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Bitcoin ajudando a salvar o balanço de empresas deficitárias? O inimaginável aconteceu

Não demorou nem um trimestre e o mercado financeiro foi informado que a Tesla vendeu uma parte de seus Bitcoins. Caso você não saiba a razão da TESLA ter Bitcoin em seu balanço, entenda o motivo aqui.

Depois de comprar o equivalente à US$ 1,5 bilhão em BTC, a companhia capitaneada por Elon Musk, personalidade que demonstrou forte capacidade de mexer no mercado de criptomoedas com um tuíte, vendeu US$ 272 milhões de suas reservas em Bitcoin – gerando um lucro de US$ 101 milhões.

E como esse “trade” influenciou no resultado trimestral da empresa? Antes, é preciso fixar dois breves conceitos.

Lucro líquido informando nas demonstrações financeiras

Ao analisar uma demonstração financeira de uma empresa, é comum o investidor procurar a linha do lucro auferido pela companhia. Afinal de contas, o investidor quer saber o resultado que ela gerou para saber se a empresa é lucrativa ou não.

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Nesse sentido, existe um padrão que todas as empresas devem adotar, principalmente as listadas em bolsa ou que possuem alguma determinação que as obriguem a publicar suas demonstrações financeiras.

Foi assim que surgiu o International Financial Reporting Standards (IFRS), o qual estabeleceu regras comuns para que as demonstrações financeiras de empresas possam ser consideradas transparentes, compatíveis e analisáveis por qualquer pessoa ao redor do globo.

Nos EUA, o método contábil adotado como padrão é chamada de GAAP (Princípios Contábeis Geralmente Aceitos, em tradução livre), o qual foi desenvolvido pelo Financial Accounting Standards Board (FASB).

O IFRS, padrão aceito internacionalmente por mais de 120 países, possui o GAAP como equivalente nos EUA.

Esses padrões contábeis são importantes, uma vez que permitem que uma pessoa no Japão consiga compreender, com maior facilidade, um balanço de uma empresa no Brasil.

Nesse sentido, o resultado divulgado pela Tesla esta semana indica que a empresa obteve um lucro líquido de US$ 438 milhões (apurado conforme preceitua o GAAP).

O que são créditos regulatórios?

Alguns governos, como o estado da Califórnia ou a União Europeia, criaram programas ambientais focados na emissão zero de carbono.

Esses programas ambientais consistem na concessão de créditos a montadoras que produzem ou vendem veículos elétricos. Se uma montadora não obtiver uma determinada quantia desses créditos ao final do ano, ela poderá enfrentar sanções ou multas dos órgãos ambientais.

Dessa forma, caso uma montadora não consiga obter os créditos através da criação/venda de veículos com emissão zero, ela pode adquirir esse crédito com empresas que o possuem em excesso.

Nesse sentido, como a Tesla só produz veículos com emissão zero, ela acumula uma grande quantidade desses créditos e os vendem para outras companhias. Por exemplo, a Fiat Chrysler comprou alguns milhões de dólares em créditos regulatórios da Tesla para atender às exigências ambientais da União Europeia.

É aqui que nasce uma fonte de receita não operacional da Tesla: a venda de créditos regulatórios (pense neles como os créditos de carbono transacionados mundialmente).

Os impactos no resultado da Tesla

Desse modo, pode-se concluir que 23% dos ganhos que constituíram o lucro líquido reportado pela Tesla foram obtidos através da venda parcial do criptoativos detidos pela companhia.

Ou seja, chegamos no dia em que trades com criptoativos estão salvando os balanços de companhias. Afinal de contas, 1/5 do lucro de uma empresa não é algo que pode ser desconsiderado.

Caso o investidor seja mais conservador ainda, isto é, não considere que a venda de créditos regulatórios seja o core business da companhia comandada por Elon Musk, afinal ou uma empresa vende carros ou ela vende crédito de carbono, tem-se que a companhia ainda é deficitária.

Isso porque, se você retirar os ganhos obtidos com a venda desses créditos (US$ 518 milhões) e os ganhos com a venda parcial de Bitcoin (US$ 101 milhões), o resultado trimestral da empresa viraria um prejuízo.

Esta, inclusive, não seria a primeira vez que analistas do mercado financeiro apontariam tal crítica a empresa.

Se você chegou até aqui, recomendo que você ouça o episódio do Bitcast com os comentários da notícia de que a Tesla comprou Bitcoin.

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Aviso: O texto apresentado nesta coluna não reflete necessariamente a opinião do CriptoFácil.

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José Domingues da Fonseca

Advogado e entusiasta do mundo cripto. Nascido no interior de São Paulo e acolhido pela cidade maravilhosa. Também é apresentador do Bitcast e fundador da Universo Cripto. Conheça mais em jota.site/k7e3

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