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A história do Bitcoin parte 3: ligando as torneiras

O terceiro artigo da série História do Bitcoin fala sobre as polêmicas faucets, instrumentos utilizados nos primórdios do Bitcoin por quem desejava adquirir moedas de graça e com pouco trabalho.

Sem exchanges, mercados de P2P ou serviços de custódia nos primeiros dias do Bitcoin, a aquisição dele não era tarefa fácil. Você podia minerar ou implorar a alguém no fórum Bitcointalk para vender  bitcoins a você. Então, veio um desenvolvedor chamado Gavin Andresen que criou a primeira faucet, mecanismo que permitia a qualquer um reivindicar Bitcoins livremente – e de graça.

O homem que abriu as torneiras do Bitcoin

“Para o meu primeiro projeto de codificação em Bitcoin, decidi fazer algo que soa muito estúpido. Criei um site que oferece bitcoins”, escreveu Gavin Andresen no Bitcointalk na época. Era junho de 2010 e, em uma época em que a obtenção não era fácil, a ideia de Andresen provou ser muito inteligente. Para que a nascente comunidade de criptomoedas crescesse, era essencial que o Bitcoin fosse distribuído o mais amplamente possível. Apenas tendo a pele no jogo ao enviar e receber bitcoins, seria possível para as pessoas entenderem como ele funciona – e mudá-lo de uma simples ideia para um fenômeno global.

As faucets de Bitcoin eram os airdrops originais e Andresen criou o primeiro. Para começar, ele distribuiu 5 BTC por visitante, cada um dos quais era obrigado a fazer nada mais do que completar um captcha. A ideia de receber o equivalente ao resgate de um rei em BTC por pouco mais do que visitar uma página parece estranha hoje em dia. Mas naquela época, 5 bitcoins não valiam nada em termos de dólares. “Só dá 5 moedas [por dia]”, reclamou o segundo usuário do fórum a responder à postagem de Andresen (o primeiro foi Laszlo – sim, o mesmo do Bitcoin Pizza Day).

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Já Satoshi Nakamoto ficou impressionado e entusiasmado com a ideia.

“Excelente escolha de um primeiro projeto, bom trabalho. Eu tinha planejado fazer exatamente isso se alguém não o fizesse. Já que é é muito difícil para o usuário comum gerar 50BTC, novos usuários poderiam pegar algumas moedas e participar da rede imediatamente.”

Para aqueles que tinham a perspicácia de apreciar o que estavam tirando das faucets, aqueles bitcoins eram inestimáveis. Um pequeno grupo pode ter reclamado, mas a maioria dele já há muito tempo desperdiçou suas moedas em locais como Satoshidice e, depois, no Silk Road. Faucets como a de Andresen eram precursoras do tipo de sites em que o Bitcoin podia ser trocado por bens e serviços.

Uma coisa que qualquer pessoa que revisitar os primeiros posts do Bitcointalk notará é a honestidade dos usuários. Mais de um indivíduo encontrou brechas de segurança na faucet de Andresen, e um deles chegou a drenar sua carteira, antes de devolvê-la gentilmente e explicar como consertar a falha. Por meio de ações altruístas como essas, os primeiros adeptos do Bitcoin deram à criptomoeda seu valor na época, colocando a comunidade à frente do lucro pessoal.

Presente de 19 mil BTCs

Para abastecer sua faucet, Andresen a carregou com 1.100 BTC. Depois que estes foram desembolsados, a torneira foi recarregada, com os primeiros mineradores e grandes detentores de BTCs também doando moedas. “Bitcoins são um novo tipo de dinheiro”, explicou o site da torneira de Andresen. “Eles não são criados ou controlados por um governo (como dólares ou euros), eles são criados e controlados por qualquer pessoa que queira fazer parte da rede de pagamento do Bitcoin”.

“Qual é o truque?”, questionou a última das quatro perguntas no site do desenvolvedor, ao que veio a resposta de Andresen:

“Quero que o Bitcoin seja bem-sucedido, então criei este pequeno serviço para dar algumas moedas.”

É justo dizer que tanto o Bitcoin quanto Andresen superaram em algum estilo. No momento em que a torneira despejou suas últimas moedas, no início de 2011, 19.715 BTC haviam passado pela carteira de Andresen. O Bitcoin, enquanto isso, estava a caminho de sua primeira grande alta de preço, cobertura da mídia tradicional, censura política e um mundo de aventuras.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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