The Merge pode impactar negativamente setor de DeFi e stablecoins, entenda

À medida que a atualização do Ethereum (ETH) The Merge se aproxima, crescem as preocupações em torno de projetos de criptoativos que rodam ou que dependem da rede ETH.

De acordo com a plataforma de análise Dapp Radar, a atualização que transformará o Ethereum em uma rede de Prova de Participação (PoS, na sigla em inglês) pode afetar de forma negativa tanto o setor de finanças descentralizadas (DeFi) quanto as stablecoins.

The Merge, stablecoins e DeFi

Isso porque o Ethereum é a blockchain predominante na qual os protocolos e aplicativos DeFi funcionam. E as stablecoins, que têm um enorme valor de mercado, são cruciais para o DeFi. Afinal, são frequentemente usadas em acordos de DeFi para facilitar a negociação ou como garantia para empréstimos.

Por exemplo, usa-se as stablecoins em geral ​​nos acordos de “criador de mercado automatizado” ou “AMM”, cujo objetivo é criar liquidez para outros que buscam efetuar negócios. Além disso, as stablecoins são “bloqueadas” em acordos DeFi para obter rendimento dos pagamentos de juros.

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“Atualmente, o Ethereum é a blockchain predominante no qual os protocolos e aplicativos DeFi funcionam. Esta é a razão pela qual ‘The Merge’ é um dos eventos mais esperados na história da blockchain e está levantando muitas questões sobre a estabilidade das stablecoins, uma vez que a transição esteja concluída”, destacou o Dapp Radar em seu relatório recente.

Além disso, segundo Pedro Herrera, analista de dados da Dapp Radar, o efeito negativo de The Merge na oferta do mercado de Ether pode afetar os pools de liquidez de DeFi.

“Se The Merge não ocorrer com sucesso, teremos atrasos nos protocolos DeFi que afetarão as stablecoins”, disse ele ao CoinDesk. “Mas, do ponto de vista da dinâmica da oferta, isso também pode afetar como as stablecoins serão usadas para pools de liquidez, no espaço DeFi e além.”

The Merge, Tether e Circle

Conforme informou a plataforma, The Merge vai mudar a blockchain Ethereum do um mecanismo de consenso de Prova de Trabalho (PoW) para PoS, que usa  99,9% menos energia.

Como resultado, as transações vão ocorrer na nova rede e novos tokens ETH serão cunhados por nós na rede. O processo de validação das transações e proteção da rede vai ocorrer por meio do depósito de ETH em um pool.

Em 9 de agosto, conforme noticiou o CriptoFácil, a Circle, emissora da stablecoin USD Coin (USDC), prometeu apoiar The Merge. Além disso, a empresa por trás da stablecoin de US$ 45 bilhões em valor de mercado, garantiu que não vai apoiar forks.

Em seguida, a Tether, emissora da USDT – maior stablecoin em valor de mercado – confirmou o seu apoio ao The Merge. De acordo com a Tether, “uma transição suave é essencial para a saúde de longo prazo do ecossistema e suas plataformas”, incluindo as que usam os seus tokens.

Vale destacar que se a Tether ou a Circle apoiassem um hard fork do Ethereum, poderia causar a migração para esta “nova” rede PoW, esvaziando a rede PoS.

Segundo o cofundador do Ethereum, Vitalik Buterin, o poder das grandes stablecoins poderia causar problemas em futuros hard forks da blockchain. Afinal, a Tether e a Circle poderiam optar por usar a blockchain PoW para atender às suas próprias necessidades. Mas não vai ser o caso, pelo menos não da Tether e da Circle.

The Merge, MakerDAO e Grayscale

Contudo, a MakerDAO, emissora da stablecoin DAI, está expressando preocupação com The Merge. Isso porque, segundo a organização, a atualização poderia fazer mais mal do que bem. A MakerDAO mencionou, por exemplo, que o lançamento poderia desencadear pressão de venda nas cadeias existentes no PoW.

Outro risco, de acordo com a MakerDAO, tem a ver com a possibilidade de os ativos se tornarem inúteis no staked Ethereum (sETH). Há também, segundo a organização, a possibilidade de um tempo de inatividade da rede. Afinal, nem todos os protocolos baseados em Ethereum seriam movidos para PoS.

Quem também está preocupada com The Merge é a gestora de ativos digitais Grayscale. A preocupação da empresa é que The Merge possa criar um cenário em que stablecoins e tokens bloqueados em contratos inteligentes possam não ser resgatáveis.

Ao mesmo tempo, a gestora acredita que os  detentores de tokens e stablecoins podem entrar em pânico e começar a liquidar suas participações, criando uma enorme pressão de venda.

Apesar disso, os analistas do Dapp Radar acreditam que os desenvolvedores levaram isso em conta:

“Embora as preocupações da Grayscale e da MakerDAO sejam genuínas, os desenvolvedores do Ethereum provavelmente as levaram em consideração. The Merge presumivelmente transferirá os dados do Ethereum PoW e servirá como uma transferência. Uma cadeia paralela inevitavelmente resultaria em duplicação. No entanto, a estratégia e as medidas para lidar com essas preocupações permanecem”, concluíram.

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Lorena Amaro

Lorena é jornalista e escreve sobre Bitcoin, criptomoedas, blockchain e Web3 há mais de quatro anos, atualmente atuando como editora-chefe do CriptoFácil. É formada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduanda em Produção em Jornalismo Digital na PUC-Minas. Lorena é apaixonada por tecnologia, inovação e pela liberdade financeira que as criptomoedas promovem.

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