Você provavelmente já se deparou com um entusiasta da IOTA que, no momento em que o termo “blockchain” foi utilizado para se referir ao projeto, corrigiu dizendo: “é Tangle, não blockchain”. Ele está certo, uma vez que apesar de serem duas tecnologias de registros distribuídos (DLT), Blockchain e Tangle não são as mesmas coisas.
Mas quais seriam as diferenças entre ambas? Para entender, é preciso revisar o que é blockchain.
Uma blockchain é uma rede que registra transações feitas por meio de criptomoedas, contratos inteligentes ou outros meios de gravar dados.
Os registros são disponibilizados publicamente entre os nós participantes operando o sistema, criando um protocolo de consenso – variando entre proof of stake, proof of work, etc.
Em relação aos nós, eles são computadores conectados à blockchain por meio de um software, que pode ser tão simples quanto um chip gráfico. Uma das vantagens que esta tecnologia oferece, como é comum a qualquer entusiasta de criptoativos, é a possibilidade de transferir informações sem a necessidade de um intermediário – o que diminui as taxas, bem como o tempo de processamento das transações.
Toda transação é registrada na blockchain e verificada pelos nós. Posteriormente, as transações são armazenadas em blocos e, após preencher um determinado número de blocos, os mineradores de criptomoedas criam uma hash – este é o algorítimo matemático sofisticado que serve como selo para o conjunto de blocos, impedindo que as informações armazenadas ali sejam violadas.
Em suma, esta é a descrição básica da tecnologia blockchain. Entendido seu conceito, hora de entender melhor a Tangle.
A tecnologia na qual o projeto IOTA se baseia é chamada de Tangle. Diferente da blockchain, que funciona por meio de mineradores em uma rede pública, a estrutura da Tangle é constituída por diversos nós que funcionam em um sistema de Grafos acíclicos dirigidos – ou DAG. De acordo com a Wikipedia, um DAG é:
“Um grafo acíclico dirigido é um grafo dirigido sem ciclo; isto é, para qualquer vértice v, não há nenhuma ligação dirigida começando e acabando em v. Estes grafos aparecem em modelos onde não faz sentido que um vértice tenha uma ligação com si próprio. Por exemplo, se uma linha u→v indica que v é parte de u, tal ligação indicaria que u é parte de si mesmo, o que é impossível.”
Ou seja, os nós são conectados de forma irreversível. A Tangle registra dados referentes a cada transação, que são registrados em um nó e validados em relação às duas últimas transações por meio do sistema de consenso proof of work. Este método acelera o processo de verificação em relação à blockchain, tendo em vista que as transações passam por todos os blocos, enquanto a Tangle utiliza apenas as duas últimas transações.
Por ser mais veloz, a Tangle é mais indicada para transações do cotidiano, como interações entre dispositivos da Internet das Coisas (IoT). A IoT é um sistema onde os usuários finais são o foco, e não os negócios – sendo esta a razão pela qual a Tangle não confere recompensas monetárias a seus nós.
Conforme o exposto, nota-se que a Tangle é mais indicada para as microtransações corriqueiras do cotidiano, enquanto a tecnologia blockchain é mais indicada para sistemas maiores, onde há um apreço maior pela segurança.
Contudo, isto se for considerada apenas a concepção inicial da tecnologia blockchain. Muito já foi estudado e desenvolvido em termos de escalabilidade, como soluções em segunda camada, como a Lightning Network (LN) do Bitcoin. Com a LN, as transações são realizadas em uma camada separada da blockchain principal, agilizando o processo de verificação e reduzindo as taxas.
Desta forma, é possível (talvez em um futuro próximo) que a relação entre as tecnologias aqui elencadas passe por uma drástica mudança. O tempo dirá sobre o sucesso das soluções de escalabilidade em segunda camada, e se elas foram suficientes para superar a agilidade da Tangle.
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