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White paper 14 anos: veja os cinco principais pontos da “constituição do Bitcoin”

Há exatos 14 anos, em 31 de outubro de 2008, às 15h10 (horário de Brasília), um e-mail chamava a atenção da famosa lista de e-mails do grupo Cypherpunk. O título era Bitcoin P2P e-cash paper, escrito por um usuário chamado Satoshi Nakamoto, e trazia a seguinte frase de abertura:

“Estou trabalhando em um novo sistema de dinheiro eletrônico totalmente ponto-a-ponto, sem terceiros de confiança”. Foi com esta frase que Satoshi publicou um dos documentos mais importantes da história do século XXI. A partir daquela hora, começava a gestão do Bitcoin (BTC), a primeira moeda digital descentralizada 100% funcional.

Houve outras tentativas, mas somente a invenção de Satoshi prosperou e de fato tornou-se uma moeda digital completa. O lançamento do BTC ocorreria apenas cerca de três meses depois, mas muitos bitcoiners consideram o lançamento do white paper como a “data de nascimento” da criptomoeda.

E-mail no qual Satoshi Nakamoto revela o white paper do Bitcoin. Fonte: Satoshi Nakamoto Institute.

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A constituição do Bitcoin

Portanto, o white paper pode ser considerado como a “constituição do Bitcoin”, o documento que determina as regras de seu funcionamento. E se o BTC fosse um país, com base no tamanho de sua constituição, estaria entre os mais livres do mundo.

Afinal, o documento possui apenas nove páginas (oito com texto e uma com referências bibliográficas), cerca de 2.700 palavras e oito referências. Mas, ao mesmo tempo conta com uma enorme clareza e com regras que, nas palavras do próprio Satoshi, “estariam escritas em pedras.

E de fato, as principais regras do BTC constam na foto acima, onde Satoshi define o que ele mesmo chama de “propriedades do Bitcoin”. De acordo com o e-mail, estas propriedades são as seguintes:

  • Mitigação do gasto-duplo através de rede P2P;
  • Sem impressão de dinheiro ou intermediários;
  • Os participantes podem ser anônimos;
  • Novas moedas são geradas através da Prova de Trabalho (PoW);
  • A PoW ajuda a mitigar o gasto-duplo.

Mas você sabe o que significa cada um desses princípios e como eles viraram realidade após o lançamento do BTC? Se não, então confira agora em que consiste cada um deles.

Mitigação do gasto-duplo e P2P

O gasto-duplo era um problema que afetava todas as tentativas de criar uma moeda digital antes do BTC, e que ninguém conseguiu resolver até a chegada de Satoshi. Em resumo, o gasto-duplo significa que alguém poderia gastar mais de uma vez a mesma unidade de uma moeda digital.

Nesse sentido, o gasto-duplo funciona como enviar uma foto por e-mail. Você envia uma cópia da foto, mas permanece com o arquivo original. A foto original, portanto, transformou-se em duas neste processo. Mas nenhum dinheiro valeria nada se as pessoas simplesmente pudessem copiá-lo livremente.

Ao utilizar a mineração e as redes ponto-a-ponto (P2P), Satoshi criou um sistema descentralizado que combate fraudes de gasto-duplo sem precisar depender de um banco ou autoridade central. Ao invés disso, cada membro da rede fiscaliza as transações, garantindo a escassez de cada BTC ao longo do tempo.

Sem intermediários nem impressão de dinheiro

Como Satoshi resolveu o problema do gasto-duplo, ninguém – nem ele mesmo – poderia criar novos BTC do nada. O código da criptomoeda estabelece uma oferta fixa de 21 milhões de BTC, e uma vez que a rede veio ao mundo, essa regra não podia ser alterada.

Portanto, ao contrário de moedas como o dólar ou o real, nenhuma pessoa, empresa ou governo pode imprimir mais BTC do que a quantidade estabelecida pelo código.

Além disso, a rede do BTC não requer nenhum tipo de autorização ou permissão. Qualquer pessoa pode simplesmente criar uma carteira e começar a guardar BTC. Não é preciso sequer colocar algum dado pessoal, o que protege a privacidade e os dados dos usuários.

Os participantes podem ser anônimos

Como o BTC protege a privacidade dos usuários ao não solicitar dados, estes não precisam revelar sua identidade nas transações. Por isso, duas pessoas podem fazer uma transação de BTC sem que uma precise conhecer a outra.

No entanto, Satoshi utilizou a palavra “anônimo” de forma equivocada, uma vez que a rede BTC não é totalmente anônima. Embora ninguém saiba a identidade de quem faz uma transação, cada usuário pode verificar as transações dos blocos e a sua autenticidade.

Geração de novas moedas e mitigação do gasto-duplo

A oferta do BTC é limitada a 21 milhões de unidades, mas o código não liberou todas as moedas de uma vez só. Em vez disso, Satoshi programou os 21 milhões para serem liberados aos poucos, através da mineração de novos blocos.

No BTC, os mineradores devem dedicar poder computacional para descobrir os blocos de transações, o que significa consumir energia. Em troca desse gasto, a rede fornece uma determinada quantidade de BTC por bloco minerado como recompensa.

Esta recompensa cai pela metade ao longo de cada 210 mil blocos, ou cerca de quatro anos, até que todos os BTC estejam em circulação. Atualmente, existem cerca de 19,2 milhões de BTC em circulação, e a expectativa é que isso chegue aos 21 milhões em algum momento de 2140.

Além de descobrir os blocos, o poder computacional e de energia disponibilizado pelos mineradores ajudam a tornar a rede mais forte contra-ataques. Ou seja, isso diminui o risco de ataques de gasto-duplo que possam afetar a segurança da rede.

E com isso, o BTC chega aos 14 anos de lançamento do white paper ainda mais seguro, resiliente e valioso do que nunca. Parabéns ao documento mais revolucionário da história econômica!

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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