Categorias Notícias

Reportagem sobre Mineradora de Bitcoin do PCC pode ser falsa

Uma reportagem publicada pelo programa Operação de Risco da Rede TV que demonstrava uma suposta fazenda de mineração de Bitcoin operada pelo PCC, pode ter sido forjada segundo especialistas em mineração ouvidos pelo Criptomoedas Fácil.

A reportagem da REDE TV, que tem um Cabo e um Tenente no programa, diz que os equipamentos de mineração foram encontrados em uma “Casa Bomba”, que seria um local onde membros do PCC guardam armas, drogas e equipamentos da facção. Os policias afirmam que os criminosos usavam o Bitcoin para lavar dinheiro.

A operação, segundo a reportagem, realizada pela Força Tática, teria sido motivada por uma denúncia de um traficante da facção. As imagens mostradas pela reportagem são gravadas ‘in loco’ ou seja, um cinegrafista acompanhava a equipe da Polícia Militar. Interessante notar que, assim que chegam na residência (sem ninguém), os policiais já afirmam que o equipamento é uma ‘mineradora de Bitcoin” e que o PCC usava ela para lavar “milhões de reais”.

No entanto, apesar da apreensão e das imagens, especialistas apontam que a reportagem pode ser ‘falsa’, e levantaram várias dúvidas sobre a reportagem, pois uma série de pontos não se ‘encaixam’:

🚀 Buscando a próxima moeda 100x?
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora

1- Os equipamentos, Whatsminers M3, fazem 12TH/S de mineração e não são rentáveis para mineração de Bitcoin há um bom tempo, só para ter uma ideia, os Antiminer S9 da Bitmain, já faziam 13TH/S, em 2017. Com os cerca de 20 equipamentos apreendidos, acumulando 120 TH/S, o PCC iria receber, em Bitcoin, menos de US$ 98 por mês, ou 0.03479 BTC. Talvez o PCC não precise “lavar”, menos de R$ 1.000 por mês. Para se ter uma comparação: É estimado que o PCC fature 16 milhões de reais por mês

2- A “Casa Bomba”, um residência comum, não teria a capacidade elétrica para manter os equipamentos funcionando e, além disso, os equipamentos estão empilhados, o que, com o calor gerado, acabaria por ‘torrar’ todas as máquinas.

3- Não há qualquer ‘barulho’ quando a reportagem chega na casa e os equipamentos de mineração fazem um estrondo, por vezes, ensurdecedor. Outro ponto apontado, é que não há qualquer ventilação ou sistema de resfriamento para as máquinas, o que, certamente, faria com que tudo todos os equipamentos fossem danificados.

4- Uma câmera instalada na sala, segundo a reportagem, era usada para monitorar as atividades dos equipamentos, que da forma como foi mostrada pela reportagem, é impossível que estivessem funcionando. Além do que, todo o monitoramento de uma atividade de mineração é feito remotamente por meio de um dashboard quando o usuário se conecta ao pool de mineração, não há necesssidade de equipamentos de filmagem, para monitorar. Toda a atividade das máquinas é possível de ser acompanhada pelo dashboard.

5- A “Central de Wi-fi”, mostrada pela reportagem que conectaria as máquinas na internet, além de não estar ligada, também seria totalmente irrelevante para os equipamentos, pois, os M3 funcionam com cabos Ethernet e não com Wifi.

6- “Eles injetam o dinheiro na máquina, compram o Bitcoin e fazem o armazenamento dele”, fala o policial, afirmando que o PCC usa o equipamento para lavar dinheiro. Com esta fala, a reportagem mostra desconhecer completamente o que faz um equipamento de mineração, pois ele não funciona como um ATM (caixa eletrônico) onde é possível compra e vender criptomoedas.

7- “Cada máquina dessa pode estar acumulando milhões de reais”, diz novamente o policial em outro momento, novamente mostrando um total desconhecimento sobre como funciona um equipamento de mineração que não ‘acumula’ nada, sendo que todas as recompensas são, automaticamente, enviadas para wallet do usuário.

Por fim, nada mais foi achado na casa, apenas a mineradora, um cofre e um rolo de fio ainda lacrado, inclusive, pelas imagens, é possível ver que a casa estava limpa, sem sujeiras, indicando que não era usada com frequência. Nenhuma pessoa foi encontrada no local.

Segundo a reportagem, foi lavrado um Boletim de Ocorrência da apreensão e o caso encaminhado para ser investigado pela Polícia.

Compartilhar
Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

This website uses cookies.