próspera. Por isso, sua blockchains foi criada para rodar em celular, inclusive os antigos.

Para suportar ainda mais esse propósito, a Celo tem a Aliança Para a Prosperidade, que é um  ecossistema de organizações alinhadas à mesma missão, possibilitando que ONGs, pequenos comerciantes, e processadores de pagamentos que promovem impacto social possam usufruir da tecnologia proposta.

Outro exemplo de um ecossistema dentro de um ecossistema é o caso do Ethereum e da Polygon. A plataforma State of the Dapps calcula que no dia de hoje existem 3.000 aplicações construídas na rede Ethereum, e em paralelo a rede Polygon hoje consta com 7.000 aplicações descentralizadas que compõem seu ecossistema específico. Esses marcos são referências importantes quando lidamos com a escalabilidade proposta pelas soluções de Layer 2.

Para aprofundar ainda mais nessa discussão, convidados o desenvolvedor Jeff Prestes para uma conversa sobre casos de uso de diferentes blockchains

Impacta Podcast #3 com Jeff Prestes

Impacta Finance

A Impacta Finance é um hub de soluções web3 criado para acelerar os casos de uso reais da blockchain com impacto positivo para sociedade e o meio ambiente.

Aviso: O texto apresentado nesta coluna não reflete necessariamente a opinião do CriptoFácil.

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