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Venezuela condena whitepaper falso do Petro e procura o Qatar como investidor

Seguindo o mesmo roteiro de outras ações que tem tomado o governo venezuelano, comandado por Nicolás Maduro, o PETROS, que pode vir a ser a primeira criptomoeda estatal a ser lançada no mercado, enfrenta diversas dificuldades, a mais nova delas, um suposto whitepaper falso, hospedado no site oficial do governo.

O anúncio sobre o falso documento do governo venezuelano foi feito esta semana a Reuters, pela superintendência criada especialmente para coordenar os esforços da criptomoeda no país. De acordo com o órgão, o whitepaper oficial do Petro será divulgado em breve pelo presidente do país. A declaração da entidade não especificou que tipo de informação falsa foi divulgada nem nomeou nenhum grupo de mídia ou pessoa como responsável; também não declarou se vai investigar o ocorrido.

A moeda digital venezuelana está cercada de mistério e pouco se sabe sobre seus aspectos técnicos, além de que será totalmente controlada pelo governo venezuelano. No caso do Paper falso, provavelmente o governo estava se referindo a um post de Reddit, publicado há cerca de duas semanas, que afirmou que Petro poderia ser um token ERC-20 de acordo com um documento aparentemente hospedado no site oficial do governo.

ICO do Petros

Embora as informações sobre o whitepaper possam ser falsas os planos de realizar um ICO do Petros são reais, confirmados pelo próprio governo.  De acordo com dados divulgados pela Reuters, cerca de 38 milhões de Petros serão vendidos para investidores institucionais em uma pré-venda de um mês que deverá começar em 15 de fevereiro e deve trazer US$ 1,3 bilhão. Estes investidores institucionais receberão um desconto de até 60% no token.

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Após esta fase, será realizada uma venda pública na qual serão vendidos 44 milhões de tokens. Os funcionários esperam que esta fase da venda arrecade US$ 2,4 bilhões. Os restantes 18 milhões de tokens irão para um painel de conselheiros que apoiaram o governo, auxiliares que atuaram na criação do token e no próprio governo (ou seja, 18 milhões de tokens garantidos por barris de petróleo, bens da nação, irão para mãos de funcionários do governo pelo único e exclusivo critério do presidente).

Pouco mais de metade dos fundos arrecadados com a venda do Petros serão destinados a um fundo soberano, enquanto o resto será usado para apoiar a infra-estrutura da criptografia e outros projetos tecnológicos. A Venezuela garantirá aos compradores que a criptomoeda será usada para pagar taxas e impostos, e para realizar negócios internacionais, principalmente relacionados ao petróleo, como isso será feito não foi explicado.

Alternativa as Sanções e Oposição ao Petros

A ideia de lançar uma moeda digital teve como objetivo driblar as restrições impostas, principalmente pelos EUA, que proíbe o pais de realizar transações com títulos da dívida venezuelana e comprar bônus de sua empresa estatal petroleira (PDVSA). As sanções reduziram o acesso da Venezuela às finanças globais e à banca internacional.

A Venezuela hoje é um país assolado por uma das maiores crises econômicas da história e que viu seu dinheiro fiat, de acordo com dados da Bloomberg, o bolivar, cair 3.400% em relação ao dólar no ano passado, e mais 72% só este mês, obrigando famílias a pesar, ao invés de contar, o dinheiro para pagar por comida (aliás que anda totalmente racionalizada e em escassez em todo território levando inclusive pessoas a comprarem no Brasil) e mesmo buscar saída por meio do bitcoin e altcoins.

A moeda nacional está tão fragilizada que chegou a valer menos que a moeda do Warcraft. Chegou ao ponto do governo não ter dinheiro para imprimir o próprio dinheiro e agora, o bolivar, está sendo ignorado até mesmo por pequenos donos de lojas que estão exigindo cada vez mais pagamentos em moedas estrangeiras (que tem circulação restrita e controlada).

O congresso venezuelano, majoritariamente de oposição, que chegou a ser democraticamente, destituído por Maduro e depois restituído pelo Tribunal Superior de Justiça do país (também chavista), já proibiu o Petros, alegando que ele é inconstitucional e ilegal, além de ser um alegado instrumento para corrupção.

O legislador do Parlamento venezuelano, Jorge Milan, afirmou para a CCN:

“Esta não é uma criptomoeda, esta é uma venda futura do petróleo venezuelano. É feito sob medida para corrupção”

Esforço da Venezuela no Qatar e na ALBA

No entanto, apesar da proibição do Congresso, Nicolás Maduro segue com seu plano. A Petro será apoiada principalmente pelo petróleo, disse Maduro, juntamente com outras commodities em ouro e diamantes, contudo, as moedas não poderão ser trocadas pelos seus ativos físicos (óleo, ouro, diamantes, etc). Cada Petro deve ser dividido em 100 milhões de unidades, sendo a unidade mínima denominada Mene, de acordo com uma proposta preliminar, obtida pela Reuters. Segundo a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) a Venezuela detém a maior reserva mundial de Petróleo com mais de 17,8% sobe seu território, algo em torno de 297.6 bilhões de barris, cada barril é cotado hoje, no momento da redação do texto, a US$ 63.48.

Para apoiar sua proposta Maduro tem procurado outras nações que enfrentam restrições, a primeira delas, foi o Qatar. Segundo o jornal Bloomberg, um grupo de funcionários venezuelanos liderados pelo “superintendente de cripto” Carlos Vargas esteve no pais árabe, rico em petróleo (Participação mundial: 1,4%), como investidor precoce, oferecendo a nação descontos para aquisição do token. Vale lembra quer o Qatar está enfrentando também um bloqueio econômico, imposto por uma coalização liderada pela Arabia Saudita, por supostamente apoiar grupos terroristas (ato que, praticamente, todo governo no Oriente Médio ou atores de destaque na Geopolítica de todo Magreb faz. Ressaltando que, por exemplo, o Taleban foi armado pelos EUA, além disso, todos os países da região em menor ou maior grau estão envolvidos no conflito xiita/sunita em toda região, isso sem contar as posições e grupos divergentes com Israel).

Outro investidor cobiçado por Maduro são os países integrantes da ALBA (Aliança Socialista da América Latina e do Caribe), criada por Hugo Chaves e que engloba os países (Antígua e Barbuda, Bolívia, Cuba, Dominica, Equador,  Nicarágua, São Vicente e Granadinas e Venezuela) que dariam um apoio institucional ao token, afinal, possuem representatividade praticamente nula no comercio global de Petróleo (que o Petro pretende interagir). Em uma reunião do grupo, antes da viagem ao Qatar, Maduro convidou os países ??a se tornarem participantes desse projeto.

Eu encorajo vocês a fazerem do El Petro uma moeda que una nossos povos”, disse Maduro, segundo o site Bitcoin.com.

Até o momento não há qualquer posição, do Qatar ou da Venezuela sobre as negociações, tampouco qualquer outra nação do mundo anunciou que irá apoiar o Petro. Vamos aguardar as noticias que vem da terra de Simón Bolivar.

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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