GRAM: a criptomoeda do telegram anuncia ICO bilionária

E parece que a febre das Inicial Coin Offers (ICOs) se manterá firme em 2018. Nessa semana, foi a vez do aplicativo de chamadas Telegram anunciar a intenção de lançar uma criptomoeda através dessa forma de financiamento.

A intenção do aplicativo é criar uma blockchain e uma criptomoeda nativas, em uma rede que esta sendo denominada de Telegram Open Network (algo como Rede Aberta Telegram), ou simplesmente TON, a qual foi anunciada pela empresa como uma “blockchain de terceira geração, com capacidades bastante superiores as tecnologias atuais”.

A ICO será coordenada por futuras pré-vendas privadas, cujos valores podem variar em centenas de milhões, números que tem o potencial de torná-la uma das maiores ICOs já lançadas até o momento. A demanda é impulsionada pelo fato de que, diferente de uma empresa que lança uma ICO do zero ou sem nenhum produto conhecido no mercado, o Telegram é uma plataforma de mensagens bem estabelecida e utilizada em todo o mundo, sendo um dos principais concorrentes do WhatsApp em vários países.

A adoção de uma criptomoeda nativa pode dar ao sistema de pagamento do Telegram uma enorme independência de qualquer governo ou banco – algo que o co-fundador e CEO Pavel Durov é conhecido por defender, especialmente depois que os investidores assumiram sua última empresa, a rede social russa VK. Durov não respondeu às várias tentativas do TechCrunch de contatá-lo sobre essa história.

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Vendendo uma TONelada de criptomoedas

Os números almejados pelo Telegram são bastante ambiciosos. A estimativa inicial da empresa é de levantar 500 milhões de dólares na ICO, com um valor potencial do total de tokens que possa alcançar marcas entre 3 e 5 bilhões de dólares após a valorização.

No entanto, esses números são apenas estimativas. Caso sejam realmente atingidos, a ICO tem tudo para superar, de longe, a ICO da Tezos, hoje a maior da história desse mercado. Em julho do ano passado, o projeto arrecadou mais de 230 milhões de dólares. Caso a ICO do Telegram seja bem sucedida, alcançaria praticamente o dobro do arrecadado pela Tezos.

Planos ambiciosos

Os planos do Telegram não são ambiciosos apenas no quesito financeiro. O Criptomoedas Fácil teve acesso a parte do whitepaper da TON e verificou vários planos ambiciosos também nos aspectos técnicos.

O documento em questão se trata de uma parte do whitepaper original, o qual possui 132 páginas. 23 delas podem ser acessadas através desse link, e mostram aspectos de como será a moeda e os problemas que ela pretende solucionar.

Segundo a introdução do whitepaper, a TON pretende servir como uma moeda para o uso do dia-a-dia. “O Bitcoin se estabeleceu como o ouro digital, e o Ethereum provou ser uma excelente plataforma para a realização de crowdfunding e ICOs de tokens. No entanto,  ainda não existe uma criptomoeda corrente que possa ser usada como padrão para as trocas do dia-a-dia de pessoas normais“, afirma o documento.

O documento também ressalta o fato de que ambas as blockchains – Bitcoin e Ethereum – não possuem o poder de processamento de empresas como a Visa e a Mastercard, o que resulta em baixa velocidade e taxas altas ou crescentes, o que inviabilizaria o uso de ambas como moeda corrente.

A proposta da TON, segundo o whitepaper, é a de se colocar como uma criptomoeda “para uso em massa das pessoas”, algo que possa ser usado todos os dias, para qualquer transação. A plataforma tem como objetivo usar uma arquitetura de multi-blockchain para entregar uma tecnologia escalável, com uma interface mais amigável e uma base de usuários engajada.

Algumas funcionalidades da tecnologia da TON incluem as seguintes:

  1. Paradigma Infinito de Fissuração: esta é a solução de escalabilidade da TON, permitindo que diferentes cadeias laterais se dividam e se fundam, conforme necessário, para o equilíbrio de carga ideal e reduzindo os tempos e os custos das transações;
  2. Roteamento Imediato do Hipercubo: definido como um “mecanismo inteligente de roteamento”, garante que as cadeias múltiplas possam trocar dados de forma perfeita e rápida, mesmo se a rede crescer para milhões de cadeias;
  3. Abordagem de Proof of Stake: Proof of Stake (PoS) é o protocolo alternativo à Prova de Trabalho (PoW), que é usado pela Bitcoin e a maioria das outras criptomoeda. Com a PoS, as transações são validadas de acordo com o número de tokens que cada usuário deposita a nível de “participação”, cada um tendo poder de voto e ganhos de acordo com a quantidade de tokens depositados;
  4. Livros Distribuídos 2-D: Isso permitirá a TON gerar blocos válidos em cima de inválidos e atua como um mecanismo de “auto-cura” que evita forks desnecessários.

Implicações

O potencial para uma criptografia dentro de um aplicativo de mensagens amplamente adotado é enorme. Assim como os aplicativos de mensagem gradativamente substituíram as mensagens de texto – e estão substituindo as ligações de áudio – os sistemas de pagamentos via esses aplicativos pode representar uma enorme mudança na forma como lidamos com os sistemas financeiros: transações mais rápidas, anônimas e com uma interface de usuário altamente intuitiva (praticamente qualquer pessoa consegue usar o Telegram ou WhatsApp com facilidade) e a ausência de qualquer intermediário para validar as transações.

Redes como o Facebook e WhatsApp já planejam instalar sistemas de pagamentos através dos aplicativos de mensagem. Isso pode demonstrar uma tendência futura de cada vez menos uso do dinheiro fisico, a medida que os meios de pagamento virtuais forem se tornando mais simples, acessíveis e rápidos.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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