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10 dias que abalaram o mundo do Bitcoin

Entre 16 e 28 de outubro de 1962, tivemos os 13 dias que abalaram o mundo. Naquele período, os Estados Unidos e a extinta União Soviética travaram tensas negociações para a retirada dos mísseis nucleares soviéticos de Cuba, a 145km da costa da Flórida.

O período foi o mais próximo da ocorrência de um conflito nuclear entre as duas superpotências durante a Guerra Fria. Foram 13 dias nos quais a humanidade se preparava para o fim do mundo, com a iminência de uma grande tragédia.

Nos seus 10 anos de existência, o Bitcoin também sofreu períodos semelhantes. Do último post de Satoshi Nakamoto até a alta recorde das taxas da rede, foram muitas as “mortes” anunciadas da principal criptomoeda do mercado.

Hoje, trazemos 10 dias que abalaram o Bitcoin, em ordem cronológica. Ao contrário da Crise dos Mísseis, esses dias se espalham ao longo de 10 anos. Cada um deles contém um acontecimento de grande relevância para o mercado – e todos mostram a resiliência do Bitcoin, que continua firme na liderança do mercado de criptoativos.

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1) 12 de dezembro de 2010: a despedida de Satoshi Nakamoto

Um dos acontecimentos mais significativos do Bitcoin ocorreu antes que a maioria das pessoas tivesse ouvido falar na criptomoeda.

O dia 12 de dezembro de 2010 não assustou a comunidade na época, mas a data se tornaria a mais importante desde a mineração do bloco-gênese. Esse é o dia em que Satoshi Nakamoto escreveu seu post final no Bitcointalk e depois saiu silenciosamente, para nunca mais ser ouvido em público novamente.

Um dia antes, ele se opôs ao interesse do Wikileaks em usar o Bitcoin para contornar o bloqueio da Visa, escrevendo: “Seria bom ter essa atenção em qualquer outro contexto. O Wikileaks mexeu num vespeiro e o enxame está vindo em nossa direção.” Nós provavelmente nunca saberemos por que Satoshi partiu, além da mensagem vaga que ele escreveu para Mike Hearn em seu e-mail final, em 23 de abril de 2011: dedicar-se a outros projetos.

2) 02 de outubro de 2013: a queda do Silk Road

É difícil dizer o quão grande foi o papel que o site Silk Road desempenhou na integração do Bitcoin e o tamanho da nossa dívida com um pacifista que agora cumpre prisão perpétua, sem possibilidade de condicional, pelo crime de ser um visionário da tecnologia. O Silk Road era um site que funcionava na Deep Web, no qual era possível comprar qualquer tipo de droga existente. E o pagamento era feito apenas em Bitcoin.

02 de outubro de 2013 foi o dia em que a engenhosa criação de Ross Ulbricht caiu, quando uma apreensão feita pelo do FBI derrubou no chão o lutador de 29 anos, em uma biblioteca de San Francisco, quando Ulbicht estava logado no servidor do site.

A familiar tela de login do Silk Road deu lugar ao aviso de apreensão do FBI, e o Bitcoin caiu 25% de seu valor, chegando a US$ 109 na época. Desde então, o preço já subiu 60 vezes. Mas para aqueles que apoiaram o Silk Road e seu capitão, apelidado de Dread Pirate Roberts, as coisas nunca mais foram as mesmas desde então.

3) 27 de novembro de 2013: Bitcoin atinge US$ 1.000

Há muitos topos históricos de preços que podem justificar a inclusão nesta lista – o BTC chegando a US $ 100, apenas sete meses antes, sendo um deles:

Aquele dia pareceu épico, e mesmo assim ninguém via como real a chegada aos US$ 1.000. Os Bitcoiners não sonhavam que o marco poderia ser alcançado tão cedo. Foi só mais tarde que o papel da Mt Gox (que também está nessa lista) em inflacionar o Bitcoin com a ajuda do seu robô de negociação Willy veio à tona. Este conhecimento não fez nada, no entanto, para reduzir o impacto que representou o alcance dos US$ 1.000 no preço da criptomoeda.

Nos tempos pré-Blockfolio e outros aplicativos,  foi no Bitcoinity.org onde todos verificaram o preço do Bitcoin, widgets e notificações push. Quando a moeda atingiu US$ 1.000, o site moveu o ponto decimal três lugares para a esquerda porque o preço em dólar estava ocupando muito espaço na tela.

4) 24 de fevereiro de 2014: a queda da Mt. Gox

Apesar de terem se passado quatro anos desde o grande evento na história do Bitcoin, e a restituição finalmente ter sido feita, a queda da Mt Gox ainda é um ponto sensível para os veteranos investidores que perderam fundos na bolsa. Durante semanas, parecia claro que algo estava errado com a Mt. Gox, mas seu colapso espetacular ainda desperta choque e raiva. O desaparecimento do Mt Gox mergulhou o bitcoin em uma espiral descendente que levou anos para a moeda se recuperar.

5) 2 de maio de 2016: “Craig Wright é Satoshi Nakamoto”

Em 10 anos, muitas pessoas se identificaram ou foram apontadas como sendo os reais rostos por áreas do nome Satoshi Nakamoto. Porém, apenas duas delas ganharam atenção global.

