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O surto do coronavírus pode impactar o preço dos criptoativos?

Na última semana, o mundo foi tomado pelo temor envolvendo um novo tipo de vírus surgido na China. Uma nova cepa do coronavírus oriunda da cidade chinesa de Wuhan espalhou-se rapidamente pela Ásia. Fora do continente, já foram registrados casos inclusive nos Estados Unidos.

Com isso, muitas pessoas começaram a temer que o vírus torne-se uma pandemia e atinja milhões de pessoas ao redor do mundo. Além do impacto em número de vítimas, qual seria o potencial de impacto desse vírus em outros setores, como por exemplo o mercado de criptoativos?

Cancelando reuniões

Jason Wu, empreendedor chinês fundador da empresa de empréstimos de criptoativos DeFinerOrg, teve que cancelar uma dúzia de reuniões com seus clientes na China depois que a epidemia do coronavírus se espalhou.

“Planejamos uma turnê por 10 cidades para conversar com clientes em potencial na China”, disse Wu. “Ninguém quer participar de nenhuma conferência relacionada a criptoativos ou de qualquer reunião por causa do vírus, temos que reorganizar tudo.”

Desde que o primeiro paciente foi identificado em 08 de dezembro em Wuhan, capital da província de Hubei, no centro da China, o vírus já matou 80 pessoas. Até a noite deste domingo, 26 de janeiro, havia quase 2.000 casos confirmados no país e 10 casos no exterior, incluindo cinco nos EUA.

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Dado o status da China como um centro de investimento em criptoativos – o país tem o maior número de exchanges na região Ásia-Pacífico, que por sua vez tem 40% das 50 melhores do mundo, segundo a empresa de pesquisa Chainalysis – profissionais como Wu estão preocupados, em graus variados, sobre uma possível interrupção dos negócios por conta do coronavírus, e o impacto disso nos preços.

Wu disse que os eventos de marketing são cruciais para as empresas de investimento em criptoativos da China arrecadarem dinheiro. Caso o surto se agrave, as empresas provavelmente reduzirão sua presença em eventos e deixarão de captar recursos para investir.

“O mercado pode sofrer um duro golpe se o dinheiro parar de fluir para os criptoativos, como costumava acontecer antes”, disse Wu.

Embora Wu não tenha conseguido estimar quanto dinheiro o investimento chinês trouxe para o mercado, ele citou o PlusToken, uma das maiores empresas de criptoativos mas que opera à margem da lei, como exemplo. A empresa extinta ganhou notoriedade entre os detentores de criptoativos da China ao levantar mais de US$3 bilhões por meio de um esquema de pirâmide.

No total, a empresa consegui captar somas impressionantes: 789 mil Ether (ETH), 26 milhões de EOS e 200 mil Bitcoins – o que equivale a 1% da oferta em circulação do criptoativo. O PlusToken foi fechada pelo governo chinês em junho de 2019.

Além do surto de vírus, o mercado de criptoativos pode ser atingido com um golpe duplo com o Ano Novo Chinês, de acordo com Wu. Muitos varejistas chineses tendem a lucrar com criptomoedas logo antes do feriado e reinvestir no mercado no próximo ano. O ano novo chinês caiu em 25 de janeiro neste ano.

“O surto acontece no final desse ciclo”, disse Wu. “Não temos certeza de quando e quanto do dinheiro retornará ao mercado após o feriado.”

Experiências passadas

Embora os investidores chineses sejam uma força de mercado considerável, é estatisticamente difícil concluir uma correlação individual entre o surto e os movimentos no mercado de criptoativos, disse Lingxiao Yang, diretor de tecnologia do Trading Terminal, fundo de hedge em criptoativos sediado em São Francisco.

“É realmente difícil destacar um motivo que afeta os volumes de negociação de criptomoedas e os preços de mercado, já que os dados nem sempre estão disponíveis e são transparentes”, disse Yang.

Além disso, todo o valor de mercado dos criptoativos é pequeno comparado ao mercado de ações, o que significa que muitos fatores podem causar um impacto no mercado.

No entanto, Yang descreveu algumas características dos investidores de criptoativos asiáticos que poderiam tornar o coronavírus um fator significativo para influenciar o mercado. A maioria dos investidores da Ásia tendem a ser investidores de varejo e, historicamente, tornam-se mais ativos em feriados importantes como o Ano Novo Chinês, disse Yang.

“Não podemos prever os preços de mercado, mas com base em nossas experiências passadas, ele tendia a ficar mais volátil nesses tempos”, disse Yang. “Eu posso ver que o surto de vírus pode levar a mais negociações de criptoativos para investidores de varejo, uma vez que eles ficam mais tempo em casa e têm ainda mais tempo para verificar o mercado.”

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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