Binance teria sido usada para lavar US$ 2,4 bilhões em criptomoedas, diz Reuters

A exchange de ativos digitais Binance está no centro de uma polêmica sobre lavagem de dinheiro. De acordo com uma reportagem da Reuters, publicada nesta segunda-feira (6), a plataforma de Changpeng Zhao, o CZ, teria ajudado a lavar US$ 2,35 bilhões.

Os fundos seriam decorrentes de hacks, fraudes e vendas de drogas ilegais. Um desses hacks seria o que ocorreu em setembro de 2020. Na época, o grupo de hackers norte-coreano “Lazarus” roubou US$ 5,4 milhões em ativos da Eterbase, uma corretora cripto com sede na Eslováquia.

Após o crime, os hackers abriram contas anônimas na Binance para converter os fundos e despistar os investigadores.

As contas estariam vinculadas a e-mails criptografados. De acordo com o cofundador da Eterbase, Robert Auxt, a Binance “não tinha ideia de quem estava movimentando o dinheiro” por causa do anonimato das contas.

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Binance acusada de facilitar lavagem de dinheiro

Segundo a Reuters, o dinheiro da Eterbase faz parte de uma enorme quantidade de fundos ilícitos que passaram pela Binance de 2017 a 2021.

O cálculo de quase US$ 2,4 bilhões foi feito com base em registros judiciais, declarações de autoridades e dados da blockchain. Os dados foram compilados por duas empresas de análise de blockchain. Além disso, dois especialistas do setor o revisaram e concordaram com a estimativa.

À Reuters, o diretor de comunicações da Binance, Patrick Hillmann, disse que a exchange considera o cálculo impreciso. Contudo, ele não forneceu os números da exchange.

Hillmann disse que a Binance está construindo a equipe forense cibernética “mais sofisticada do planeta”. O objetivo é “melhorar ainda mais sua capacidade de detectar atividades ilegais com ativos digitais”.

Para a reportagem, a Reuters entrevistou autoridades policiais, pesquisadores e vítimas de crimes de diversos países. Isso inclui, por exemplo, países da Europa e os EUA.

“A Reuters revisou dados detalhados sobre as transações de clientes da Binance em sites ‘darknet’ – mercados de narcóticos, armas e outros itens ilegais. A maioria dos dados foi fornecida pela Crystal Blockchain, uma empresa de análise com sede em Amsterdã que ajuda empresas e governos a rastrear fundos de criptomoedas”, disse a Reuters.

Negócios na darknet

Os dados mostraram que, de 2017 a 2022, usuários do mercado de drogas da darknet, o russo Hydra, usaram a Binance para pagar com moedas digitais mais de US$ 780 milhões. Esses ativos teriam passado por diversas carteiras antes de chegarem à Binance.

Hillmann afirmou que este número da Hydra é “impreciso e exagerado”. Além disso, afirmou que a Reuters estava incluindo fluxos indiretos em seu cálculo de forma incorreta.

Conforme noticiou o CriptoFácil em abril deste ano, da Alemanha confiscaram 543,3 BTC (mais de R$ 116 milhões) ao fechar o Hydra Market.

“O que é importante notar não é de onde vêm os fundos. Afinal, os depósitos de criptomoedas não podem ser bloqueados. Mas o que fazemos depois que os fundos são depositados”, disse ele.

Hillmann disse que a Binance monitora as transações e realiza avaliações de risco. De acordo com ele, as ações visam “garantir que quaisquer fundos ilegais sejam rastreados, congelados, recuperados e/ou devolvidos ao seu legítimo proprietário”.

Ele também afirmou que a Binance colabora com a polícia para combater redes criminosas que usam criptomoedas.

Binance na Rússia

O relatório observa ainda que a Binance seguiu fornecendo serviços na Rússia após a invasão à Ucrânia. Isso apesar dos pedidos do governo para que as exchanges banissem usuários russos para isolar o país.

Segundo a Reuters, muitas pessoas que usavam a Binance na Rússia não a estavam usando para negociação. Em vez disso, faziam pagamentos na Hydra por meio da exchange.

Além disso, os usuários do mercado ilegal indicavam nos fóruns que os russos usassem a Binance devido ao anonimato que a exchange oferecia na época.

Contudo, Hillmann disse que a Binance tomou mais medidas contra os lavadores de dinheiro da Rússia do que qualquer outra exchange cripto.

Moedas de privacidade

Outra alegação da Reuters diz respeito às negociações de Monero – moeda digital com foco em privacidade – na Binance.

Nos fóruns da darknet que a Reuters revisou, mais de 20 usuários escreveram sobre comprar Monero na Binance para comprar drogas ilegais.

Hillmann, por outro lado, disse à Reuters que há “muitas razões legítimas para os usuários exigirem privacidade”. Isso inclui, por exemplo, quando grupos de oposição em regimes autoritários não têm acesso seguro a fundos.

Mas ele ponderou que a Binance se opõe que pessoas usem ativos digitais para comprar ou vender drogas ilegais.

Por fim, o artigo cita casos pontuais de alguns usuários que tiveram seus ativos roubados em fraudes e golpes e, depois, enviados para a Binance.

Sobre isso, Hillmann disse que a Binance investiga todas as alegações de má conduta em sua plataforma. Dessa forma, toma as medidas necessárias se forem descobertas irregularidades.

Ele afirmou que a exchange combate fraudes de investimentos ao identificar vítimas e suspeitos. E, sempre que possível, congela os fundos.

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Lorena Amaro

Lorena é jornalista e escreve sobre Bitcoin, criptomoedas, blockchain e Web3 há mais de quatro anos, atualmente atuando como editora-chefe do CriptoFácil. É formada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduanda em Produção em Jornalismo Digital na PUC-Minas. Lorena é apaixonada por tecnologia, inovação e pela liberdade financeira que as criptomoedas promovem.

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