Uma delas foi Dorian Nakamoto, anunciado pela revista Newsweek em março de 2014 foi digno de nota, mas ganhou pouca atenção até o dia em que Craig Wright se apresentou para reivindicar o título, depois que a revista Wired sugeriu a conexão alguns meses antes.

Gavin Andresen verificou a assinatura digital, a grande mídia abordou o assunto e Craig Wright se deliciou com a adulação. Então a narrativa começou a se revelar falsa. As evidências ligando Wright a Satoshi foram rapidamente desmascaradas, transformando Wright em um pária apelidado de “Faketoshi”. Enquanto um grupo cada vez menor de seguidores ainda acredita que Wright possa ter estado envolvido na criação do Bitcoin, poucos acreditam que ele é o próprio Satoshi.

6) 17 de junho de 2016: The DAO

Assim como a queda do Silk Road, o caso DAO tecnicamente não tinha relação com o Bitcoin. No entanto, o colapso do projeto principal da Ethereum após o roubo de US$ 50 milhões em Ether de seu contrato inteligente, repercutiu em toda a indústria, levando Vitalik Buterin a montar uma reunião de crise online com chefes de câmbio para limitar as consequências. “OK, vocês podem parar de negociar”, ele implorou e um meme nasceu.

A Ethereum posteriormente se recuperou, mas não antes de uma reversão de corrente e um hard fork. Os maximalistas do Bitcoin ganharam novos apoiantes naquele dia, muitos dos quais permaneceram cautelosos com a ETH desde então.

7) 25 de julho de 2017: a queda do BTC-e

Quando Alexander Vinnik, dono da BTC-e, foi preso na Grécia, em julho de 2017, a pedido do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o mercado nem piscou. A essa altura, a exchange da Rússia há muito deixara de ser relevante, mas sua importância na história do Bitcoin continua significativa.

O BTC-e era onde os comerciantes cortavam os dentes. Era um posto avançado sem políticas de KYC, sem perguntas e sem pedido de dados – praticamente a última empresa de seu tipo. Era onde negociações escusas eram orquestradas, liderados por usuários pseudônimos com nomes como “Fontas”, manipulando shitcoins com nomes como peercoin, muito antes do termo shitcoin ser sequer ser utilizado.

A BTC-e também foi o destino de uma grande parte dos Bitcoins roubados da Mt Gox, que foram deixados lá para serem lavados. A BTC-e era um covil de iniqüidade e tinha que ser fechada, mas isso não significa que sua lendária trollbox seria esquecida por aqueles que a frequentaram em seu auge.

8) 1 de agosto de 2017: o nascimento do Bitcoin Cash

Os eventos em torno do lançamento do SegWit, em 21 de julho de 2017, e o hard fork do Bitcoin, menos de duas semanas depois, foram importantes por vários motivos.

Não estava claro, no período que antecedeu, se a quantidade suficiente de mineradores sinalizariam apoio ao SegwWit – no final, a proposta passou confortavelmente. A sensação de incerteza era palpável, exacerbada por alertas apocalípticos, na acumulação de divisões de cadeia fatais e na crise do mercado.

No final, o Bitcoin se dividiu em dois, o Segwit foi ativado, e enquanto a polarização continua tão forte como antes, ambas as partes conseguiram algo do negócio: Segwit para pequenos blocos e o Bitcoin Cash para os grandes (sic).

9) 17 de dezembro de 2017: Bitcoin atinge sua máxima histórica

Até hoje, a maior alta de todos os tempos do Bitcoin atingiu o preço oficial de US$ 20.089, de acordo com a Onchainfx – embora em algumas exchanges, a criptomoeda tenha parado perto da marca de 20k antes de recuar.

Entre novembro e dezembro de 2017, o mercado foi tomado por uma exuberância excessiva, manchetes ridículas e todos os outros sinais que, em retrospectiva, apontavam para um mercado que estava muito acima do seu valor real. Foi uma época divertida, no entanto, para cointers, nocoiners e espectadores confusos. Nós podemos nunca ver tal frenesi novamente – até a próxima corrida maluca em relação ao pote de ouro.

10) 19 de dezembro de 2017: a ameaça ao trono

Durante algumas horas no dia 19 de dezembro do ano passado, parecia que o Bitcoin Cash iria realmente causar uma das maiores surpresas na história do mercado de criptoativos e se tornar a cadeia dominante, superando o Bitcoin por valor de mercado.

No final, mesmo com o frenesi comercial, alimentado pelas bolsas sul-coreanas que zeraram suas taxas, o anúncio de listagem do BCH pela Coinbase e uma boa quantidade de FOMO (Fear of Missing Out), O Bitcoin Cash perdeu força – na época, o preço do BCH chegou ao máximo de 0,25 BTC. Muito dinheiro foi feito e perdido na internet naquele dia, quando os entusiastas do Bitcoin colocaram as diferenças ideológicas de lado e negociaram como se suas vidas dependessem disso. Após esse dia, o preço do Bitcoin Cash despencou e nunca mais se recuperou.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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