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Venezuela influencia a adoção de caixas eletrônicos de criptoativos na América Latina

As empresas por trás das redes de caixas eletrônicos (ATMs, termo em inglês) de Bitcoin e outros criptoativos afirmam que seu mercado está vivo e indo muito bem em termos de finanças e de adoção.

Matias Goldenhörn, diretor de operações da América Latina da operadora de ATMs Athena Bitcoin, disse à agência de notícias CoinDesk que esses caixas eletrônicos estão tornando-se uma alternativa real aos bancos para diversos usuários em mercados emergentes.

“As máquinas provaram ser resistentes às flutuações de preço”, disse ele.

Na verdade, o site Coin ATM Radar estima que existem atualmente 4.213 caixas eletrônicos de criptoativos implantados em todo o mundo, em comparação com aproximadamente 471 caixas em janeiro de 2015. A maioria deles oferece exclusivamente o Bitcoin, mas algumas dessas máquinas também incluem suporte para uma ampla gama de ativos digitais. Eles oferecem um canal para a participação em mercados de criptomoedas mais amplos, sem depender apenas de exchanges baseadas na web.

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Jorge Farias, expatriado venezuelano e CEO da startup Cryptobuyer, disse que a demanda por caixas eletrônicos de criptoativos foi, em grande parte, impulsionada por iniciativas educacionais patrocinadas na América Latina – algumas das quais literalmente distribuem pequenas quantidades de criptomoedas para usuários em mercados emergentes, como no caso da Venezuela, que atualmente está atormentada pela insegurança financeira e política, que levou o país a ter 90% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza.

É por isso que Farias está se preparando para abrir o primeiro caixa eletrônico de Bitcoin na capital Caracas no início de fevereiro, que também incluirá suporte para outros criptoativos. A máquina já está operacional, mas Farias afirmou que, por razões de segurança, é importante que a atual inquietação e a crescente demanda por Bitcoins se estabilizem um pouco antes do lançamento público.

Moe Adham, cofundador da BitAccess, uma distribuidora de ATMs, disse que essas máquinas multi-ativos fornecem liquidez quase instantânea para criptomoedas que, de outra forma, seriam difíceis de serem convertidas em dinheiro pela maioria dos usuários. “Se você ganhar algumas outras criptomoedas através de uma dessas redes descentralizadas, você pode sacá-las”, disse Adham à CoinDesk, acrescentando:

“A indústria de ATMs de Bitcoin está chegando agora. Nós podemos fornecer acesso a diferentes criptoativos com Bitcoin como camada de resolução.”

Essa combinação de demanda de mercado e novas capacidades técnicas permitiu que os caixas eletrônicos se tornassem uma anomalia no setor mais amplo: um setor em que o uso e os lucros estão realmente crescendo.

Demanda guiada pela inflação

Embora a maioria dos caixas eletrônicos de Bitcoin esteja localizada na América do Norte, a demanda dos mercados latino-americanos está crescendo a um ritmo vertiginoso, dizem os operadores.

De acordo com a Goldenhörn, a Athena Bitcoin faturou US$3 milhões em 2018 após instalar 25 novas máquinas na América Latina, em parte devido à emigração venezuelana para a Colômbia e Argentina, divulgando como as pessoas sem banco podem usar caixas eletrônicos Bitcoin.

“Nos EUA, nossos clientes utilizam predominantemente nossas máquinas para comprar bitcoins”, disse Goldenhörn. “Na Colômbia, por exemplo, é o contrário, as pessoas usam o caixa eletrônico para sacar dinheiro.”

Várias dessas máquinas estão localizadas dentro de grandes cadeias de supermercados, como Walmart. Se a Athena Bitcoin for capaz de levantar uma rodada de US$7 milhões da investimento – para a qual a startup de Chicago está captando recursos -, Goldenhörn disse que o plano é implantar até 150 novos caixas eletrônicos na América Latina em 2019. Ela se destacou como a única startup a reconhecer a oportunidade na região.

Quando a inflação na Argentina foi anunciada em 46% em 2018 – sem mencionar a crise econômica da Venezuela – Farias afirmou que a Invictus Capital investirá uma quantia não revelada para lançar um novo setor de negócios com seis caixas eletrônicos de Bitcoin no Panamá.

Farias pretende construir uma rede transnacional trabalhando com empresas como Lamassu e General Bytes como parceiros de fabricação e com a gigante do e-commerce Mercado Livre para locais privilegiados, uma vez que o Mercado Livre possui filiais em toda a América Latina que permitem depositar dinheiro em lojas e transferir créditos ou valor de fiat para carteiras de criptomoedas.

Em 2019, a Cryptobuyer planeja abrir mais 10 caixas eletrônicos na Argentina, 10 no México e 10 na Venezuela, afinal, Farias disse que a alta inflação impulsionou a demanda por Bitcoin entre comunidades locais sem acesso ao sistema bancário.

“Nosso foco agora é no México e na Argentina, que têm grandes populações de imigrantes da Venezuela”, disse Farias. “Uma senhora de 65 anos veio a um dos nossos locais [do Panamá] um dia com um pedaço de papel, um código QR impresso, e ela disse que seu filho na Venezuela disse com este papel ele poderia lhe enviar dinheiro.”

Para pequenas quantias de transação, essa metodologia de remessa parece estar sob o escopo dos regulamentos de transmissão de dinheiro no Panamá. No entanto, Farias admitiu que sua equipe está frequentemente em contato com os reguladores locais porque o cenário de conformidade pode mudar no futuro próximo.

“Eles nos permitem trabalhar porque não há uma regulamentação específica no momento, por isso estamos sempre buscando novas regulamentações”, disse ele.

Leia também: 1.500 caixas eletrônicos de Bitcoin serão implantados na Argentina em resposta à inflação desenfreada

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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