Os Bancos Centrais ao redor do mundo estão cada vez mais atentos ao fenômeno do mercado de criptoativos, especialmente quanto ao crescimento da aceitação do Bitcoin. Alguns mostram-se mais abertos ao diálogo sobre o tema, outros possuem maior resistência.
Esses últimos acabam contando com grandes nomes que tornam-se responsáveis por advertir sobre as grandes mudanças causadas por este novo sistema de ativos e pagamentos. Um desses nomes é o historiador e escritor britânico Niall Ferguson. Na última semana, Ferguson proferiu uma palestra ao Banco da Inglaterra, na qual afirmou que o Bitcoin “é o sistema financeiro do futuro”.
O evento teve como foco a discussão sobre a crise financeira de 2008 e as reações ao que aconteceu naquele período. Nesse ponto, o autor destacou que o Bitcoin era parte das grandes mudanças que estavam acontecendo no sistema financeiro baseado em moedas fiduciárias. Ferguson ainda complementou a sua fala durante a palestra (que pode ser conferida no site do Banco da Inglaterra).
“O sistema financeiro de hoje não é fundamentalmente diferente do sistema financeiro do período pré-crise, exceto que os grandes bancos estão melhor capitalizados. Fora isso, não vejo muita coisa de diferente. As novidades, as coisas que realmente importarão daqui há dez anos, ainda são relativamente pequenas em termos de escala. Seja o Bitcoin ou criptoativos em geral, ou a massiva revolução nos pagamentos online que está sendo alcançada pelas grandes empresas de tecnologia chinesas, esse é o sistema financeiro do futuro. E esse mercado ainda é pequeno o suficiente para não ser sistemicamente importante em 2018. Em suma, eu tenho a sensação de que é apenas uma questão de tempo antes que ocorra a próxima crise.”
Vale lembrar que, embora uma pesquisa tenha revelado a rejeição da maioria da população britânica em ter um ativo digital endossado pelo estado como moeda, o Banco da Inglaterra segue firme em seus estudos sobre os impactos da tecnologia blockchain dentro do sistema financeiro.
Quando o assunto é dinheiro e sistema financeiro, Niall Ferguson fala com propriedade. Autor de 15 livros sobre história geral, ele possui em seu currículo a obra A Ascensão do Dinheiro, na qual traz um apanhado histórico sobre o surgimento das diversas formas de dinheiro ao longo da história, assim como uma interpretação sobre o sistema financeiro moderno e a crise de 2008.
O livro de Ferguson virou uma minissérie em seis episódios, que abarcam desde o surgimento do sistema financeiro moderno até a já mencionada crise financeira.
Além de sua fala recente sobre o Bitcoin, Ferguson também falou sobre a grande alta do mercado de criptoativos ocorrida em 2017. Em dezembro daquele ano, ele escreveu:
“Em algum momento, sem dúvida, mudanças regulatórias nos EUA irão esvaziar a atual bolha do Bitcoin. Mas eles não vão parar, muito menos desfazer, essa revolução financeira. Pense nisso desta maneira: o número máximo de bitcoins que podem ser criados é de 21 milhões. O número de milionários no mundo, segundo o Credit Suisse, é de 36 milhões. Sua riqueza total é estimada em 128,7 trilhões de dólares. Se os milionários decidissem, coletivamente, deter apenas 1% de sua riqueza em Bitcoin, o preço não seria de 15 mil dólares (cotação do Bitcoin na época), mas sim de 60 mil dólares. Se aumentassem esse aporte para 5%, o preço certo para o Bitcoin seria superior a 300 mil dólares. Eu não estou dizendo que isso é certo de acontecer. Eu só estou dizendo que meu filho adolescente acha que é uma possibilidade.”
A previsão de Ferguson quanto ao preço do Bitcoin é algo que costuma ser compartilhado com entusiasmo por vários criptoentusiastas ao redor do mundo – os quais, certamente, desejam que o historiador acerte em cheio.
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