Agência de risco explica nota “C+” para o Bitcoin

Há cerca de 10 dias, a Weiss Ratings, principal agência de classificação de ativos independente de instituições financeiras norte-americana, lançou a sua primeira versão do índice de risco de criptomoedas, o Weiss Cryptocurrency Rating. O objetivo do ranking era de criar uma forma segura para avaliar a qualidade de cripto-ativos e facilitar o trabalho de investidores tradicionais.

Logo após este lançamento, surgiram as primeiras críticas e polêmicas. O ranking, ao contrário do que todos esperavam, não atribuiu à nenhuma criptomoeda a classificação “A”, nem mesmo o Bitcoin. A moeda digital mais valiosa do mercado cripto foi classificada como “C+”, abaixo de moedas como Cardano e Ethereum, as quais receberam “B” e “B-” respectivamente.

Polêmicas e críticas

A avaliação esteve longe de conseguir unanimidade, mesmo entre aqueles que obtiveram as melhores avaliações. Como o caso de Charles Hoskinson, criador da Cardano, que afirmou:

“Qualquer classificação que não dê uma nota A ao Bitcoin tem vários problemas. Quase dez anos de criação de riqueza, inovação, crescimento maciço, resiliência comprovada  contra falhas e bilhões investidos em infra-estrutura. E tudo sem um líder ou controlador. Bitcoin é o padrão.”

A própria Weiss realizou uma autocrítica ao afirmar que “nenhum modelo de avaliação possui 100% de certeza, discordâncias são inevitáveis“, mas que preferiu iniciar os trabalhos com uma maior transparência ao atribuir uma nota “C” ao Bitcoin.

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Detalhes sobre o ranking

Em um extenso relatório enviado nesta terça-feita, 06 de fevereiro, a Weiss Ratings resolveu esclarecer as novas polêmicas, oferecer mais detalhes sobre o ranking de criptomoedas e explicar o motivo pela classificação “justa” do Bitcoin.

A agência iniciou o relatório com um resumo sobre o funcionamento do ranking:

“O resultado final [do nosso modelo] é um grau de letra para cada criptomoeda que, em última instância, é projetado para todas as partes interessadas do mercado, começando com investidores individuais que ainda são inexperientes, mas estão dispostos a assumir os riscos óbvios. Para esses investidores, as classificações do Weiss Cryptocurrency Rating fornecem orientação imparcial sem conflitos de interesse. Elas são projetadas para ajudar a levar os investidores a obter recompensas potencialmente altas com volatilidade de preços e tecnologia sustentável inferiores à média”.

Ainda segundo o relatório, esse perfil de investidor é diferente do investidor médio do mercado de criptomoedas. Enquanto os veteranos tem como foco segurança e solidez da tecnologia junto com uma mentalidade de longo prazo, o investidor iniciante deseja obter uma classificação segura e confiável que lhe permita saber se ele pode ganhar ou perder dinheiro com algum ativo.

“Esse não é o tipo de classificação que os desenvolvedores e defensores de criptomoedas esperavam. Vários nos disseram que raramente estão preocupados com a volatilidade dos preços, atribuindo-a a fatores extrínsecos além de seu controle. Em vez disso, eles sentem que uma classificação deve principalmente refletir a qualidade relativa do seu trabalho e seu sucesso no mundo real. A perspectiva dos investidores de ativos tradicionais é bem o contrário. Muitos nos comunicaram que o que eles querem é simplesmente uma pontuação que avalie as probabilidades de fazer ou perder dinheiro.”

Os 4 pilares do Rating

O relatório também mostrou os critérios, ou índices, avaliados pela Weiss ao classificar as criptomoedas. Para tornar o processo mais isento e confiável, os dois primeiros critérios foram retirados do mercado financeiro tradicional, enquanto os dois últimos englobam aspectos próprios do mercado de criptomoedas.

Os índices são:

Índice de recompensa (Reward Index)

Avalia os retornos do investimento em comparação com as médias móveis, rendimentos absolutos em comparação com um benchmark de referência e os retornos suavizados em comparação com um benchmark e outros fatores.

Índice de risco (Risk Index)

Responsável por medir flutuações de preços relativas e absolutas em vários intervalos de tempo, declínios de pico a calha em termos de freqüência e magnitude e o viés de mercado, seja superior ou inferior, e outros fatores.

Índice de fundamentos (Fundamentus Index)

Índice que procura fazer uma análise fundamentalista das criptomoedas listadas no ranking. Mede a velocidade e a escalabilidade das transações, a penetração no mercado, segurança da rede, descentralização da produção de blocos, capacidade da rede, participação dos desenvolvedores, aceitação pública, além de outros fatores-chave.

Índice de tecnologia (Technological Index)

O índice de tecnologia baseia-se em uma análise de documentos técnicos publicamente disponíveis, fóruns ou anúncios públicos de discussão e código aberto para avaliar os protocolos subjacentes de cada criptomoeda. Os fatores considerados incluem o nível de anonimato, sofisticação da política monetária, capacidade de governança, capacidade de melhorar o código, eficiência energética, soluções de escala, interoperabilidade com outras blockchains e muito mais.

Bitcoin

Por fim, o relatório aponta os motivos pelos quais a nota da principal criptomoeda do mercado ficou bem abaixo do esperado pelos principais investidores. As principais razões apontadas pelo índice são:

Índice de recompensa: Bitcoin recentemente perdeu terreno para altcoins concorrentes e atualmente está em baixa. Tenha em mente que o índice é puramente quantitativo, com base nos tipos de fórmulas amplamente aceitas na comunidade de investimentos e aplicadas de forma justa a todas as criptomoedas cobertas.

Índice de risco: Dada a extrema volatilidade do seu histórico de preços, não é surpresa que o Bitcoin não obtenha uma nota alta nesse índice.

Outros aspectos

Embora exista discordância sobre se o índice geral da Weiss Ratings é sério ou confiável, podemos notar que os critérios avaliados parecem ser claros, objetivos e com o máximo de isenção possível.

A grande volatilidade apresentada pelo Bitcoin nos últimos dias mostrou que os critérios usados no relatório estão de acordo com a realidade do mercado, o qual certamente é bastante arriscado para investidores tradicionais.

O relatório também fez uma extensa avaliação de outros aspectos da moeda digital, colocando-os como sub-índices. Entre eles encontram-se a avaliação da capacidade da rede, segurança, histórico da moeda, participação dos desenvolvedores e outros.

No final, a Weiss ressaltou que a classificação do Bitcoin não indica uma posição contrária à moeda, mas sim a necessidade de ver pontos de melhoria nos aspectos avaliados, citando como pontos positivos as implementações do SegWit e do Lightning Network.

E finalizaram com uma constatação: “a indústria de criptomoedas não existiria se não fosse a invenção do Bitcoin“.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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