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Bitcoin: um porto mais seguro contra a maioria das tempestades

No final de fevereiro, publiquei um texto no qual lançava o seguinte questionamento: o avanço da epidemia do coronavírus poderia colocar em xeque o papel do Bitcoin como reserva de valor? No texto em questão, fiz o papel de advogado do diabo, imaginando como o cenário caótico da epidemia poderia influenciar o Bitcoin no médio prazo.

Em tempos onde os mercados estão sob influência de grandes riscos (como uma crise financeira ou epidemias), é normal que investidores direcionem seu dinheiro para ativos considerados “livres de riscos”. Vimos isso no cenário atual, onde o ouro e os títulos do governo norte-americano experimentaram uma alta demanda em meio ao forte caos nas bolsas de valores.

Nesse cenário, muitos colocam o Bitcoin no mesmo grupo de ações, fundos imobiliários e outros ativos de renda variável: como ativos de risco, que devem ser deixados de lado em momentos assim. Mas isso realmente faz sentido? O Bitcoin é mesmo tão arriscado quanto uma ação? Neste texto, mostrarei a minha verdadeira opinião sobre o tema: o Bitcoin é a melhor ferramenta que um investidor conservador pode ter.

Aposta arriscada

O Bitcoin é frequentemente apresentado como uma aposta arriscada. Trata-se de um ativo incipiente, que só existe há cerca de uma década. É pouco compreendido pelos mercados de massa. É um experimento. Ainda pode falhar. De certa forma, todas essas afirmações são verdadeiras.

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De muitas maneiras, o perfil de risco do Bitcoin se assemelha ao de um investimento em uma startup. O Bitcoin parece estar pairando entre o vale da desilusão e a escadaria para o paraíso. Isso significa que a maioria das pessoas continua vendo o criptoativo como uma aposta ou – pior ainda – como uma loucura.

E é justamente essa dinâmica que leva os investidores a considerarem o Bitcoin como um ativo de risco. Ele é colocado na mesma categoria de ações de alto crescimento, dívida de alto rendimento, ETFs com beta altos, investimentos em capital de risco e investimento em mercados emergentes.

Livres de risco vs arriscados

Os mercados têm amplamente dois modos: arriscado e livre de risco. Em cenários de tolerância ao risco, quando os mercados estão confiantes e as coisas estão subindo mais, os ativos de risco tendem a superar os portos seguros. Quando os mercados estão sob pressão, os ativos livre de risco, como ouro, títulos do tesouro e dinheiro, se saem melhor e costumam ser os únicos investimentos em negociação mais alta, à medida que os investidores vendem suas posições mais arriscadas.

Se um produto financeiro é um ativo de risco ou um porto seguro depende de várias propriedades. Em alguns casos, isso depende dos fundamentos do ativo. O preço das ações é um reflexo dos fluxos de caixa futuros projetados para os negócios, que por sua vez dependem de dinâmicas como a demanda dos clientes. A dinâmica pode tornar as empresas mais ou menos sujeitas a movimentos dos mercados. Em outros casos, a categorização de um determinado ativo pode depender da dinâmica da oferta e demanda.

O ouro, com sua oferta relativamente fixa e demanda consistente de entidades como bancos centrais, é resistente a ciclos de mercado e choques de queda. Em todos os casos, no entanto, eu argumentaria que o que mais importa na compreensão das correlações e comportamento de ativos é a percepção do mercado. Os traders e investidores veem o ativo como um bom lugar para se agachar em mercados voláteis? Ou os participantes do mercado veem o investimento como vulnerável à desvantagem, mas também preferem participar de ciclos de expansão?

Os mercados certamente ainda parecem ver o Bitcoin como um ativo de risco. E no que diz respeito ao preço do Bitcoin, bem como a qualquer correlação de mercado, essa percepção é tudo o que importa.

Percepção equivocada

No entanto, tal percepção erra em um aspecto: deixar de lado as propriedades mais importantes do Bitcoin. O Bitcoin é, de várias maneiras, o melhor recurso de porto seguro que existe atualmente.

O Bitcoin pode ser custodiado dentro da sua própria casa. Mesmo se os sistemas de confiança e o estado de direito forem abolidos, seus Bitcoins podem ser mantidos em segurança. O Bitcoin é um sistema aberto e sem fronteiras, com mercados que já possuem relativa liquidez em todos os países do mundo. É resistente à censura, o que significa que nenhum governo ou instituição pode impedir investimentos ou transações em Bitcoin que sejam custodiados pelo próprio investidor.

Diferentemente do ouro, o Bitcoin tem uma oferta rigorosamente fixa e que não poderá ser aumentada. O Bitcoin é digital, o que torna prático a qualquer investidor acumular, reter e transportar seu dinheiro. Por fim, o Bitcoin é um ativo em si mesmo (ao contrário de títulos soberanos, que são passivos de governos que podem vir a nunca ser pagos).

Fanáticos que se preparam para o dia do juízo final, fãs de ficção científica, profetas do apocalipse ou até investidores que estão descrentes com o sistema financeiro tradicional têm muitos motivos para enxergar as qualidades do Bitcoin com outros olhos.

Se observarmos o comportamento do preço do Bitcoin nas últimas duas semanas, à medida que aumentam as preocupações com uma pandemia global, fica claro que, mesmo com as quedas recentes de preço, o Bitcoin continua se comportando mais como um investimento de alto risco do que como o porto seguro que ele oferece. Seus fundamentos não foram alterados e sua volatilidade tem diminuído ao longo do tempo.

Comparado a outros ativos, o Bitcoin está muito à frente de seu tempo e de crises ou pandemias. E justamente por isso que eu – um investidor bastante conservador – tenho boa parte da minha carteira em Bitcoin justamente como uma forma de proteção mais segura e barata do que as opções tradicionais. Ter Bitcoin não é um ato de especulação, mas sim obter uma proteção contra o mais catastrófico dos cenários.

Leia também: Hash Rate do Bitcoin atinge novo recorde

Aviso: O texto apresentado nesta coluna não reflete necessariamente a opinião do CriptoFácil

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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